Ex-DJ é o primeiro esquiador alpino Olímpico da Jamaica: conheça Benjamin Alexander
Primeiro atleta do país a competir no esqui alpino nos Jogos Olímpicos de Inverno, Alexander já passou por poucas e boas em sua vida noturna e nas montanhas. E por incrível que pareça, ele encontra muitas semelhanças entre a vida de DJ e de atleta.
A Jamaica nos Jogos Olímpicos de Inverno sempre é associada ao bobsled devido ao filme “Jamaica Abaixo de Zero”, baseado na participação do país em Calgary 1998. No entanto, a vida de outro atleta jamaicano também daria um longa-metragem.
Benjamin Alexander, de 38 anos, nasceu na Inglaterra com sangue jamaicano nas veias. Ele cresceu em um bairro perigoso e se tornou DJ para evitar outros caminhos mais nebulosos. Não deu muito certo, já que ele encontrou percalços na cena noturna também.
“De dia, eu ia para o Imperial College estudar física, e à noite eu estava andando com pessoas que estavam tentando se matar, então abandonei a música imediatamente naquele momento”, disse Alexander ao Olympics.com em dezembro de 2021.
Morando na Ásia, ele não resistiu e voltou a ser DJ. Sua carreira decolou e ele chegou a ficar seis anos trabalhando em Ibiza. Até que uma viagem para o Canadá deu um rumo mais frio a sua vida.
"Achava que esquiar era apenas ser rápido"
Com um grupo de 30 pessoas em solo canadense em 2015, Alexander descobriu o esqui. “Eles eram quase super-heróis colocando os esquis e snowboards e desaparecendo no final do almoço”, afirmou o jamaicano. Querendo se enturmar, ele se arriscou no esporte.
O gosto foi tanto que ele retornou ao Canadá algum tempo depois e começou a ter aulas de esqui. Sua técnica era “horrível”, segundo o treinador Gordon Gray, mas Alexander tinha o espírito valente para o esqui alpino. “Eu achava que corrida de esqui era só ir rápido”, disse Alexander.
Dois anos depois, já estava em nível competitivo. Quando um amigo o mostrou o filme “Jamaica Abaixo de Zero”, ele percebeu que talvez tivesse a chance de disputar os Jogos Olímpicos de Inverno.
Um DJ sabe se virar
Devido aos critérios de classificação, Alexander entrou somente na prova do slalom gigante em Beijing 2022, justamente uma das mais técnicas do programa. “Você esquia em situações muito complicadas e desafiadoras sobre gelo duro passando por portões que são posicionados de forma muito irritante”, resumiu o jamaicano.
Alexander não tem treinador, mas pega dicas de várias pessoas, como Dudley Stokes, um dos membros do célebre time de bobsled da Jamaica em 1988. “Ele [Stokes] me disse ‘Nos meus seis primeiros anos como bobsledder, eu também não tinha treinador’”.
Sem alguém administrando sua carreira no esqui, Alexander se sente solitário às vezes. “Estou no meio do nada na Áustria e minha vida é só sobre esquiar e é uma mudança completa do que a minha vida era antes como DJ”, revelou.
Alexander também teve que quebrar a cabeça para descobrir quais torneios deveria disputar para se classificar para Beijing 2022. Porém, a experiência com a vida nômade o ajudou na hora de planejar logística de viagens.
“Já fui a 67 países, passei boa parte da minha vida na estrada. Sempre amei viajar e sempre precisei me virar para entrar nas arenas, nos clubes e nos festivais em que eu queria tocar. Nunca contratei empresário como DJ porque queria fazer do meu jeito”, contou.
Após ser porta-bandeira da Jamaica em Beijing 2022, Alexander compete em 13 de fevereiro, no slalom gigante masculino, às 10:15 locais (23:15 do dia 12 em Brasília).