Fenômeno do skate vert, Gui Khury encara forte concorrência por vaga Olímpica no park: 'Brasil é o país mais difícil para se classificar'

Paris 2024

Talento paranaense de 14 anos, dono de cinco medalhas em X-Games, teve que se readaptar para dar início à corrida por um lugar em Paris 2024: "Sempre tive o sonho de ir aos Jogos." Saiba como acompanhar o brasileiro no Mundial de Skate Park 2022.

5 minPor Virgílio Franceschi Neto e Marcella Martha
Gui Khury em manobra durante o STU de 2022, no Brasil.
(Pablo Vaz/STU)

Não há dúvidas de que Gui Khury tem sido um dos grandes nomes do skate do Brasil. Em 2022, faturou duas medalhas no X-Games de Chiba, no Japão, em abril: prata na disputa pela melhor manobra, e bronze no vertical, o mais jovem a ir ao pódio nesta categoria. Meses mais tarde, na etapa da Califórnia, repetiu o pódio nas duas provas, levando mais duas de prata. Em 2021 já tinha sido o mais novo a levar o ouro nos X-Games, quando completou fez um 1080º. Tinha apenas 12 anos.

Relembre | O bronze de Gui Khury nos X-Games de Chiba em 2022

Um talento que se revelou desde bem mais cedo. Aos oito anos já tinha feito um 900º e foi o terceiro de sempre a fazer 1080º. "Não consigo nem acreditar também que eu ainda consigo fazer todas essas coisas...acho tão especial pra mim...eu me sinto especial fazendo essas manobras", revelou Gui Khury.

Para um skatista, quando maiores e mais difíceis forem os obstáculos e desafios, melhor. Afinal, é isso que os motiva. Não é diferente para Gui, que em busca de um lugar nos Jogos, teve que se readaptar no park e hoje faz parte da equipe brasileira que disputa o Mundial 2022 da modalidade, nos Emirados Árabes Unidos, até o dia 12 de fevereiro de 2023. O evento conta pontos para o ranking Olímpico da World Skate, que vai definir os atletas classificados para os próximos Jogos.

Em entrevista exclusiva para o Olympics.com, ele compartilhou sobre essa transição para o park, seus objetivos, sonhos e como se vê na disputa por uma vaga em Paris 2024.

A readaptação ao park: 'Exige muito mais manobras diferentes'

No vertical, Gui Khury está entre os melhores. No entanto, a variante não faz parte do programa Olímpico e com a meta de competir em Paris, teve que se dedicar ao park. Uma transição que exige readaptação: "Tenho ido muito bem...agora que comecei a ser visto também no park."

Terceiro lugar na temporada passada do STU (Skate Total Urbe), o circuito brasileiro, acrescentou dizendo que o park o desafia bem mais, o que demanda criatividade e repertório: "É muito mais complicado, cada pista é diferente, exige muito mais manobras diferentes, tipo usar uma borda para ir para um aéreo e de repente mais uma borda."

Saiba mais | Cinco curiosidades sobre Gui Khury

Por isso mesmo o paranaense se mostra incansável ao passar várias horas se preparando na pista de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, onde vai acontecer o Mundial de Skate Park.

Mundial de Park 2022: 'Chegar aqui é para poucos'

Pela terceira vez no país do Oriente Médio, já esteve em Sharjah e revelou: "Minha experiência aqui é ótima." Positiva também é a sua impressão sobre a pista: "Maravilhosa, muito grande, nunca havia visto uma tão grande como essa."

Sua carreira começou cedo, é verdade, assim como o surgimento dos resultados. Com menos de dez anos de idade, já quebrava recordes. Aos 12, vitória de nível global. Acumula diversos títulos e pódios desde então. "Ainda parece que estou sonhando... parece que as coisas passaram rápido. Estou muito feliz de estar competindo nesse Campeonato Mundial."

Essa felicidade é refletida em sua confiança. Com tantos talentos no Brasil em alto nível competitivo, estar no Mundial mostra que está no caminho certo: "Sempre vou estar confiante. Mas vou te falar, o Brasil é o país mais difícil de entrar para os Jogos, porque tem muitos, muitos atletas que andam super bem."

Em uma análise, acrescenta: "Até para chegar aqui é muito difícil também. Normalmente são 50 skatistas no Nacional e as vagas para o Mundial são para poucos...é muito difícil de entrar pelo Brasil mesmo."

Em Sharjah, a sua meta é ganhar, mas antes quer fazer uma boa prova: "Tenho o sonho de ganhar (o Mundial). Eu quero ter uma colocação muito boa para nos próximos campeonatos eu ir bem também."

Tudo isso em busca do sonho Olímpico.

Paris 2024: 'Sempre tive o sonho de ir aos Jogos'

"Acho que é o sonho de toda criança, de receber uma medalha Olímpica e representar o seu país", refletiu Gui. "Sempre tive o sonho de ir aos Jogos." Quando soube que o skate faria parte do programa Olímpico, não teve dúvidas: "Queria começar a andar mais e mais ainda, e realizar este sonho de criança."

Movido por este sonho ele passou a se dedicar ao park e não mede esforços para realizá-lo. Quer seja nas pistas e fora dela, estuda e aplica todos os movimentos para fazer bonito em Sharjah e nas pistas de todo o mundo.

Por isso mesmo não desgrudou da transmissão de Tóquio 2020: "Assisti todo segundo, park e street. Achei espetacular, consegui ver muitas manobras diferentes, foi muito da hora, muitos acertaram muita coisa na final e me inspiraram", lembrou-se aos risos.

Skate: inspiração, amizade e aprendizado

Uma inspiração que vem de amigos e ídolos, como um dos maiores nomes do Brasil na modalidade, Sandro Dias, o 'Mineirinho': "Estou conseguindo competir com os meus ídolos. Não de um jeito competitivo, mas como amigo. Acho bem legal que o Sandro ainda está competindo, isso me inspira muito. Me inspiro com todos, porque todos me inspiram para andar melhor e tentar andar melhor do que eles, com certeza."

Quando perguntado sobre a atmosfera no meio do skate, Gui é direto: "Não se compara. É (o skate) um esporte de família, de criar novos amigos. Todos torcem uns pelos outros, isso é o legal." E termina: "O skate é sobre isso, de inspirar os outros e se inspirar também. Não só andar de skate, mas aprender."

Tudo sobre o Mundial de Skate Park 2022

O evento será transmitido ao vivo pelo Olympics.com a partir das semifinais, no dia 11 de fevereiro de 2023 (sábado).

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