Brasil celebra prata de Tatiana Weston-Webb e bronze de Gabriel Medina no surfe dos Jogos Olímpicos Paris 2024

Por Daniel Perissé
7 min|
Gabriel Medina e Tatiana Weston-Webb
Foto por William Lucas/COB

O Brasil terminou a disputa do surfe nos Jogos Olímpicos Paris 2024 com a prata de Tatiana Weston-Webb e o bronze de Gabriel Medina no paradisíaco cenário de Teahupo'o, no Taiti, nesta segunda-feira, 5 de agosto, quando foram realizadas as semifinais e as finais da competição.

Se em Tóquio 2020 o Brasil celebrou a estreia da modalidade em Jogos Olímpicos com o ouro de Italo Ferreira, a "Brazilian Storm" deixou o Taiti com uma medalha a mais que na capital japonesa.

O primeiro a conquistar sua medalha hoje foi Medina, ao superar o peruano Alonso Correa por 15.54 a 12.43.

"Esse era o meu objetivo vindo aqui, fiquei muito perto de conseguir uma medalha em Tóquio. Esse ano eu tive outra chance e sim, eu queria muito, então dei tudo de mim na final agora. E sim, estou feliz com a minha medalha e por deixar minha família, meus amigos e todo o meu país orgulhosos de mim", comentou o paulista ao Olympics.com.

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Por sua vez, Tati enfrentou a americana Caroline Marks e acabou perdendo por 10.50 a 10.33.

"Sim, estou realmente muito orgulhosa de mim mesma. É tanto trabalho, tanto tempo longe da família, fora de casa, para conseguir isso. Estou me sentindo assim, muito abençoada por ter conseguido isso (a medalha)," destacou Tati, com exclusividade, ao Olympics.com

Em sua segunda participação nos Jogos Olímpicos, ela se torna a primeira brasileira medalhista da modalidade - os outros são Medina, com o bronze de hoje, e Ítalo, ouro em Tóquio 2020. Agora o Brasil soma três medalhas na modalidade, uma de cada cor.

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Tatiana Weston-Webb luta até o fim, mas termina com a prata

A jornada de Tatiana começou diante de Brisa Hennessy, que havia eliminado a também brasileira Luana Silva nas oitavas. Diante da rival da Costa Rica, a brasileira teve um somatório de 13.66 contra 6.17 da adversária, que acabou punida logo no início da bateria, e se classificou à final.

"Significa muito para o nosso país, estou ansiosa para representar o Brasil na final. Estou muito feliz por poder mostrar meu surfe. Eu realmente sinto que estou controlando essa onda," comentou a surfista do Brasil logo depois da semifinal.

Mais tarde, na última bateria de toda a competição de surfe, Tati enfrentou Marks, que terminou em segundo lugar no circuito mundial de surfe ano passado.

Logo no início da bateria, a americana obteve uma melhor onda de 7.50, com direito a um tubo, e usou a vantagem para controlar a disputa.

Em meio às poucas ondas, a brasileira reagiu no final e conseguiu uma boa última onda faltando poucos minutos para o fim da bateria. Entretanto, não foi suficiente - ela precisava de 4.68, mas recebeu 4.50. No final, o placar foi de 10.50 a 10.33.

Com o título, Marks mantém a hegemonia dos Estados Unidos na disputa feminina, já que Carissa Moore tinha sido campeã em Tóquio 2020. Na disputa pelo bronze em Teahupo'o, a francesa Johanne Defay superou Hennessy por 12.66 a 4.93.

Em sua segunda participação nos Jogos Olímpicos, Tati se torna a primeira brasileira medalhista da modalidade aos 28 anos de idade. Ela tinha sido eliminada ainda nas oitavas de final em Tóquio 2020.

Estou fazendo história para o surfe feminino brasileiro, então realmente é um sonho realizado. Sinto nada além de orgulho e honra de representar meu país, de surfar essa onda, de ter um time incrível do meu lado me apoiando. Que dia! Estou muito feliz," comentou Tati, com exclusividade, ao Olympics.com.

Tatiana é a principal representante brasileira no circuito mundial de surfe feminino, mas seu papel de embaixadora do país vai muito além. Nascida em Porto Alegre, a surfista foi criada no Havaí e por lá aprimorou seu talento. No entanto, escolheu defender o Brasil nas competições internacionais e assim o faz com grande orgulho.

Primeira atleta do Brasil, entre mulheres e homens, a assegurar sua vaga nominal aos Jogos Olímpicos Paris 2024, Tatiana ficou com o ouro nos ISA Games 2023. Tati encerrou um jejum de 23 anos das representantes brasileiras nesta competição, com o quarto título para o país. Ainda quase repetiu o feito no ano seguinte, vice no ISA Games 2024.

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Redenção do quarto lugar em Tóquio 2020 para Gabriel Medina

Em Tóquio 2020, Medina perdeu a medalha de bronze para o australiano Owen Wright depois de cair para o japonês Kanoa Igarashi na semifinal. Quatro anos depois, encontra a redenção nas águas de Teahupo'o, as quais conhece muito bem.

"Fiquei super perto da medalha em Tóquio e, sim, fiquei muito triste por não ter ganhado uma medalha. Tive duas oportunidades naquele dia, hoje estava pensando sobre isso e falei: 'Não, essa é a minha hora, sabe, vou levar a medalha'," disse.

Nessa segunda-feira, Medina começou a bateria atrás do rival, mas conseguiu encaixar ondas melhores no fim e levou duas notas 7.77, o que lhe garantiu a medalha.

Antes, pela semifinal, o brasileiro de 30 anos acabou derrotado pelo australiano Jack Robinson. A bateria valendo vaga na decisão foi bem menos movimentada, e o adversário do brasileiro aproveitou algumas poucas chances para encaixar duas boas ondas, uma delas com 7.83, e selar o triunfo em 12.33 a 6.33.

O brasileiro reconheceu que as ondas da bateria semifinal estavam estranhas, mas que conseguiu se recuperar no duelo com Correa, que valeu o bronze:

"Comecei meio estranho, sabe, perdendo aquela bateria sem muitas ondas e depois acabei muito bem, sabe, com muitas ondas e com vento. Então, sim, é um dia feliz para mim".

A vitória no surfe ficou com o francês Kauli Vaast, nascido no Taiti. Aos 22 anos, ele sagrou-se campeão Olímpico nas ondas de Teahupo'o, onde surfou pela primeira vez com apenas oito de idade. Na final, Vaast superou Robinson, algoz de Medina, por 17.67 a 7.83, com direito a uma nota 9.50, a melhor do dia, por conta de um belo tubo.

É a primeira medalha Olímpica de Medina, três vezes campeão mundial (2014, 2018 e 2021), e a segunda do Brasil no surfe masculino.

O paulista obteve a última vaga do Brasil em Paris 2024, ao vencer os ISA Games desse ano com um desempenho irretocável, vencendo do início ao fim e contando com uma combinação de resultados dos adversários para dar a vitória - e a terceira vaga - à equipe masculina brasileira.

"É incrível voltar ao Taiti. É um lugar que eu amo, minha onda favorita e realmente me sinto confortável aqui porque as pessoas são receptivas, as ondas são boas, é um lugar que gosto de estar", declarou Gabriel Medina, ao Olympics.com, em entrevista às vésperas do início da competição.

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