Zion Bethonico ‘esquece’ dores, celebra medalha inédita nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024 e já mira 2026

Primeiro brasileiro a conquistar uma medalha de inverno em edições Olímpicas, Zion Bethonico revela dores após queda na primeira bateria, planeja 2026, agradece a família e e garante que já sabia meses antes que conseguiria a primeira medalha do país nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024. 

6 minPor Gustavo Longo
Zion Bethonico (middle) wins historic medal for Brazil
(OIS/IOC)

Quando Zion Bethonico acordou no dia 21 de janeiro, ele sentia apenas dor. “Tentava entender porque estava tão desconfortável e dolorido”, afirmou. Somente quando ligou a internet em seu smartphone e viu a explosão de mensagens em suas redes sociais ele percebeu: tinha feito história um dia antes nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024.

O atleta brasileiro conquistou a primeira medalha do país em edições Olímpicas de inverno, tanto nos Jogos da Juventude quanto nos Jogos Olímpicos de Inverno. Ele foi bronze na prova masculina do snowboard cross na madrugada de 19 para 20 de janeiro no fuso horário brasileiro.

“É maravilhoso saber que não é tudo um sonho”, comentou em entrevista exclusiva ao Olympics.com.

Até porque os desafios que ele enfrentou na neve coreana foram bem reais. Na primeira das cinco baterias classificatórias, ele sofreu uma queda e cruzou em terceiro. Precisaria se recuperar nas outras quatro para garantir a pontuação necessária às semifinais – venceu as quatro provas e obteve 18 dos 20 pontos possíveis.

Na semifinal do snowboard cross nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024, ele ultrapassou o alemão Kenta Kirchwehm apenas no último salto para avançar à decisão. Roteiro que se repetiu para conquistar a medalha de bronze. “Uma das minhas piores descidas do dia foi na final. Na hora foi uma grande decepção”.  

Ele só percebeu o tamanho do feito que conquistou quando se levantou e viu a família e os integrantes da equipe brasileira comemorando bastante. “Ali eu entendi que, por mais que não era meu objetivo, eu tinha feito algo grande”, comentou.

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Zion Bethonico queria o ouro nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024

Se no primeiro momento Zion Bethonico ficou decepcionado com o bronze nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024, qual era seu objetivo? “Eu conhecia a maioria dos competidores que estavam ali e sabia que eu era melhor do que eles. Estou saindo não com a medalha que eu queria, mas ainda assim saindo com uma medalha”.

Um acidente meses antes em Cervinia, na Itália, atrapalhou sua preparação. Ele fraturou um dos dedos e o pulso. Ficou mais de um mês sem treinar explosão, necessário para a largada no snowboard cross. “Eu já tinha expectativa, meses antes de vir para cá, que sairia com a primeira medalha para o Brasil”, disse.

Agora, ele terá um tempo a mais para descansar e se recuperar. Após o bronze inédito, Zion terá duas semanas para ficar com a família em Florianópolis, Santa Catarina, antes de retomar os treinos e o restante da temporada. “Vai ter aquela celebração brasileira boa, né? A gente foi comer um churrasco coreano aqui, mas não é a mesma coisa que o calor do Brasil e da minha galera”. 

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Apoio da família foi chave para ‘virada’ nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024

Zion Bethonico não começou a disputa do snowboard cross nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024 como planejado. Derrubado por um competidor na primeira bateria, foi apenas o terceiro colocado com dois pontos. Um desempenho abaixo que poderia dificultar a vaga à final. Até ele se lembrar da presença de seus familiares nas arquibancadas.

“Inicialmente preciso admitir que foi uma pressão a mais ter tanta gente que eu sabia que estava com olhos em mim. Depois que eu caí, estava com muita dor no lado direito inteiro, ombros, costas e eu achei que tinha ferrado tudo. Estava completamente desesperado, mas chegando lá escutei os gritos e assovios da minha família e sabia que tinha que dar tudo ali e que tinha chances de dar a volta por cima”, comentou.

Foram mais quatro descidas e incríveis quatro vitórias para o brasileiro, que conseguiu avançar à semifinal e, posteriormente, à final para alcançar a medalha inédita para o Brasil. “Quando a adrenalina passou no final, eu estava quase sem conseguir andar, mas deu certo!”.

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Pai fica seis meses fora do Brasil para acompanhar Zion no snowboard

A família realmente é a base para Zion Bethonico sonhar alto no snowboard. Após o bronze nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024, ele dedicou a medalha ao irmão mais velho, Noah, também atleta do Brasil e presente na edição de Lausanne 2020. Hoje, eles convivem praticamente o tempo todo – com todas as vantagens e problemas que isso pode trazer.

“A gente passa tanto tempo perto, tão junto, dividindo quarto e tudo mais que a gente se conhece por inteiro, sabe? E tem muitas coisas na relação que acaba incomodando um ao outro também”, afirma, para depois completar. “Mas com certeza a gente se puxa muito para a frente”.

Já os pais representam todo o apoio que ele precisava, principalmente no início. “Me dão suporte completo em todos os jeitos: emocional, financeiro e estão comigo minha vida inteira só para eu chegar até aqui”.

O pai, Rangel, inclusive passa metade do ano fora do Brasil para acompanhar os irmãos Bethonico e permitir que eles treinem e tenham contato com a neve pelo menos seis meses do ano. “Ele sacrificou a vida dele para deixar a gente ter essa chance. Então realmente eu não estaria aqui se não fosse por eles”.

Foco nos Jogos Olímpicos de Inverno 2026. Depois, talvez, vestibular

Mesmo ainda muito jovem em relação aos principais concorrentes, Zion Bethonico não esconde que o foco do seu planejamento é conseguir uma vaga já na próxima edição dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2026, em Milão e Cortina d’Ampezzo. Assim, mesmo prestes a completar 18 anos (em 28 de janeiro), ele prefere deixar o vestibular para depois.

“Eu precisaria de muitos pontos no Mundial para chegar lá. Então estou no último ano de qualificação para ir ao Mundial. Tenho que estar no meu máximo. Por isso estou deixando tudo isso em um canto da minha cabeça para depois da Olimpíada. Se eu não qualificar, talvez tente ingressar em alguma coisa”, explicou.

Mesmo assim, ele mantém os pés no chão. Sabe que, para classificar nos Jogos Olímpicos de Inverno exige ainda mais do que o bronze nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024. “É um nível que não se compara ao Mundial adulto. Então eu sei que estou longe do topo e que ainda falta muito treino”.

Nesse meio tempo, ainda precisa concluir o ensino médio. Com inglês fluente, conseguiu entrar numa escola em que as aulas são online e não presenciais. Só precisa entregar as horas de estudo e de atividades – e está devendo 30 horas por conta da viagem a Gangwon. “Mas eu tenho uma boa desculpa”, diverte-se.

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