Tóquio 2020: Nathalie Moellhausen é a expressão artística da esgrima 

Craque da esgrima Nathalie Moellhausen colocou o Brasil no top 8 da espada na Rio 2016 e agora aspira às medalhas em Tóquio 2020, que acontece em 2021.

4 minPor Gonçalo Moreira
Nathalie Moellhausen na Rio 2016
(Photo by Ryan Pierse/Getty Images)

Nathalie Moellhausen é uma personagem multidimensional. Como atleta de alta competição tem tido uma trajetória com vários pontos altos: desde a primeira classificação Olímpica para Londres 2012, à presença na Rio 2016 e ao título mundial de espada em 2019, feito inédito para a esgrima brasileira.

Essa é apenas uma das facetas da atleta nascida em Milão, que através das redes e de projetos sociais tem conseguido aproximar um Brasil pouco acostumado com a esgrima de um esporte com raízes centro-europeias.

Ao estatuto de atleta e de embaixadora da esgrima, há todo um lado de enorme sensibilidade artística por conhecer em Nathalie Moellhausen. A ítalo-brasileira é uma estudiosa do movimento corporal, tendo aproveitado os confinamentos e 13 meses sem competir para incorporar em sua vida, negócios e treinamentos novas capacidades.

À revista Vogue, Nathalie Moellhausen explicou como o adiamento de Tóquio 2020 devido à pandemia a tornou uma atleta mais completa.

"Desde o primeiro lockdown (...) treinei com mais constância do que em outros momentos da minha vida. Foi um ano onde fechada em casa era treinada por vídeo chamada, aprendi muitos movimentos, conheci meu corpo de forma totalmente diferente. Reintegrei as danças aos treinamentos (...). Integrei algumas artes marciais também. Então para mim foi um ano onde investiguei muito, tive por fim o tempo de estudar sobre o movimento corporal. E a coisa que mais me faz feliz hoje em dia é isso, essa sensação de ter melhorado muito essa parte, falando em esgrima e tudo, me deu esse tempo de descansar também, e de trabalhar muito mais nesse sentido."

Incorporar a esgrima no seu estilo de vida parece ser a fórmula do êxito que poderá levar Nathalie Moellhausen ao ouro em Tóquio 2020, que acontece em 2021. O objetivo é a medalha de ouro na espada feminina, um cenário projetado por reputadas consultoras e meios de comunicação especializados.

(Photo by Augusto Bizzi/FIE via Getty Images)

Com a Rio 2016 batendo na porta disse arrivederci à Itália

Nathalie Moellhausen tem pai alemão e mãe ítalo-brasileira. Nasceu em Itália, foi na escola que teve o primeiro contato com a esgrima, mas a relação só se torna séria com a entrada no departamento de competição da Força Aérea Italiana. A relação entre a esgrima e o setor militar é de longa data; em pleno século XIX a popularidade do esporte nos meios militares e acadêmicos estava em alta. Com as pontas das espadas protegidas para evitar ferimentos e o aparecimento das máscaras, foram criadas as condições para a expansão da esgrima como esporte de elite.

Em termos Olímpicos, a esgrima está presente desde os primeiros Jogos da era moderna, em 1896. A espada individual feminina, onde Nathalie Moellhausen vai competir, entrou para o programa em Atlanta 1996.

Seguindo o conselho de sua avô, a atleta identificou no Brasil um país com quase tudo para aprender sobre a arte de dominar a espada e com a Rio 2016 batendo na porta disse arrivederci à Itália. Foi o renovar de ambições para Nathalie Moellhausen, que após sofrer problemas físicas antes de Londres 2012, abriu o ciclo para a Rio 2016 com dois bronzes no Pan-Americano de 2015. Nos Jogos Olímpicos o resultado foi histórico: pela primeira vez o Brasil colocou uma atleta entre as oito melhores do mundo, Nathalie Moellhausen caiu de pé contra a francesa Lauren Rembi (15-12), mas melhorou as marcas de Renzo Agresta que em Atenas 2004 e Beijing 2008, no sabre, conseguiu levar a nação até à 2ª rodada.

Hoje em dia apreciada pela contenção dos atletas, a tensão dos duelos e a fisicalidade do corpo a corpo, a esgrima perdeu o dramatismo de outras épocas em que o maior domínio da espada podia significar a diferença entre a vida ou a morte. Sem essa carga emocional, em Tóquio 2020 será novamente tempo para que o Brasil desfrute do talento de Nathalie Moellhausen, quem sabe com a conquista da primeira medalha Olímpica da história.

Momentos-chave na carreira de Nathalie Moellhausen

  • Bronze no Campeonato Mundial Júnior em 2004
  • Bronze no GP de Doha (Qatar), evento da Copa do Mundo de 2008/2009
  • Ouro por equipes (com a Itália) na espada feminina no Campeonato Mundial de 2009
  • Estreia Olímpica em Londres 2012 com a Itália; equipe italiana eliminada nas quartas de final
  • Se naturaliza brasileira e nos Pan-Americanos de 2015 conquista duas medalhas de bronze (individual e por equipes)
  • Estreia Olímpica pelo Brasil na Rio 2016; eliminada nas quartas de final
  • Campeã mundial na espada feminina em 2019 e no mesmo ano medalha de bronze no Pan-Americano
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