Rayssa Leal: Por que o skate é o meu parque de diversões

Em entrevista exclusiva para o Olympics.com, um dos grandes nomes do skate mundial, Rayssa Leal, fala sobre o seu ritual nas competições, como Tóquio 2020 foi algo muito pessoal e por que ela já está otimista sobre suas chances nos próximos Jogos em Paris.

4 minPor Chloe Merrell e Marcella Martha
Rayssa Leal
(2021 Getty Images)

Pressão? Qual pressão?

Aos 14 anos de idade, a skatista atual medalhista de prata Olímpica do street, Rayssa Leal, sorri enquanto aproveita o sol romano durante uma entrevista exclusiva com o Olympics.com em junho, no primeiro evento de classificação para Paris 2024.

“Se der, deu, se não der, não deu. E tá tudo bem. No próximo vai dar”, diz a brasileira com tranquilidade.

Leal está descrevendo a filosofia pessoal que sustenta o seu skate competitivo.

Enquanto outros podem dar um passo em falso, pular e tropeçar sob o calor das luzes da competição lutando com o peso da expectativa para executar uma manobra em um esporte que é conhecido por ser imperdoável, Rayssa contempla a pista e vê uma imagem completamente diferente:

“É como se eu estivesse em um parque de diversões e só me divertindo”, explica. “Porque estou fazendo o que gosto e o que era meu sonho fazer. Então, chegar a campeonatos e estar com minha família, estar com meus amigos é ótimo.”

Ela confessa que mesmo em Tóquio 2020, quando conquistou a primeira medalha de prata Olímpica em uma competição feminina de skate em Jogos Olímpicos, ela ainda tinha essa abordagem imperturbável:

“É meio estranho dizer que (os Jogos) são apenas uma competição, porque não é. Mas para mim, competir é totalmente diferente. Estou apenas fazendo o meu melhor.”

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Rayssa Leal: por que a medalha de Tóquio 2020 significa tanto

É importante destacar que o 'melhor' de Rayssa é atualmente o melhor do mundo. E se sua abordagem soa por um segundo como se ela estivesse apenas em um bom momento, mesmo durante os Jogos, então isso é uma séria subestimação de seu talento.

Embora ela tenha sido derrotada para o ouro por Nishiya Momiji do Japão, com 13 anos. de idade, a brasileira é muito orgulhosa pela conquista.

“Os Jogos Olímpicos são um sonho para todos os atletas que sonham alto”, explica. “Eles eram para mim, assim como para minha mãe e para o meu pai.”

Os pais de Rayssa tinham aspirações para uma participação Olímpica. Ambos queriam competir nos Jogos e representar o país no futebol, esporte que o Brasil tem muito carinho. O fato de sua filha ter conseguido realizar os sonhos dos pais significa muito para a jovem skatista: “Consegui realizar esse sonho deles com o meu skate”, comentou.

Rayssa também tinha outra figura "familiar" ao seu lado quando foi prata em Tóquio: a brasileira Letícia Bufoni, 29 anos, seis vezes medalhista dos X Games no skate street.

As duas sempre compartilharam um vínculo particularmente único desde que Rayssa se tornou viral nas redes sociais há sete anos, pelo precoce talento no skate.

“Lelê (Leticia) é como minha mãe nas competições. Quando estamos viajando, saímos juntas, jantamos, nos divertimos, andamos de skate, fazemos tudo juntas – inclusive jogar futebol também. A gente é meio mãe e filha.”

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Rayssa Leal: confiante para Paris 2024

Desde o seu histórico pódio no Japão, Rayssa conseguiu resultados significativos, que destacaram-na como uma das maiores de sempre no esporte. Mais recentemente, ela conquistou a terceira vitória consecutiva na SLS (Street League Skateboarding) em Las Vegas, o que a torna favorita para faturar o Super Crown, em novembro, no Rio de Janeiro.

A brasileira disputa até 16 de outubro o STU Open também no Rio, em busca de mais uma vitória neste ano.

Mas mesmo agora com essa reputação de vencedora e a legião de seguidores que se juntaram a ela ao longo de sua jornada, Rayssa mostra que ainda não sente a pressão.

À medida que o ciclo de classificação para os próximos Jogos Olímpicos de Paris 2024 entra em pleno andamento, Rayssa é fonte de positividade, mesmo que as expectativas já aumentem:

“Paris 2024 é o próximo, estou super empolgada e confiante também. Espero estar lá representando o Brasil e o povo brasileiro."

“Sim, você tem essa responsabilidade, porque não é fácil chegar aos Jogos Olímpicos e competir. Você sente o peso de estar nos Jogos Olímpicos, mas só de estar lá representando o Brasil já é muito importante.”

E quanto a ela ganhar como parte de um pódio 100% brasileiro?

“Então a gente vai andar naturalmente e isso acontecerá naturalmente, né?”

Poucos, agora, ousam discordar.

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