As grandes estrelas de Paris 2024 e por que podem fazer história
Os Jogos Olímpicos Paris 2024 terão sua Cerimônia de Abertura nesta sexta-feira, dia 26 de julho, com um espetáculo histórico, já que pela primeira vez, os Jogos terão início fora de um Estádio, com a ação acontecendo majoritariamente no Rio Sena.
Porém, a expectativa é que marcas e acontecimentos históricos continuem a ser alcançados nos 16 dias seguintes, até a definição da última das 329 medalhas de ouro em disputa no dia 11 de agosto. Separamos alguns atletas que buscam fazer história nos Jogos Olímpicos Paris 2024.
Abe Hifumi e Abe Uta (JPN), judô
Nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, o segundo dia de competições de judô era um dos mais esperados pelo público local. Afinal é neste dia que nas categorias 52kg feminina e categoria 66kg masculina, respectivamente, as estrelas do judô japonês Abe Hifumi e Abe Uta buscaram o ouro de maneira quase simultânea.
Na época com 23 e 20 anos, os irmãos Abe, mesmo sem um estádio lotado, fizeram a festa dos voluntários locais que encheram as tribunas do Budokan para testemunhar os ouros conquistados pelos dois. Agora eles chegam aos Jogos Olímpicos Paris 2024 como tetracampeões mundiais e sem rivais aparentes na busca pelo ouro.
A última vez que Abe Hifumi perdeu para um rival não-japonês foi em 2018, enquanto a última derrota de Abe Uta foi em 2019 para a francesa Amandine Buchard, que estará em ação em Paris 2024.
Armand Duplantis (SWE), atletismo
Com apenas 24 anos, o sueco já virou o nome a ser batido no salto com vara e busca fazer mais história no atletismo. Se confirmar o favoritismo em Paris 2024, Armand Duplantis se tornará apenas o segundo homem na história a conquistar dois ouros Olímpicos na prova, feito alcançado até hoje apenas por Bob Richards, em Helsinque 1952 e Melbourne 1956.
Nascido em Lafayette, EUA, filho de pai norte-americano e mãe sueca, ‘Mondo’ Duplantis não poderia esperar um ciclo Olímpico melhor. Ele venceu as 14 últimas competições que disputou, incluindo os dois campeonatos mundiais, Eugene 2022 e Budapeste 2023. Desde os Jogos Olímpicos Tóquio 2021, competiu 49 vezes, vencendo 46 delas.
Emma McKeon (AUS), natação
Nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, a nadadora australiana foi quem mais ganhou medalhas, sete. Ela igualou o recorde de pódios por uma atleta feminina, que era da sovitética Maria Gorokhovskaya, da ginástica artística que conquistou dois ouros e cinco pratas em Helsinque 1952.
Emma McKeon já se tornou a atleta Olímpica da Austrália com mais medalhas (11 no total), mas pode se tornar a primeira de qualquer gênero a ganhar seis ouros. Aos 30 anos, ela já tem cinco ouros, duas pratas e quatro bronzes. O também nadador Ian Thorpe tem cinco ouros, três pratas e um bronze.
Ao lado da norte-americana Katie Ledecky, elas brigam por outro recorde na natação: a atleta feminina com mais medalhas, marca que atualmente pertence às norte-americanas Jenny Thompson e Dara Torres, com 12.
Emma McKeon se classificou para a prova dos 100m borboleta na seletiva australiana e deve também disputar a prova dos 4x100m medley feminino. A nadadora de Wollongong também está a disposição para o 4x100m medley misto e pode disputar os 4x100m livre feminino.
Faith Kipyegon (KEN), atletismo
Bicampeã Olímpica nos 1500m, ela tentará o tri, mas também o ouro nos 5.000m. No Mundial de Atletismo de Budapeste, em 2023, ela se sagrou campeã nas duas provas. No início de julho, ela já bateu o recorde mundial e certamente buscará fazer o mesmo no maior palco do planeta.
Hugues Fabrice ZANGO (BUR), atletismo
Hugues Fabrice Zango fez história nas competições de atletismo em Tóquio 2020 ao se tornar o primeiro medalhista da história de Burkina Faso. Campeão mundial em 2023, o atleta de 31 anos de salto triplo espera subir novamente ao pódio e ganhar o primeiro ouro da história do país africano. Nascido em Ouagadougou, capital de Burkina Faso, ele espera contar com o apoio da torcida, já que mora na França, onde faz um doutorado na Universidade de Artois.
Isabell Werth (GER), hipismo adestramento
Dona de 12 medalhas, seis no individual e seis por equipes, Isabell Werth segue em busca de recordes. Ela pode se tornar a primeira atleta a conquistar sete medalhas de ouro na mesma prova - hipismo adestramento por equipes.
A Alemanha já foi campeã por seis vezes, em Barcelona 1992, Atlanta 1996, Sydney 2000, Beijing 2008, Rio 2016 e Tóquio 2020. Em todos esses anos, a amazona de 55 anos saiu com uma medalha no individual. Ela ainda tem o recorde de mais anos entre a primeira e última medalha, com 29 anos de distância.
O único título individual de Isabell veio em Atlanta 1996. Nas outras cinco edições, a atleta, que nasceu em Issum saiu com a prata no individual.
Léon Marchand (FRA), natação
O nadador de Toulouse é um dos garotos-propaganda dos Jogos Olímpicos Paris 2024. Recordista mundial dos 400m medley, ele conquistou três ouros no Mundial de Esportes Aquáticos Fukuoka 2003, nos 200m borboleta, 200m medley e 400m medley.
A estrela de 22 anos é tão versátil, que ele vai tentar também disputar o ouro nos 200m peito, cuja final acontece no mesmo dia dos 200m borboleta.
Lisa Carrington (NZL), canoagem velocidade
Natural de Tauranga uma cidade costeira da Nova Zelândia, Lisa Carrington é uma das rainhas da água que podem fazer história em Paris 2024, desta vez no caiaque. Atual tricampeã Olímpica da prova do K-1 200m, ela também conquistou outros dois ouros em Tóquio 2020: no K-1 500m e K-2 500m. Juntam-se a estas conquistas o bronze no K-1 500m. Aos 35 anos, já tem 15 títulos mundiais na canoagem velocidade e continua o nome a ser batido.
Mijaín López (CUB), luta
O cubano de 41 anos esteve ausente de todas competições neste ciclo Olímpico, mas chega em Paris 2024 determinado a conquistar um feito: ser o primeiro atleta a vencer uma prova individual por cinco vezes na história dos Jogos Olímpicos. Ele não perde um combate há 21 anos, mas também não competiu ainda desde o ouro em Tóquio 2020. Escondendo o jogo pelos últimos três anos, ele seguiu treinando e espera mais uma vez reinar nos Jogos Olímpicos.
Campeão dos pesos pesados da luta greco-romana (120kg em Beijing, Londres 2012 e Rio 2016; 130kg em Tóquio 2020), o lutador de Consolación del Sur tem cinco títulos mundiais, mas venceu pela última vez em 2014. Agora seu foco completo é os Jogos Olímpicos, tendo carregado a bandeira de Cuba nos Jogos Olímpicos, nas quatro edições em que venceu a prova.
Paola Egonu (ITA), vôlei
Itália é um país aficcionado por vôlei, mas convive com um jejum indigesto: nunca ganhou um ouro Olímpico no esporte. No vôlei feminino, a situação é ainda mais dramática: apesar de já terem chegado quatro vezes nas quartas, nunca conquistaram uma medalha.
Paola Egonu, de 25 anos, é um dos nomes que podem colaborar para que finalmente o hino da Itália seja ouvido numa cerimônia de premiação do vôlei. Nascida em Cittadella, a oposta é uma estrela no país, foi uma das porta-bandeiras na Cerimônia de Abertura de Tóquio 2020 e quer liderar a seleção feminina de vôlei para este título inédito.
Rafael Nadal (ESP), tênis
Vencedor do Aberto da França por 14 vezes, o estádio de Roland Garros já é uma segunda casa para Rafael Nadal. Após uma derrota sofrida na edição deste ano, ele deixou claro que ainda não está pronto para falar em aposentadoria, mesmo aos 38 anos.
O tenista de Manacor, vencedor de duas medalhas de Ouro (individual em Beijing 2008 e duplas com Marc López na Rio 2016) ama a disputa Olímpica e jogará a chave de duplas com o atual campeão de Roland Garros, Carlos Alcaraz. Quer uma coroação maior para sua carreira sensacional no tênis masculino do que o ouro Olímpico em Roland Garros?
Sifan Hassan (NED), atletismo
Nascida em Adama, na Etiópia, ela corria por diversão, antes de sair do país e chegar como refugiada nos Países Baixos aos 15 anos. Ela corria enquanto estudava para se tornar enfermeira e agora é uma das maiores estrelas do atletismo mundial. Ela conquistou ouro nos 5.000m e 10.000m em Tóquio 2020, além do bronze nos 1.500m.
Para Paris 2024, a neerlandesa, aos 31 anos, quer ir além. Além de já ter índice para as três provas em que conquistou medalhas, ela também estreou na maratona em Londres e é forte candidata ao pódio nesta prova. Nunca uma pessoa ganhou ouro nas quatro distâncias em Jogos Olímpicos. Emil Zatopek, da Tchecoslováquia, foi quem chegou mais perto, com ouro nos 5.000m, 10.000m e na maratona em Helsinque 1952.
Simone Biles (USA), ginástica artística
O que falar de Simone Biles? Se ela já foi a estrela dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, ela chega com mais pinta de fenômeno em Paris 2024 após tudo o que passou. Após abandonar a prova por equipes no Japão e retornar apenas para a final de trave, na qual saiu com o bronze, a ginasta de Columbus subiu o nível de dificuldade de seus exercícios.
No Mundial de Ginástica Artística em Antuérpia 2023, ela alcançou um feito que não era visto desde Seul 1988: medalhar em todos eventos da ginástica, seja em um Mundial ou nos Jogos Olímpicos. Ouro por equipes, no individual-geral, trave e solo - pela sexta vez consecutiva -, prata no saltos e bronze nas barras assimétricas.
Aos 27 anos, ela já é a ginasta mais condecorada em mundiais de ginástica artística, com 23 ouros, 4 pratas e 3 bronzes, somando 30 medalhas. O recorde em Jogos Olímpicos da soviética Larisa Latynina (nove ouros e 18 medalhas em três edições) é distante, mas alcançável.
Summer McIntosh (CAN), natação
Com apenas 17 anos - fará 18 em 18 de agosto -, a canadense foi a atleta mais jovem da delegação do Canadá em Tóquio 2020. Ela quase subiu ao pódio nos 400m livre, onde ficou em quarto lugar e em 2022 se tornou campeã mundial dos 200m borboleta e 400m medley, provas nas quais voltou a vencer em Fukuoka 2023.
Ela se tornou a primeira canadense a vencer dois títulos no mesmo mundial de natação e chamou a atenção por vencer Katie Ledecky nos 800m livres, primeira vez que a estrela norte-americana perdeu na distância desde 2010.
Teddy Riner (FRA), judô
O judoca de origem caribenha - nasceu em Pointe-à-Pitre, na ilha de Guadalupe - promete atrair a atenção de todos os franceses ao pisar no tatame. Judoca recordista de títulos mundiais, com onze, ele foi ouro em Londres 2012 e Rio 2016. Em Tóquio 2020, Teddy Riner conquistou o terceiro ouro na disputa por equipes, mas ficou com o bronze no individual, repetindo o resultado de Beijing 2008.
Em Paris 2024, ele disputa com o Lukas Krpalek pelo tricampeonato individual. O tcheco venceu na Rio 2016 entre os 100kg e foi ouro na +100kg e quer estragar a festa francesa no Grand Palais Éphémère. Além disso, como também competirá na prova por equipes, Riner pode se tornar o primeiro judoca da história a conquistar quatro - ou até cinco! - medalhas de ouro.
Tom Daley (GBR), saltos ornamentais
Aos 30 anos, Tom Daley já fará história quando se apresentar para a disputa da plataforma de 10m em Paris 2024. Ele se tornará o primeiro britânico a competir em cinco edições de Jogos Olímpicos nos saltos ornamentais.
Uma sensação desde a infância, quando estreou aos 14 anos em Beijing 2008, ele foi o único a negar um ouro à forte equipe da República Popular da China em Tóquio 2020. Agora, Daley busca o bicampeonato da prova, mas desta vez com Noah Williams - ele foi bronze na Rio 2016 com Daniel Goodfellow e ouro em Tóquio 2020, com Matty Lee.
O atleta de Plymouth já havia se aposentado em 2021, mas voltou às piscinas a pedido do filho mais velho que queria ver o pai competir nos Jogos Olímpicos.
Wang Chuqin e Sun Yingsha (CHN), tênis de mesa
Grandes favoritos para a disputa do individual, eles lideram as equipes chinesas que são mais uma vez o time a ser batido na disputa por nações do tênis de mesa. Tanto a equipe feminina quanto a masculina são tetracampeãs, desde a introdução do evento em Beijing 2008.
Na disputa do individual feminino, representantes da República Popular da China venceram todas as nove edições desde a estreia do tênis de mesa no programa Olímpico em Seul 1988. Medalhista de prata em Tóquio 2020, Sun Yingsha, de Shijiazhuang, é a atual campeã mundial e líder do ranking mundial, com 23 anos.
Já os homens ganharam seis, todos desde Beijing 2008. Wang Chuqin, 24 anos, natural de Jillin City, terá um páreo duro: Fan Zhendong, atual bicampeão mundial e medalhista de prata em Tóquio 2020. Chuqin deslanchou nos últimos torneios e espera que sua excelente fase compense o fato de estar disputando pela primeira vez os Jogos Olímpicos.
Wang Chuqin e Sun Yingsha podem fazer história e se tornarem os primeiros mesa-tenistas a conquistar três medalhas de ouro na mesma edição de Jogos. Isso se, além de vencerem no individual e por equipes, confirmarem o favoritismo nas duplas mistas, afinal são os atuais bicampeões mundiais.