Equipe do Brasil garante prata inédita no adestramento do Pan 2023, mas acaba apenas com vaga individual em Paris 2024
Conjunto brasileiro termina competição por equipes nos Jogos Pan-Americanos 2023 na segunda posição, seu melhor resultado na história do evento. Contudo, as três montarias precisavam atingir índice até dezembro, o que não aconteceu. Mudança já foi confirmada pela federação internacional.
Depois de cinco medalhas de bronze, a equipe de adestramento do Brasil conquistou uma prata inédita nos Jogos Pan-Americanos 2023 em Santiago, no Chile. O resultado daria ao conjunto nacional também uma vaga na modalidade nos Jogos Olímpicos Paris 2024.
Entretanto, o Brasil precisava confirmar a vaga também pelo índice mínimo exigido aos Jogos Olímpicos nas três montarias, ou seja, cada atleta tinha de ter duas provas acima de 67% no calendário internacional e por dois juízes L4 em cada prova até o fim do ano. Como não conseguiu, a vaga da equipe passou para uma individual.
João Victor Oliva e Renderson de Oliveira já atingiram esse requisito e estão aptos a representar o Brasil com essa cota individual atribuída ao país, já atualizada pela Federação Internacional de Hipismo (FEI, em francês).
Como os Comitês Olímpicos Nacionais têm autoridade exclusiva sobre a representação de seus respectivos países nos Jogos Olímpicos, a participação dos atletas nos Jogos de Paris depende de seus CONs selecioná-los para representar sua delegação em Paris 2024.
O país terminou na segunda posição com 443,343% após a disputa do Grand Prix Special, o segundo dia de competições entre os conjuntos. No primeiro dia, os brasileiros também ficaram na segunda posição e alcançaram 221,151% na somatória das três melhores apresentações (a pior nota é descartada).
A medalha de ouro ficou com os EUA, que obteve 450,670% em suas duas apresentações. Como os norte-americanos já tinham assegurado a vaga Olímpica no Mundial de 2022 da modalidade, a equipe do Canadá, bronze nos Jogos Pan-Americanos 2023, também obteve a cota continental.
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Prata inédita do adestramento no Pan 2023 foi confirmada na última montaria
O Brasil começou a disputa do Grand Prix Special no segundo dia do adestramento por equipes nos Jogos Pan-Americanos 2023 com um desempenho bastante semelhante à etapa de Grand Prix no domingo, dia 22.
Paulo César dos Santos, com Fidel da Sasa JE, obteve 68,638%, melhorando em quase um ponto sua apresentação na abertura da competição – nota que realmente foi descartada na classificação final.
Já Manuel Rodrigues Tavares, com Rosa Belle, obteve 68,894%, ligeiramente inferior aos 69,369% do primeiro dia. A nota de Paulo César mais uma vez seria descartada na classificação.
A esta altura, Canadá conseguiu ultrapassar o conjunto brasileiro na classificação, impulsionado pelos desempenhos de Camile Bergeron (com Sound of Silence 4) e Mathilde Treteault (com Fedor). As duas juntas conseguiram melhorar 3,6 pontos do primeiro dia, colocando a equipe canadense atrás dos EUA.
Renderson de Oliveira, com Fogoso Campline, conseguiu 74,936% em sua nota, recolocando o Brasil na segunda posição, apenas 0,232 pontos à frente dos rivais da América do Norte. A definição da medalha ficou realmente para as duas últimas montarias: Naima Moreira-Laliberté, com Statesman, e João Victor Oliva, com Feel Good VO.
A canadense foi a penúltima a se apresentar no picadeiro em Santiago. Ela conseguiu 72,021% em sua nota, piorando o desempenho em relação ao Grand Prix no primeiro dia e tendo a pontuação cortada da classificação por ser o pior conjunto do Canadá no dia. Com isso, João Victor Oliva se apresentou já com a prata garantida e conseguiu 78,632, a segunda maior nota do dia.
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João Victor Oliva consegue maior nota nos dois primeiros dias
Além da prata inédita, o Brasil conseguir outro feito na disputa individual do adestramento nos Jogos Pan-Americanos 2023. João Victor Oliva avançou para o terceiro – e decisivo – dia de disputa com a maior nota entre todas as montarias. A final será na quarta-feira, 25 de outubro, a partir das 11h com a prova de Grand Prix Freestyle.
Ele conquistou 154,840% na somatória das apresentações, sendo 76,748% no primeiro dia (maior nota) e 78,362% no segundo (vice-líder). A segunda posição foi da norte-americana Sarah Tubman, com 152,937%, e o equatoriano Julio Mendoza Loor o terceiro com 152,552%. O também brasileiro Renderson Oliveira teve a quarta maior somatória, com 150,240%.
A única medalha individual do Brasil no adestramento na história dos Jogos Pan-Americanos foi o bronze de Orlando Facada na edição de 1983, em Caracas. Uma eventual medalha de João Victor Oliva também o faz seguir os passos da mãe, Hortência Marcari, lenda do basquete brasileiro e campeã pan-americana em 1991, em Havana.
As reações dos medalhistas de prata
"Eu avalio minha participação de uma forma muito positiva, o meu primeiro Pan, tive muito trabalho de curto prazo, meu cavalo respondeu muito bem, ontem tive muitos erros e hoje consegui melhorar", disse Paulo César dos Santos para o Olympics.com após a apresentação. "Melhorei as transições, trabalhei bastante isso no paddock, cravei as linhas de mudança, foi bom", acrescentou o paulista de Martinópolis sobre seu conjunto com Fidel, da fazenda Sasa.
"Estou com este conjunto há pouco tempo, três meses e meio, é muito pouco para o adestramento. Ontem não tive o índice, não foi como eu queria, a ideia é fazer uma prova nos Estados Unidos, no fim de novembro e depois em dezembro. Não é o tempo desejável para isso por conta do desgaste da viagem, mas a gente vai ter que descobrir", falou Manuel Tavares.
"Continuo bem contente com meu cavalo e meu desempenho. Tive dois erros, mas mesmo assim a minha nota não foi ruim", comentou Renderson sobre sua apresentação nesta segunda-feira.
O que disseram os brasileiros após a cerimônia de premiação
"Paciência, dedicação e amor ao animal, tem que deixar florescer o amor pelo conjunto. É preciso haver respeito mútuo, caso contrário naão rola nada", disse Manuel Tavares em relação ao segredo de um bom conjunto.
"Estou emocionado e é uma honra dividir o time com esse pessoal", falou Paulo César após o pódio.
Emocionado, Renderson foi curto: "Estou me sentindo muito bem hoje. Imaginar tantas conquistas, a gente sempre imagina. Agora é curtir o momento e voltar a trabalhar, Paris está logo aí",
"É muito gratificante representar o país no principal evento do planeta, ainda mais três vezes. Somos uma equipe muito unida e podemos fazer bonito lá também", salientou João Victor Oliva com a medalha ao peito. "Frieza na hora da prova é fácil. Difícil é assistir os caras e ficar só no olho. Quem está preparado não fica nervoso, e eu trabalho sempre pra isso. Eu quando monto estou tranquilo, tenho o controle", completou.