Brasil nos Jogos Olímpicos: relembre os resultados do país
O primeiro passo protocolar do Brasil rumo aos Jogos Olímpicos foi dado no dia 20 de agosto de 1914, data de fundação do que foi chamado na época de Comitê Olímpico Nacional (CON), atual Comitê Olímpico do Brasil (COB). Desde a estreia na edição da Antuérpia 1920 até hoje, os atletas brasileiros somam participações em 20 edições Olímpicas, 170 medalhas, sendo 40 delas de ouro.
Em Paris 2024, Rebeca Andrade se tornou a maior medalhista Olímpica da história do Brasil, com seis conquistas - quatro na capital francesa e mais duas em Tóquio 2020. Robert Scheidt, Torben Grael e Isaquias Queiroz ficam logo atrás, com cinco medalhas cada. Não à toa, a vela é o esporte mais vitorioso com oito ouros. Mas a primeira medalha de ouro foi conquistada na estreia brasileira, em 1920, com Guilherme Paraense, do tiro esportivo, na pistola rápida.
Vela, atletismo, judô, basquete, vôlei e natação somam a maioria das medalhas brasileiras. Só que as possibilidades de medalha aumentaram e muito neste século, principalmente com o crescimento da ginástica artística, do boxe e de esportes que são bem novos no programa Olímpico, como o vôlei de praia, o skate e o surfe.
Fora que o Brasil também vem conquistando medalhas inéditas, caso do tênis, que conquistou um bronze nas duplas femininas em Tóquio 2020, méritos de Luisa Stefani e Laura Pigossi. Aliás, Paris 2024 será a primeira vez na história em que a delegação brasileira terá mais atletas mulheres do que homens.
E outra dupla, Kahena Kunze e Martine Grael, da 49erFX, classe da vela, bicampeãs olímpicas, podem conquistar o tri na França, fato nunca alcançado pelo Brasil.
Saiba mais sobre a história braslieira nos Jogos Olímpicos.
Antuérpia 1920
A primeira edição dos Jogos Olímpicos que contou com atletas brasileiros aconteceu na Bélgica. Vinte e um atletas na deleção, todos homens, competiram em cinco modalidades: Saltos ornamentais, remo, tiro esportivo, natação e polo Aquático.
Três medalhas foram conquistadas, uma de cada cor, e todas no tiro esportivo, com destaque para o ouro de Guilherme Paraense na pistola rápida.
Paris 1924 | Amsterdã 1928 | Los Angeles 1932 | Berlim 1936
Após a estreia já conquistando medalhas, os atletas brasileiros passaram em branco em Paris 1924, sequer teve algum atleta em Amsterdã 1928, e voltou a ficar sem pódio nas edições de Los Angeles 1932 e Berlim 1936.
Contudo, a história Olímpica do Brasil seguiu com alguns feitos, caso da nadadora Maria Lenk, única mulher na delegação brasileira e a primeira mulher sul-americana a participar dos Jogos Olímpicos, em Los Angeles 1932.
Lenk foi recordista mundial e tinha tudo para ser medalhista em 1940, em Tóquio, no Japão, mas os Jogos Olímpicos foram cancelados em virtude da Segunda Guerra Mundial.
Londres 1948
Os Jogos Olímpicos retornaram em Londres, bem como mais uma medalha brasileira. O basquete masculino venceu o México e conquistou o bronze. A primeira medalha do país em esportes coletivos.
Helsinque 1952
Adhemar Ferreira da Silva, após 32 anos sem medalhas douradas do Brasil, conquistou o ouro no salto triplo. Adhemar foi um dos maiores atletas de todos os tempos e revolucionou o salto triplo. Foi recordista mundial cinco vezes e o primeiro atleta a passar dos 16m.
Além do ouro de Adhemar, o Brasil conquistou mais dois bronzes: José Telles da Conceição no salto em altura e Tetsuo Okamoto nos 1500m livre da natação.
Melbourne 1956
Quatro anos mais tarde, Adhemar Ferreira da Silva tornou-se o primeiro atleta sul-americano bicampeão Olímpico em eventos individuais. Aliás, ele ainda é o único atleta brasileiro a ser bicampeão olímpico competindo exclusivamente em provas individuais.
Roma 1960
Mais duas medalhas foram conquistadas nos Jogos Olímpicos realizados na Itália, as duas de bronze. Na natação, com Manoel dos Santos nos 100m livre, e a outra com a seleção de basquete masculino.
Tóquio 1964
A mesma geração que conquistou o bronze quatro anos antes retornou para ganhar mais um bronze para o basquete masculino. A última desde então, já que a seleção masculina nunca mais foi ao pódio.
E os Jogos no Japão também ficaram marcados pela presença de Aida dos Santos, do salto em altura, única mulher na delegação. Ela foi a primeira brasileira a competir em uma final Olímpica e terminou em quarto lugar.
Cidade do México-1968
O México trouxe as primeiras medalhas na vela e no boxe. A dupla Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes conquistaram o bronze na classe flying dutchman. Servílio de Oliveira foi bronze no peso mosca.
E Nelson Prudêncio ganhou a prata no salto triplo, mantendo a tradição brasileira na modalidade.
Munique 1972
Quatro anos mais tarde, Nelson Prudêncio voltou ao pódio, agora com bronze, conquistando sua segunda medalha Olímpica. Só que a Alemanha ficou marcada com a primeira medalha do judô.
Chiaki Ishii, japonês naturalizado brasileiro, conquistou o bronze na categoria até 93 kg e colocou o judô na história brasileira.
Montreal 1976
Mantendo a tradição, João Carlos de Oliveira, mais conhecido como João do Pulo, deu seus primeiros passos Olímpicos e foi bronze no salto triplo. Reinaldo Conrad, agora com Peter Ficker, ganhou mais um bronze na vela.
Moscou 1980
A vela brasileira brilhou na Rússia e retornou com duas medalhas de ouro. Lars Sigurd Bjorkström e Alexandre Welter na classe tornado, e Marcos Soares e Eduardo Penido na 470.
Só que não parou por aí. Teve mais um bronze na natação e outro bronze de João do Pulo, que conquistou sua segunda medalha Olímpica. Com quatro medalhas, a delegação brasileira fez sua melhor campanha até então, superando Antuérpia 1920.
Los Angeles 1984
Se quatro já era bom, oito medalhas foi muito melhor. O Brasil subiu de patamar nos Estados Unidos. Destaque para o ouro de Joaquim Cruz nos 800m rasos, a primeira medalha de pista no atletismo.
Vôlei e futebol masculinos também inauguraram suas medalhas, ambos foram prata. E só o judô garantiu três medalhas, uma de prata e duas de bronze.
Seul 1988
Finalmente saiu o primeiro ouro do judô brasileiro. Aurélio Miguel foi o campeão na categoria até 95kg. O futebol masculino foi vice novamente e Joaquim Cruz conquistou a prata.
A vela, para variar, voltou com dois bronzes, um deles foi a primeira medalha Olímpica de Torben Grael.
Barcelona 1992
Apesar de conquistar apenas três medalhas na Espanha, duas delas foram de ouro. Vitória do vôlei masculino, o primeiro ouro de uma equipe brasileira, que foi liderada por José Roberto Guimarães. Nomes como o de Carlão, Douglas, Giovane, Marcelo Negrão, Maurício, Pampa, Amauri e Tande entraram para a história.
Também teve topo do pódio para Rogério Sampaio na categoria até 95kg do judô. E ainda teve a prata de Gustavo Borges nos 100m livre.
Atlanta 1996
De volta aos Estados Unidos, a delegação fez história e somou 15 medalhas, sendo as primeiras femininas do Brasil. Sandra Pires e Jackie Silva foram campeãs no vôlei de praia, com Adriana Samuel e Mônica ficando com a prata. Na classe laser, Robert Scheidt levou seu primeiro ouro Olímpico, assim como Torben Grael, que, ao lado de Marcelo Soares, venceu a classe star.
Gustavo Borges somou mais uma prata e um bronze. Hortência, Janeth e Paula conquistaram a primeira medalha do basquete feminino brasileiro, uma de prata. O vôlei feminino também ganhou seu primeiro bronze, em uma equipe que tinha Ana Moser, Fernanda Venturini, Virna, Leila, Márcia Fu e Fofão.
E a equipe de hipismo saltos. liderada por Rodrigo Pessoa, foi ao pódio pela primeira vez com um bronze.
Sydney 2000
Nenhum ouro foi conquistado na Austrália. Mas o Brasil se consolidou no vôlei de praia, na vela, no judô, no vôlei feminino e na natação. Destaque para os revezamentos masculinos.
Vicente de Lima, Édson Ribeiro, André Domingos, Claudinei da Silva e Cláudio Roberto Souza conquistaram a prata no atletismo, no 4x100m. Fernando Scherer, Gustavo Borges, Carlos Jayme e Edvaldo Valério ficaram com o bronze no 4x100m livres.
E, novamente, as seleções femininas de vôlei e basquete foram ao pódio, com um bronze para cada equipe.
Atenas 2004
No berço Olímpico, a delegação brasileira voltou com um número recorde de ouros: cinco douradas. O vôlei masculino tornou-se bicampeão com Bernardinho no comando e um grande time: Serginho, Ricardinho, Gustavo, Nalbert, Giovanni, Dante, André Heller, Maurício, André , Rodrigão e Anderson.
Na vela, segundo ouro para Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira.
A dupla Ricardo e Emanuel ganhou no vôlei de praia, enquanto Rodrigo Pessoa dominou no hipismo saltos individual. Destaque também para a prata conquistada pelo futebol feminino, que perdeu na final para os Estados Unidos e tinha Marta, Formiga e Cristiane no elenco.
Os Jogos Olímpicos na Grécia também ficou marcado pelo bronze de Vanderlei Cordeiro de Lima na maratona. Ele liderava quando foi atrapalhado por um irlandês que estava na torcida, perdeu tempo, mas se recuperou e foi ao pódio. Por seu espírito esportivo, Vanderlei ganhou a medalha Pierre de Coubertin.
Beijing 2008
Uma edição com o protagonismo feminino do Brasil. O vôlei, finalmente, subiu ao lugar mais alto do pódio. Paula Pequeno, Fofão, Sheila, Fabi, Mari, Sassá, Jaqueline, Walewska, Fabizinha e Thaísa foram campeãs Olímpicas perdendo um único set.
Maurren Maggi venceu no salto em distância, tornando-se a primeira mulher brasileira a conquistar o ouro Olímpico individualmente.
Ketleyn Quadros foi bronze na categoria até 57kg e levou a primeira medalha feminina do esporte brasileiro. E ainda saiu um bronze inédito para Natália Falavigna no taekwondo.
Nas piscinas, César Cielo foi ouro nos 50m e virou o nadador mais rápido do planeta. No total, foram 17 medalhas conquistas, um recorde absoluto.
Londres 2012
O vôlei feminino conquistou seu segundo ouro após uma das viradas mais incríveis do esporte. A seleção quase não passou da fase de grupos, depois virou um tie-break quase perdido nas quartas de final e também saiu atrás na final, mas superou os Estados Unidos. Bicampeonato para a seleção feminina de vôlei.
Londres também ficou marcado pelo ouro de Arthur Zanetti nas argolas, a primeira medalha da ginástica artística brasileira. E, finalmente, um ouro feminino no judô, Sarah Menezes campeã na categoria até 48kg.
Na categoria de mais improvável, Yane Marques surpreendeu o mundo com o bronze no pentatlo moderno.
Rio 2016
Em casa é mais gostoso. Recorde de ouros e de número de medalhas, somando 19. Rafaela Silva brilhou na conquita da categoria até 57kg no judô. Thiago Braz saltou com vara para deixar seus adversários incrédulos e ser campeão. Robson Conceicção conquistou o primeiro ouro do boxe brasileiro.
Martine Grael e Kahena Kunze confiaram no vento e na corrente para conquistarem o ouro na vela. O vôlei de praia voltou com tudo no título de Alison e Bruno Schmidt. O futebol masculino, após sempre bater na trave, foi campeão no Maracanã pela primeira vez, com Neymar sendo protagonista. E para finalizar, o vôlei masculino conquistou o bicampeonato, coroando Serginho com bicampeão Olímpico.
Tóquio 2020
Em meio à pandemia, os Jogos Olímpicos foram realizados em 2021, com a delegação brasileira superando o total de medalhas (21) e repetindo os sete ouros conquistados no Brasil.
Rebeca Andrade conquistou o ouro no solo da ginástica artística, a primeira mulher campeã Olímpica do Brasil na ginástica. O surfe estreou com o ouro de Ítalo Ferreira, enquanto o skate teve as pratas de Rayssa Leal, Kelvin Hoefler e Pedro Barros. Novamente a dupla Martine Grael e Kahena Kunze escolheu outra direção e ficou com o bicampeonato Olímpico.
Ana Marcela Cunha confirmou o favoritismo e foi ouro na maratona aquática pela primeira vez na carreira. Herbert Conceicção acertou um cruzado avassalador e somou mais um ouro para o boxe brasileiro. Isaquias Queiroz, que já tinha duas pratas conquistadas na Rio 2016, venceu o seu tão aguardado ouro. E, de novo, o futebol masculino prevalesceu nos gramados e foi bicampeão.
Paris 2024
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 foram marcados pelas conquistas das mulheres. Todos os três ouros foram delas: Beatriz Souza, no judô, Rebeca Andrade, na ginástica artística, e Ana Patrícia e Duda, no vôlei de praia. No total, o Brasil terminou com 20 medalhas, a segunda melhor campanha da história.
O judô e a ginástica foram as modalidades mais vencedoras, com quatro medalhas cada. Rebeca assumiu o posto de maior medalhista Olímpica do Brasil com seis pódios. Quem também subiu na lista foi Isaquias Queiroz, que foi prata na capital francesa, chegando a cinco medalhas Olímpicas.
Paris 2024 também marcou conquistas inéditas, como a prata de Caio Bonfim na marcha atlética, e os inéditos bronzes por equipes, na ginástica artística feminina e na disputa mista do judô. Surfe e skate seguiram como destaques do país, com duas medalhas em cada modalidade. Nos esportes coletivos, o futebol feminino voltou a uma final depois de 16 anos e conquistou sua terceira prata.