Volta por cima: atletas brasileiros que superaram lesões graves e conquistaram medalhas Olímpicas
No momento em que estrelas como Alison dos Santos, Carol Gattaz, Lorena, Bruno Fratus, Flávia Saraiva e Ana Marcela Cunha se recuperam de cirurgias, vários atletas do Brasil são exemplos de como é possível superar as adversidades e dar a volta por cima com uma medalha Olímpica. Relembre alguns retornos marcantes do esporte brasileiro.
Há menos de 500 dias dos Jogos Olímpicos Paris 2024, a pior coisa que pode acontecer com um atleta é sofrer uma lesão grave. Cada dia de recuperação é um dia a menos de treino. Porém, a determinação dos atletas Olímpicos se torna ainda maior nestes momentos.
Atualmente, grandes nomes do esporte brasileiro, como Alison dos Santos (400m com barreiras), Bruno Fratus (natação), Ana Marcela Cunha (maratona aquática), Flávia Saraiva (ginástica artística), Carol Gattaz (vôlei), Lorena e Ludmila (futebol) enfrentam esta dura realidade. Mas o que não faltam são exemplos de inspiração para dar a volta por cima.
Relembre alguns dos atletas brasileiros que superaram lesões graves, conseguiram ir aos Jogos Olímpicos e subiram ao pódio.
Rebeca Andrade
A ginasta virou praticamente sinônimo de resiliência. Rebeca passou por três cirurgias no ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho. A última delas a tirou do Mundial de 2019, que era classificatório para Tóquio 2020. Sua vaga individual foi conquistada apenas em junho de 2021, um mês antes dos Jogos.
O resto é história. Rebeca se tornou a primeira campeã Olímpica da ginástica artística feminina brasileira, além de levar a prata no individual geral. Uma lição que ela tirou de toda essa jornada foi entender a hora de se preservar:
“A gente precisa entender que o nosso corpo e a nossa cabeça têm um limite e que a gente precisa respeitar o nosso corpo”, disse Rebeca ao Olympics.com em 2022.
Mayra Aguiar
A judoca já enfrentou sete cirurgias na carreira, uma delas em novembro de 2020, de LCA, assim como Rebeca. Seu retorno aconteceu apenas em junho de 2021, logo antes dos Jogos.
Para Mayra, foi o suficiente. A gaúcha conquistou seu terceiro bronze Olímpico seguido em Tóquio, feito inédito para mulheres brasileiras em esportes individuais.
“Acho que se pode dizer que sim, é uma questão de superação. Todas as minhas vitórias vieram de grandes voltas por cima”, contou Mayra à Folha logo antes da competição no Japão.
Jaqueline e Natália
A seleção brasileira feminina de vôlei correu risco de ficar sem as duas ponteiras na campanha vitoriosa de Londres 2012. Jaqueline sofreu uma lesão cervical durante os Jogos Pan-Americanos de 2011, mas se recuperou a tempo de ser titular nos Jogos Olímpicos.
Já Natália descobriu um tumor em um osso da canela no ano anterior aos Jogos e só foi confirmada na equipe no último momento.
“Foram dois meses e meio sem andar, voltando aos pouquinhos. Tive que reaprender a andar. Mas há males que vem para bem, hoje estou mais fortalecida", afirmou Natália ao GE antes dos Jogos.
Thiago Braz
Impossível esquecer do salto de 6,03 – até hoje o recorde Olímpico – de Thiago Braz no salto com vara na Rio 2016. O que nem todos lembram é que ele sofreu uma fratura no punho dois anos antes que colocou em cheque o seu futuro no esporte.
“Tive medo. Não sabia o que ia acontecer. Preciso 100% dos meus braços. Muitas pessoas me disseram que a lesão era difícil, com recuperação complicada. Não tinha como garantir que o movimento que impulsiona para envergar a vara ia voltar”, disse Thiago ao GE em 2015.
Naquela época, Thiago ainda não sabia que sua persistência seria recompensada com medalhas consecutivas de ouro e bronze no salto com vara.
Fernanda Garay
O ano de 2019 foi dramático para Fê Garay. Em 2019, a ponteira saiu carregada de quadra após sofrer uma entorse no tornozelo durante a final da Superliga. No fim daquele mesmo ano, teve uma fratura no nariz que exigiu uma cirurgia.
Mesmo com tantos percalços, ela manteve seu lugar na seleção brasileira feminina de vôlei e foi fundamental para a prata da equipe em Tóquio 2020.
"Ao longo da nossa trajetória, nós temos muitos desafios. Alguns são mais marcantes. Mas a verdade é que diariamente temos um desafio. É uma escolha de fazer o seu melhor possível e ser a sua melhor versão", afirmou Garay à TNT Sports em 2021.
Leandro Guilheiro
O judoca passou por nada menos de 12 cirurgias na carreira. Após a campanha para o bronze em Atenas 2004, ele foi operado com uma fratura na mão e uma lesão no quadril.
Tudo correu bem até 2007, quando ele descobriu uma hérnia de disco que precisava de cirurgia. Com apenas um ano para Beijing 2008, o judoca fez tratamentos alternativos e conseguiu mais um bronze Olímpico para o currículo.
“Um mês ou dois meses antes, eu nem imaginei que eu ia lutar a Olimpíada. Eu já tentei racionalizar isso e explicar, mas é uma coisa… Eu sempre imaginei que eu lutaria Olimpíada no auge da minha forma física, mas aí, nos dois Jogos que eu ganhei medalha, eu estava em situações absolutamente difíceis de dor, de lesões sérias, cirúrgicas”, contou Guilheiro ao GE em 2021.
“Eu aprendi muita coisa, que não existe um momento ideal para você fazer as coisas, você tem que fazer e ponto final. A gente tem capacidade de realizar as coisas para caramba. No fim, a medalha simboliza tudo isso que eu vivi, tudo isso que eu superei, tudo isso que eu senti”, finalizou.