A temporada 2023 do atletismo tem sido marcada pela quebra de muitos recordes. Sem dúvida, o destaque é a queniana Faith Kipyegon, que conseguiu o feito em três eventos diferentes em menos de 50 dias.
Com oito meses de temporada, sete recordes já foram quebrados.
E agora que todas as atenções estarão voltadas para o Mundial de Atletismo 2023, a ser realizado entre os dias 19 e 27 de agosto em Budapeste, na Hungria, chegou a hora de os atletas buscarem seu ápice de desempenho novamente.
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Com a presença dos melhores da modalidade na capital húngara, será que algum recorde será batido no Mundial desse ano?
Acreditamos que sim. O Olympics.com analisa alguma dos recordes mundiais que podem ser superados durante a competição.
Faith Kipyegon, 1500m e 5000m feminino
- Melhor marca pessoal: 3min49s11 (1500m, recorde mundial) / 14min05s20 (5000 m, recorde mundial)
- Atuais recordes mundiais: 3min49s11 (1500 m, Kipyegon, desde 2023) / 14min05s20 (5000m, Kipyegon, desde 2023)
Faith Kipyegon estará ansiosa para quebrar mais uma marca logo no primeiro dia do Mundial, quando será disputada a prova dos 1500m feminino, uma das duas nas quais competirá em Budapeste.
Seu objetivo principal é defender o título nos 1500m - só depois que ela irá descansar para tentar seu primeiro Mundial nos 5000m.
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Embora a ideia de superar seus recentes recordes mundiais possa não estar em sua mente enquanto ela se prepara para as corridas, a atleta queniana, na melhor forma de sua carreira aos 29 anos, pode cortar mais alguns segundos em qualquer uma das duas marcas que ela estabeleceu em junho passado.
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Jakob Ingebrigtsen, 1500m masculino
- Melhor marca pessoal: 3min27s14
- Atual recorde mundial: 3min26s00 (Hicham El Guerrouj, desde 1998)
Fazem 25 anos que ninguém consegue superar a emblemática performance de 3min26s00 feita por Hicham El Guerrouj, do Marrocos, nos 1500m masculino em Roma, no ano de 1998.
Esse recorde mundial vem resistindo às barreiras do tempo, com diversos campeões Olímpicos e Mundiais chegando perto de quebrá-lo.
Jakob Ingebrigtsen, o quarto homem mais rápido da história, já foi campeão Mundial Indoor e do Europeu outdoor nos 1500. Agora, ele está a apenas dois segundos da marca de El Guerrouj.
O norueguês de 22 anos melhorou seu recorde pessoal para 3m27s14 na Silésia, há apenas um mês, e é provável que ele aproveite qualquer chance de tentar bater o recorde do marroquino no próximo Mundial.
Karsten Warholm, 400m com barreiras masculino
- Melhor marca pessoal: 45s94 (recorde mundial)
- Atual recorde mundial: 45s94 (Warholm, desde 2021)
Outro forte candidato a quebrar mais um recorde mundial em Budapeste é Karsten Warholm.
O recordista mundial dos 400m está de volta à sua forma pré-olímpica ao se aproximar de seu quarto Campeonato Mundial. Invicto há 12 provas, o norueguês pode melhorar ainda mais sua marca de 45s94 na capital da Hungria.
Os fãs de atletismo adorariam ver Warlhom repetir a bela atuação que ele teve em Tóquio 2020, quando conseguiu quebrar o recorde mundial.
Agora totalmente recuperado da lesão no tendão que prejudicou sua performance na defesa do título dos 400m com barreiras no Mundial do ano passado, perdendo para o brasileiro Alison dos Santos em Eugene, nos Estados Unidos, o recorde mundial está de volta ao seu radar.
Mondo Duplantis, salto com vara masculino
- Melhor marca pessoal: 6m22 (Recorde Mundial)
- Atual recorde mundial: 6m22 (Duplantis, desde 2023)
Atual campeão Olímpico, Armand 'Mondo' Duplantis vive sempre no auge da sua forma, tentando alcançar marcas cada vez melhores.
Aos 23 anos, ele já quebrou o recorde mundial do salto com vara nada menos que seis vezes na carreira: a útima delas foi em uma etapa indoor do Tour da World Athletics na França, ao fazer 6m22.
O astro sueco já melhorou seu próprio recorde cinco vezes, sendo duas delas em campeonatos importantes.
Ele estabeleceu um recorde pela primeira vez no Mundial Indoor de 2022, em Belgrado, quando ultrapassou 6m20. Meses depois, ele aumentou a marca em um centímetro no Mundial outdoor, em Eugene.
Com 11 recordes mundiais já conquistados, Mondo tem boas chances de chegar ao de número 12 em Budapeste.
Yulimar Rojas, salto triplo feminino
- Melhor marca pessoal: 15m74 (recorde mundial)
- Atual recorde mundial: 15m74 (Rojas, desde 2022)
Ainda falando sobre as provas de campo, outra atleta que parece se sair bem sob pressão é Yulimar Rojas.
Detentora de duas medalhas Olímpicas (ouro em Tóquio 2020 e prata no Rio 2016), a venezuelana competiu pela primeira vez em um Mundial no ano de 2017, em Londres, ela saltava abaixo dos 14m. Hoje em dia, sua evolução foi tanta que ela busca a emblemática marca de 16m.
Rojas elevou o recorde mundial do salto triplo para 15m67 com a medalha de ouro nos Jogos da capital japonesa e conquistou seu terceiro título mundial consecutivo ao registrar 15m74 em março de 2022.
Será que a atual detentora da melhor marca mundial pode quebrá-la novamente? Ela adoraria, especialmente por não ter ficado totalmente satisfeita com "apenas" o terceiro título do mundo consecutivo em Eugene, nos EUA, ano passado.
Ryan Crouser, arremesso do peso masculino
- Melhor marca pessoal: 23m56 (recorde mundial)
- Atual recorde mundial: 23m6 (Crouser, desde 2023)
Atual campeão Mundial e disposto a superar todos os limites no arremesso de peso, Ryan Crouser é o homem a ser superado na prova.
O talentoso americano é responsável por dez das 14 melhores marcas da história do arremessso de peso - a última delas a de 23m56 feita em maio, quase 20 centímetros a mais que seu desempenho de destaque anterior, na seletiva americana de 2021, em Eugene.
Tendo aperfeiçoado sua nova técnica de arremesso, que ele chama de 'step through' ('passo através') ou 'Crouser slide' ('escorregada Crouser'), o atleta de 30 anos está arremessando cada vez melhor, e acredita que isso vai ajudá-lo a superar a barreira dos 24m na prova.
Sydney McLaughlin-Levrone e Marileidy Paulino, 400m feminino
- Melhor marca pessoal: Sydney McLaughlin-Levrone (48s74); Marileidy Paulino (48s98)
- Atual recorde mundial: 47s60 (Marita Koch, desde 1985)
O recorde mundial dos 400m feminino também pode cair em Budapeste.
As expectativas são altas, já que Sydney McLaughlin-Levrone , atual detentora do recorde mundial dos 400m com barreiras, competirá em sua primeira corrida rasa de uma volta no Mundial.
A detentora de duas medalhas de ouro nos Jogos de Tóquio (revezamento 4x400m feminino e 400m com barreiras) já quebrou o recorde mundial dos 400m com barreiras quatro vezes. Ela chega a Budapeste com um melhor tempo mundial de 48s74.
Será um duelo e tanto com a dominicana Marileidy Paulino, prata nos 400m e no revezamento 4x400m misto nos Jogos da capital japonesa e que vive excelente fase na temporada de 2023.
Com as duas na pista, o duelo nos 400m certamente vira uma ameaça à quebra do recorde mundial de Marita Koch, cujos 47s60 seguem vigentes desde 1985.
Lamecha Girma e Soufiane El Bakkali, 3000m com obstáculos masculino
- Melhor marca pessoal: Lamecha Girma - 7min52s11 (recorde mundial); Sofiane El Bakkali - 7min56s68
- Atual recorde mundial: 7min52s11 (Girma, desde 2023)
O recorde mundial dos 3000m com obstáculos masculino foi um dos mais difíceis de ser batido.
A melhor marca anterior de 7min53s63, estabelecida em 2004 por Saif Saaeed Shaheen, do Qatar, permaneceu intacta por 20 anos, até que o etíope Lamecha Girma, prata na prova em Tóquio 2020 e no Mundial, conseguiu um desempenho de 7min52s11 na etapa de Paris da Liga Diamante, em junho.
No mês de maio, durante a etapa de Rabat da Liga Diamante, o marroquino Soufiane El Bakkhali, atual campeão Olímpico e Mundial, ficou perto de baixar o recorde, mas fechou a prova em 7min56s68.
A corrida pelo ouro em Budapeste pode valer também o recorde mundial, com os dois melhores atletas da prova enfrentando-se pela terceira vez seguida, após Tóquio 2020 e o Mundial de 2022, em Eugene.
María Pérez e Kimberly García, marcha atlética de 35km
- Melhor marca pessoal: María Pérez 2h37min15s (recorde mundial); Kimberly García 2h37min44s
- Atual recorde mundial: 2h37min15s (Pérez, desde 2023)
Cinco meses após o início da nova temporada, o recorde mundial da marcha atlética de 35km feminino foi quebrado duas vezes.
A primeira vez foi de autoria da peruana Kimberly Garcia, que tirou dois segundos da melhor marca anterior no primeiro evento de categoria A do circuito mundial da temporada, em Dudince, na Eslováquia, com 2h37min44s.
Em seguida, a espanhola Maria Perez quebrou aquele recorde mundial por quase meio minuto no Campeonato Europeu de Marcha Atlética, em maio.
As duas melhores competidoras da marcha atlética devem se enfrentar em Budapeste no que pode ser uma das principais competições em que um recorde pode cair. O quão rápido elas podem cruzar a linha de chegada?