Brasil é escolhido como sede da Copa do Mundo Feminina de Futebol 2027: veja estádios e projeto

Por Leandro Stein
7 min|
Brazil and the FIFA WWC trophy
Foto por Thais Magalhães/CBF

Depois de 13 anos, o Brasil voltará a receber uma Copa do Mundo de futebol. Nesta sexta-feira, 17 de maio, a Fifa confirmou que o país será a sede da Copa do Mundo Feminina 2027. A candidatura brasileira venceu o pleito no Congresso da Fifa, realizado na Tailândia, recebendo 60% dos votos do colégio eleitoral composto pelas federações nacionais filiadas à entidade. O próximo Mundial está previsto para acontecer entre 24 de junho e 25 de julho de 2027, com a presença de 32 equipes. Será a primeira Copa do Mundo Feminina de futebol da história no Brasil.

O Brasil tinha apenas um concorrente na disputa pela Copa do Mundo Feminina 2027: uma candidatura conjunta entre Alemanha, Bélgica e Países Baixos. Estados Unidos e México também lançaram uma proposta oficial, mas se retiraram do pleito em abril, para concentrar esforços pelo Mundial de 2031. O Brasil partia como favorito à eleição desta sexta-feira, diante dos resultados apresentados pelo relatório oficial de avaliação da Fifa. A proposta brasileira recebeu 4.0 pontos num total de 5.0 possíveis, contra 3.7 pontos do trio europeu.

Diante da desvantagem na avaliação prévia, a apresentação de Alemanha-Bélgica-Países Baixos no Congresso da Fifa tentou ressaltar pontos em que teria vantagens sobre o Brasil, como em relação às distâncias menores e à facilidade nos transportes. Já a candidatura do Brasil exaltou a identidade do país, a inovação, a história do futebol feminino e capacidade de sediar grandes eventos. Personalidades participaram em vídeo, inclusive Marta e Sissi, enquanto Formiga, Aline Pellegrino e Kerolin estavam presentes. Por fim, o Brasil recebeu 119 votos, contra 78 para o trio europeu.

O planejamento apresentado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) prevê que dez cidades que receberam a Copa do Mundo Masculina 2014 também sediem a Copa do Mundo Feminina 2027. Curitiba e Natal são as únicas ausências em relação ao Mundial de 2014. Além disso, todos os estádios presentes na proposta brasileira fizeram parte do evento em 2014. Tanto a final quanto o jogo de abertura ocorrerão no Maracanã.

Essa é a terceira vez que o Brasil receberá uma Copa do Mundo de Futebol, após os torneios masculinos em 1950 e 2014. Além disso, desde a última década, o país se acostumou a sediar diferentes competições internacionais da modalidade - a Copa das Confederações em 2013, a Copa América em 2019 e 2021, o Mundial Sub-17 em 2019, entre outros. O Rio de Janeiro, em particular, também se beneficia da estrutura expandida para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.

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Os estádios que deverão receber a Copa do Mundo Feminina 2027

O Brasil selecionou dez estádios para a Copa do Mundo 2027, dois a menos que na Copa do Mundo 2014. A candidatura concorrente oferecia 13 estádios, sendo cinco nos Países Baixos, quatro na Bélgica e quatro na Alemanha. Todas as dez cidades brasileiras terão também uma “fan fest”. O país ainda designou 39 hotéis para receber os times nas cidades-sede e 44 centros de treinamentos que servirão de base às seleções. O Rio de Janeiro será o principal palco do torneio. Além de receber a abertura e a final, também sediará o centro de imprensa.

Abaixo, a lista de estádios, com os principais jogos que devem receber:

  • Rio de Janeiro: Maracanã (abertura/final)
  • Belo Horizonte: Mineirão (decisão do terceiro lugar)
  • São Paulo: Arena Corinthians (semifinal)
  • Brasília: Mané Garrincha (semifinal)
  • Recife: Arena de Pernambuco (quartas de final)
  • Salvador: Arena Fonte Nova (oitavas de final)
  • Porto Alegre: Beira-Rio (oitavas de final)
  • Fortaleza: Castelão (oitavas de final)
  • Manaus: Arena da Amazônia (fase de grupos)
  • Cuiabá: Arena Pantanal (fase de grupos)

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Os pontos fortes da candidatura, segundo o relatório da Fifa

Uma força tarefa foi montada pela Fifa para avaliar as condições de Brasil e Alemanha-Bélgica-Países Baixos na realização da Copa do Mundo Feminina 2027. A candidatura brasileira recebeu uma nota total superior à do trio europeu, o que serviu de indicação ao país como sede aconselhada pela entidade internacional.

O Brasil ganhou melhores avaliações em relação à infraestrutura de estádios, acomodações ao público e fan fests. Além disso, a candidatura do Brasil, na visão da Fifa, tem menos riscos legais. Por outro lado, o relatório afirma que os riscos de proteção ambiental são maiores do que em relação aos europeus, especialmente pelo alto uso de transportes aéreos entre as sedes. A Fifa ainda relativiza potenciais preocupações em áreas como transportes e segurança, diante das experiências anteriores em grandes eventos.

As estimativas de custos da candidatura do Brasil são cerca de US$60 milhões mais baratos do que o cálculo para Alemanha-Bélgica-Países Baixos, outro fator benéfico. A estrutura de estádios já pronta no país auxilia, embora a Fifa saliente a importância de "certos investimentos em infraestrutura e serviços que serão necessários para assegurar o sucesso do torneio". As receitas brasileiras tendem a ser menores do que se o Mundial fosse realizado nos países europeus, mas ainda assim com um "desempenho forte", conforme a análise.

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Marta e Cristiane na seleção brasileira

Foto por Lívia Villas Boas /CBF

"A candidatura Brasil 2027 oferece bons estádios, construídos sob propósito e geralmente configurados para os maiores torneios internacionais do futebol, tendo sediado a Copa do Mundo Fifa 2014. Apresenta também uma forte posição comercial, com uma combinação de potencial receita competitiva e claras eficiências de custo”, analisa a Fifa, em seu relatório oficial sobre a proposta.

“No que diz respeito às oportunidades de sediar, vale a pena notar que, se a proposta for bem sucedida, a América do Sul poderia receber a competição pela primeira vez, o que poderia ter um tremendo impacto no futebol feminino da região", complementa a entidade. "Sediar a Copa do Mundo 2027 catalisaria ainda mais os programas e estruturas que já existem para alcançar uma mudança cultural e moldar uma identidade de orgulho do futebol entre as mulheres brasileiras".

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O anúncio da Fifa sobre a vitória do Brasil

Foto por Divulgação / Fifa

As outras vezes que o Brasil poderia ter recebido a Copa do Mundo Feminina de futebol

Esta era a segunda vez que o Brasil tentava sediar a Copa do Mundo Feminina de Futebol. O país antes lançou sua candidatura para o Mundial 2023, com a formalização da proposta em dezembro de 2019. Oito cidades deveriam receber o torneio, aproveitando as estruturas de outros eventos esportivos recentes no país.

No entanto, a CBF retirou sua candidatura em julho de 2020. A entidade citava a falta de garantias relativas ao poder público, já que o cenário de austeridade causado pela pandemia não permitia ao país atender às garantias solicitadas pela Fifa. Austrália e Nova Zelândia foram escolhidas como sedes do Mundial 2023, vencendo a disputa com a Colômbia, única concorrente no pleito final.

Antes disso, o Brasil chegou a ser aventado como uma eventual sede emergencial da Copa do Mundo Feminina 2003. A República Popular da China deveria receber o torneio, mas foi preciso mudar a localização devido à epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês). Por fim, os Estados Unidos sediaram o torneio pela segunda edição consecutiva, enquanto os estádios chineses foram utilizados em 2007.

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