Brasil terá mais mulheres do que homens em Paris 2024 pela primeira vez na história
Se há 100 anos nenhuma brasileira esteve presente nos Jogos Olímpicos Paris 1924, agora elas serão maioria na delegação brasileira pela primeira vez na história. Perto de fechar a lista de cotas asseguradas em Paris 2024, o país já pode celebrar uma presença majoritariamente feminina nesta edição.
Até o momento, o Brasil obteve vagas Olímpicas para 277 atletas. Deste total, 153 são mulheres, o que representa 55% da delegação. Em Tóquio 2020, a participação das brasileiras foi de 47%. O total de vagas ainda pode sofrer alterações com realocações de vagas, mas dificilmente irá impactar no percentual feminino.
Entre os fatores que explicam a maior presença das mulheres é o sucesso nos esportes coletivos. As brasileiras obtiveram cotas no futebol, vôlei, handebol e rugby, enquanto os homens só asseguraram cotas no vôlei e no basquete. Outros esportes também contribuíram, como a ginástica artística, que levará uma equipe feminina completa e apenas dois homens.
Com mais mulheres do que homens em Paris 2024, elas também podem alcançar um outro feito: conquistar mais medalhas. Os sucessos recentes de nomes como Rebeca Andrade, Rayssa Leal, Ana Marcela Cunha e Beatriz Ferreira podem impulsionar uma campanha histórica em termos de resultados.
“Existe sim uma chance real de termos mais medalhistas mulheres do que homens pela primeira vez em Jogos Olímpicos. No Pan de Santiago já tivemos mais medalhas de mulheres, foi a primeira vez em um evento multiesportivo que isso aconteceu. E a chance de acontecer isso em Paris também é grande”, explica Rogério Sampaio, diretor-geral do COB e chefe da missão Paris 2024.
A igualdade de gênero é um dos pilares dos Jogos Olímpicos Paris 2024. Será a primeira edição com o mesmo número de vagas femininas e masculinas. As 10.500 vagas serão divididas pela metade, com 5.250 mulheres e 5.250 homens.
Maior presença em Paris 2024 celebra evolução do esporte feminino do Brasil
Ter mais mulheres do que homens na delegação em Paris 2024 representa mais um marco na evolução e luta do esporte feminino no Brasil ao longo das últimas décadas. Presente em Jogos Olímpicos desde Antuérpia 1920, o país só foi levar uma atleta mulher em sua terceira participação.
Maria Lenk foi a primeira brasileira (e sul-americana) presente em Jogos Olímpicos na edição de Los Angeles 1932. Depois disso, levou mais de seis décadas para as brasileiras subirem ao pódio. Em Atlanta 1996 vieram as primeiras medalhas femininas do país: ouro e prata no vôlei de praia, prata no basquete e bronze no vôlei.
As primeiras medalhas individuais levaram mais uma década, em Beijing 2008: ouro para Maurren Maggi no atletismo e bronzes para Ketleyn Quadros no judô e Natália Falavigna no taekwondo. Agora, buscam ser maioria não só em número de atletas, mas também em medalhas.
Brasil presente em 39 modalidades esportivas até o momento em Paris 2024
Com mais presença feminina em Paris 2024, o Brasil obteve cotas Olímpicas em 39 das 47 modalidades esportivas até o momento. O país só não assegurou cotas no basquete 3x3, breaking, ciclismo de pista, escalada, golfe, hóquei sobre a grama, nado artístico e polo aquático.
Das 39 modalidades com presença de brasileiros, apenas cinco não contam com participação de mulheres até o momento: basquete, ciclismo BMX Freestyle e as três disciplinas do hipismo (CCE, Saltos e Adestramento).
Já no futebol, handebol e rugby, o país só obteve vaga com as seleções femininas. Pentatlo moderno, levantamento de pesos, luta, maratona aquática e ciclismo BMX Racing também só asseguraram cotas com as mulheres - além de ginástica rítmica, esporte exclusivamente feminino.