Os 25 anos da primeira seleção brasileira feminina de futebol em Jogos Olímpicos

Saiba mais sobre as pioneiras do futebol Olímpico do Brasil em Atlanta 1996, entre elas Formiga, que em Tóquio 2020 disputará a sua sétima edição de Jogos.

6 minPor Virgílio Franceschi Neto
A brasileira Formiga e a norueguesa Aarones, durante um Brasil x Noruega nos Jogos Olímpicos Atlanta 1996
(Bongarts)

O futebol faz parte do programa Olímpico desde os Jogos de 1900, em Paris. Desde então, não foi jogado apenas em 1932, em Los Angeles. Em 1993, durante encontro do Comitê Executivo da Federação Internacional de Futebol (FIFA) no Principado de Mônaco, foi decidido pela inclusão da competição feminina da modalidade a partir da edição seguinte dos Jogos Olímpicos, em Atlanta, nos Estados Unidos, em 1996. Há 25 anos. Na época já tinham sido organizadas duas Copas do Mundo FIFA para as mulheres: em 1991 e em 1995.

Ao todo foram 8 seleções divididas em 2 grupos (E e F porque os A, B, C e D eram do torneio masculino) com 4 equipes. No E estavam China (sede da primeira Copa do Mundo FIFA em 1991), Estados Unidos (campeão mundial em 1991), Suécia e Dinamarca. O Brasil estava no F, com Alemanha (vice-campeã mundial em 1995), Noruega (campeã mundial em 1995) e Japão.

Além da capitã Sissi, as brasileiras tinham como equipe-base naqueles Jogos: Meg; Nenê, Tânia Maranhão, Elane e Fanta; Márcia Taffarel e Formiga; Pretinha, Roseli e Kátia Cilene. Suzy, Marisa, Didi, Nildinha, Leda Maria, Marileia dos Santos (que tinha o apelido de Michael Jackson) e Sônia completavam o elenco do treinador Zé Duarte.

Quarto lugar na primeira participação

A Copa do Mundo FIFA realizada no ano anterior, em 1995, não tinha sido muito boa para o Brasil: 9ª colocação, com vitória na estreia sobre a Suécia por 1 a 0, derrotas para o Japão por 3 a 1 e para a Alemanha por 6 a 1. Para os Jogos Olímpicos de Atlanta, a chegada de uma nova comissão técnica e uma seleção renovada, a misturar experiência e juventude.

O primeiro jogo em Atlanta 1996 aconteceu há aproximadamente 25 anos, em 21 de julho, contra as campeãs do mundo da época, as norueguesas. Empate em 2 a 2. O primeiro gol de sempre em competições Olímpicas foi de Pretinha, o da igualdade em 1 a 1 aos 12 minutos do segundo tempo. Aliás, naquela partida ela marcou dois, também o de empate, mas que saiu aos 44 da etapa derradeira.

A segunda partida foi contra o Japão e vitória por 2 a 0. Pretinha e Kátia Cilene anotaram. No terceiro e último jogo da fase de grupos, empate em 1 a 1 contra as alemãs, que jogaram com uma formação parecida com a da goleada que impuseram no ano anterior.

Brasil classificado para a semifinal.

As chinesas foram as adversárias seguintes. Depois de virarem o marcador, as brasileiras foram superadas em sete minutos com dois gols de Wei Haiying. Na disputa pelo bronze, a Noruega foi novamente a adversária, mas dessa vez o triunfo foi das europeias, por 2 a 0.

Na primeira participação do Brasil na competição feminina do futebol, um quarto lugar que teve Pretinha como uma das artilheiras, com 4 gols (2 contra a Noruega, 1 contra o Japão e 1 contra a China), ao lado das norueguesas Ann Aarones e Linda Medalen.

Algumas pioneiras do futebol brasileiro Olímpico

A goleira Meg (Margarete Maria Pioresan) possui uma história curiosa. Uma das poucas pessoas que atuaram pelas seleções do Brasil em duas modalidades diferentes: além da de futebol, foi antes da de handebol, tendo sido campeã sul-americana nos anos 1980.

Delma Gonçalves, mais conhecida como Pretinha - uma das artilheiras dos Jogos Atlanta 1996 -, atuou pela seleção brasileira por 13 anos, de 1991 a 2004. É um dos grandes nomes do futebol do Brasil, tendo feito sua estreia aos 16 anos, em 1991. Disputou quatro edições de Jogos Olímpicos, tendo sido medalha de prata em Atenas 2004 e Beijing 2008. Com 42 gols pela seleção, foi vice-campeã da Copa do Mundo FIFA 2007 e atou de maneira profissional no futebol dos Estados Unidos, Japão e República da Coreia.

Os cabelos dela lembravam os do cantor norte-americano, por isso o apelido de "Michael Jackson" para Marileia dos Santos, que por 12 anos vestiu a amarelinha. Fez boa parte da carreira na equipe do Radar, jogou em vários outros grandes clubes brasileiros até transferir-se para a Itália. Depois de penduradas as chuteiras, chegou a ser coordenadora-geral de futebol feminino no Ministério do Esporte.

A capitã daquela equipe nos Jogos de Atlanta 1996 era a baiana Sissi, que fez parte da primeira seleção brasileira de sempre, em 1988. Tem no currículo duas Copas do Mundo FIFA (1995 e 1999 quando o Brasil terminou na 3ª colocação), e duas edições de Jogos Olímpicos (Atlanta 1996 e Sydney 2000). Mudou-se para o sudeste do país e no final dos anos 1990 fez parte de uma equipe muito lembrada do São Paulo FC. Vive atualmente nos Estados Unidos, onde é treinadora.

Formiga

A eterna número 8 vai para a sua sétima edição de Jogos Olímpicos. Sete vezes nos Jogos. É para poucas e ela é uma delas. É, na história, a futebolista que mais vezes vestiu a camisa da seleção brasileira, entre mulheres e homens. Prata por duas vezes nos Jogos Olímpicos (Atenas 2004 e Beijing 2008), terceiro lugar na Copa do Mundo FIFA 1999 e vice na de 2007 e tricampeã Pan-Americana (Santo Domingo 2003, Rio 2007 e Toronto 2015).

O histórico de Miraildes Maciel Mota, a Formiga, é incontestável, quer seja pelo Brasil ou nos clubes onde atuou, com passagens pelo futebol sueco e dos Estados Unidos. Nas últimas temporadas esteve do Paris SG, da França. Recentemente foi apresentada como profissional do São Paulo FC, para onde retorna depois de vários anos. Uma vez na lista da treinadora Pia Sundhage, não esconde a vontade de dar a medalha de ouro para o país:

"As chances são grandes de conseguir essa medalha. Eu sinto que desta vez o ouro vem para o Brasil".

-Formiga, sobre os Jogos Tóquio 2020 em 2021, para a revista "Isto É"

Aos 43 anos de idade, nestes Jogos Olímpicos Tóquio 2020 em 2021 a meia vai se aposentar da seleção, mas pretende seguir a carreira por mais algumas temporadas. Está animada em voltar ao Brasil e atuar pelo tricolor paulista, uma vez que percebe as competições se fortalecendo no país. Não quer se desligar da modalidade, quer atuar desta vez fora de campo, em colaboração para o crescimento do futebol feminino no Brasil.

Futebol feminino nos Jogos Tóquio 2020 em 2021

A competição feminina do futebol nos Jogos Tóquio 2020 em 2021 acontece entre os dias 21 de julho e 6 de agosto. As partidas terão lugar no Estádio de Tóquio, o domo de Sapporo, o Estádio de Saitama, o Estádio de Miyagi, Estádio Internacional de Yokohama, Estádio Ibaraki Kashima e o Estádio Olímpico.

São 12 seleções divididas em 3 grupos com 4:

  • Grupo E: Japão, Canadá, Grã-Bretanha e Chile;
  • Grupo F: Brasil, Países Baixos, China e Zâmbia;
  • Grupo G: Estados Unidos, Suécia, Austrália e Nova Zelândia;

Os jogos do Brasil durante a primeira fase são (horário de Brasília):

  • Brasil x China, dia 21 (quarta-feira) às 5:00;
  • Brasil x Países Baixos, dia 24 (sábado), às 8:00;
  • Brasil x Zâmbia, dia 27 (terça), às 8:30;
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