Cinco curiosidades sobre a seleção brasileira masculina de bobsled

O bobsled é uma das modalidades mais simbólicas dos Jogos Olímpicos de Inverno e a seleção brasileira masculina possui nela uma longa história. O Olympics.com traz cinco curiosidades desse time que colore as pistas do mundo de verde-e-amarelo.

6 minPor Virgílio Franceschi Neto
Equipe Brasil de Ricardo Raschini, Márcio Silva, Claudinei Quirino e Edson Bindilatti durante o evento do bobsled de 4 atletas dos Jogos Olímpicos de Inverno Turim 2006
(2006 Getty Images)

Quando se pensa em Jogos Olímpicos de Inverno, é praticamente impossível não se lembrar do bobsled. Seja pelo filme "Jamaica abaixo de zero", pela ousadia e arrojo dos trenós e suas impressionantes velocidades que deixam boquiabertos mesmo os mais céticos dos torcedores, a modalidade atrai muita a atenção dos fãs.

A seleção brasileira masculina tem uma longa e vasta história. Uma trajetória de bastante respeito e que colocou o país no mapa desse esporte. Ao longo dos anos, somaram boas colocações, conquistas internacionais e chegaram a estar em 17º lugar no ranking mundial durante a temporada de 2017.

No universo do esporte, em um primeiro olhar atenta-se mais aos resultados do que aos elementos que constroem toda a sua história. Com o bobsled não é diferente. Com o bobsled do Brasil, menos ainda.

Curiosos elementos que fazem dessa seleção masculina, única. O Olympics.com desta vez traz cinco curiosidades deste time - composto em Beijing 2022 por Edson Bindilatti, Edson Martins, Erick Vianna, Rafael Souza e Jefferson Sabino - que há muito tempo espalha as cores verde e amarela pelo gelo das pistas de todo o planeta.

1 - Duas décadas de Jogos Olímpicos

Recentemente a seleção masculina de bobsled confirmou a classificação para Beijing 2022, ou seja, serão duas décadas desde a primeira participação, na edição de Salt Lake City 2002. Naquela ocasião o Brasil ficou em 27º entre 33 trenós participantes, representado pelo quarteto composto por Eric Maleson, Cristiano Rogério Paes, Edson Bindilatti e Matheus Inocêncio.

Quatro anos mais tarde, em Turim 2006, uma 25ª colocação. Ficaram de fora de Vancouver 2010, mas voltaram em Sochi 2014 e terminaram em 26º. Na participação mais recente, em PyeongChang 2018, o Brasil foi com o trenó de dois e com o de quatro atletas. Entre as duplas, o 27º lugar; já entre os quartetos, a melhor colocação do Brasil em Jogos: 23º lugar.

2 - Treinos em carrinhos de supermercado

Fazer um esporte de inverno em um país que não dispõe das condições de tempo e temperatura que a modalidade exige, requer que os seus praticantes se adaptem. Para fazê-lo em um país sem a cultura desse esporte, era preciso se adaptar mais ainda. Eis o ditado: "O que faz a gente ser eficiente é a escassez."

Se dependesse do gelo e da neve, tal escassez era rotina. Mas com criatividade e inteligência, por muito tempo os brasileiros simularam o trenó como sendo um carrinho de supermercado. Eram os primeiros passos da equipe nacional nesse esporte.

"Não ficamos buscando motivos para dar desculpas. Nós seguimos em frente apesar de tudo, hoje olhamos para trás e sentimos orgulho," disse para o Olympics.com Edson Bindilatti, atual capitão da seleção brasileira, que por muito tempo fez esses treinos adaptados.

LEIA: Seleção brasileira de bobsled supera rótulo de 'país exótico', conquista respeito e mira quinta participação Olímpica

(Buda Mendes)

3 - Homenagem a Odirlei Pessoni

Em março de 2021 um acidente de moto tirou a vida de Odirlei Pessoni, integrante da seleção brasileira de bobsled. Ele tinha 38 anos de idade e se preparava para estar com a equipe na tentativa de estar em Beijing 2022. Era um dos mais ilustres atletas dos esportes de inverno do Brasil, com duas participações em Jogos: Sochi 2014 e PyeongChang 2018.

A importância dele não se resumia ao gelo das pistas, mas também fora dele. Pessoni era o mecânico dos trenós da seleção e construiu na garagem da sua casa, uma pista de largada leve e de encaixe, que serviu de projeto para a estrutura fixa que está sendo finalizada em São Caetano do Sul e que irá servir para os treinos do time.

A fim de deixar permanente a lembrança de alguém que dedicou toda uma vida ao esporte e ao bobsled, a seleção brasileira resolveu homenageá-lo: uma foto de Pessoni irá no capacete de cada atleta e outra estará colada no trenó.

"Ele amava o que fazia e fazia com amor. Sentimos a falta dele, foi uma perda muito grande, mas estamos fazendo de tudo pela sua memória e fazer com que ele seja bem representado," comentou Edson Bindilatti, capitão da equipe, em entrevista para o Olympics.com em novembro passado.

LEIA: Seleção de bobsled homenageia Odirlei Pessoni, membro da equipe que faleceu em acidente

4 - Em Pequim no verão...e no inverno

Jefferson Sabino representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Verão Beijing 2008, mas naquela ocasião competiu no salto triplo. Alguns anos antes, havia experimentado o bobsled e chegou a competir pelo país em uma prova europeia.

Ficou de fora da Rio 2016, o que o fez deixar de competir no esporte de rendimento, mas mesmo assim manteve o ritmo e rotina de treinos. Como se soubesse que algo estaria por vir, foi aceito na seleção de bobsled quando abriram a vaga. Irá para Beijing 2022 como reserva da equipe. Do verão de 2008 para o inverno de 2022, Sabino volta à capital da República Popular da China após quase 14 anos. "Não imaginava voltar (para Pequim) e quanto mais voltar no bobsled," comentou Sabino em entrevista para o Olympics.com.

5 - Quinta participação Olímpica de Edson Bindilatti

"A gente brinca que foi ele quem fundou o bobsled," comentou Edson Martins, integrante da seleção brasileira e que também estará em Beijing 2022.

É assim como enxergam Edson Bindilatti, capitão da equipe. A vida dele se confunde com a história do bobsled do Brasil, uma vez que é um dos pioneiros da modalidade em nosso país, em 1999. Hoje com 42 anos de idade, o baiano que começou no atletismo vai para a quinta e última participação em Jogos Olímpicos de Inverno, já que anunciou a aposentadoria após o evento.

Para o Olympics.com, Bindilatti disse que tão importante quanto os resultados obtidos pelo bobsled do Brasil durante todos estes anos, foi o respeito conquistado pelos brasileiros: "Significa que toda a dificuldade, o sacrifício, os 'nãos' que recebemos valeram a pena. Se você não acreditar naquilo que você quer, naquilo que você almeja, ninguém vai acreditar."

Em Pequim, Bindilatti competirá no 2-man com Edson Martins e no 4-man.

O bobsled em Beijing 2022

O bobsled dos Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022 vai acontecer no Centro Nacional de Esportes de Pista de Yanqing, entre 13 e 20 de fevereiro. O 2-man é disputado nos dias 14 e 15 e os quartetos competem dias 19 e 20.

Beijing 2022 começa no dia 4 de fevereiro e você acompanha toda a ação ao vivo em território brasileiro no Olympics.com.

Mais de