Nicole Silveira inicia novo ciclo Olímpico no skeleton após resultado histórico em Beijing 2022
A dona do segundo melhor resultado do Brasil em Jogos Olímpicos de Inverno retorna às competições visando Milano Cortina 2026. Ela contaria com a ajuda da equipe de sua namorada, Kim Meylemans, mas um acidente da belga nos treinos interrompeu os planos do casal. Confira a entrevista para o Olympics.com.
O último ciclo Olímpico de Nicole Silveira começou com ela aprendendo um novo esporte, o skeleton, e terminou com a 13ª colocação nos Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022, em fevereiro. Dona do segundo melhor resultado do Brasil no evento, ela começa um novo ciclo neste mês.
Sua primeira competição será a Copa América em Whistler, em 11 e 12 de novembro, e a partir do dia 24 ela já começa a disputa da Copa do Mundo, circuito de elite da modalidade, que vai até fevereiro.
Nicole conversou com o Olympics.com antes de iniciar a temporada, comentando seu retorno à enfermagem após se tornar atleta Olímpica e explicando por que ela havia decidido compartilhar a equipe com sua namorada, a Kim Meylemans, que também é atleta de elite do skeleton, antes da belga sofrer um acidente nos treinos.
“Vou tentar trazer esse mesmo espírito da competição das Olimpíadas para as Copas do Mundo”, disse a atleta. Confira a entrevista, saiba o calendário de Nicole nesta temporada e onde assisti-la.
Trabalho em dobro
Após Beijing 2022, Nicole tirou merecidas férias, mas logo voltou à rotina como enfermeira em Calgary, no Canadá. Por um lado, ela está mais acostumada à anual transição entre as duas funções. Por outro, seus treinos têm ficado mais exigentes, o que aumenta o seu desgaste.
“O ano que eu comecei no skeleton foi o ano em que eu me formei. Então era difícil trabalhar seis meses, aprender várias coisas e depois ficar fora seis meses. Eu tinha que relembrar tudo que eu aprendi lá atrás”, afirmou.
“Ano passado eu consegui sacrificar mais e trabalhei um número menor de horas por semana para focar no meu desempenho esportivo. Esse ano tive que voltar a como era antes, então estou trabalhando o dobro e treinando igual ao ano passado. É puxado mesmo.”
Nicole e Kim, unidas dentro e fora do gelo
Nicole continua ao lado do treinador Joseph Cecchini, e planejava compartilhar o resto da equipe com Kim Meylemans, antes da belga sofrer um acidente em um dos treinos e quebrar os dois tornozelos.
Nos últimos anos, Nicole viu de perto as boas condições que Meylemans teve para se desenvolver no skeleton. Enquanto sua namorada recebia um salário robusto do governo para ser atleta, Nicole fazia contas entre dólares e reais para lidar com os gastos de uma modalidade cara.
“Os últimos anos foram estressantes por conta do meu trabalho e pela parte financeira, a preocupação de não ter o suficiente para fazer uma temporada completa do jeito que eu gostaria. Isso me estressou bastante. Estou feliz por poder focar só no esporte e não ter outras preocupações”, contou.
Nicole e Meylemans chegaram a esse acordo para garantir que a competição esportiva não afetasse o relacionamento pessoal delas.
“Acho que a gente teve que fazer assim. Conversamos bastante sobre como ia ser e decidimos que o melhor jeito é compartilhar tudo, porque se começar com segredos e não contar alguma coisa, isso afeta no pessoal e no esportivo. Como estamos convivendo juntas, a gente tem que dividir essas informações. Continuamos juntas fora e agora dentro do gelo também.”
No entanto, como Meylemans está fora pelo menos da primeira parte da temporada, a sua equipe não viajou para o Canadá.
Foco na Copa do Mundo
Nicole ficou em 18ª no ranking geral da Copa do Mundo de skeleton na última temporada, resultado que ela superou nos Jogos de Inverno. Sem a pressão de conseguir a classificação Olímpica, seu foco neste ano é se testar. Por isso, ela disputará mais etapas da Copa do Mundo, sem priorizar os circuitos menores da Copa América e Copa Intercontinental.
“Fiz 17 competições na última temporada, o que é muito. Talvez não precisasse de tanto. Mas não queríamos arriscar [a vaga Olímpica]. Agora queremos focar mais na Copa do Mundo. Sou uma atleta mais forte depois dos Jogos Olímpicos, então é bom ficar nessa rotina”, disse.
Nicole revelou que sentia que, por mais que estivesse competindo com as melhores do mundo, “não sentia que era uma delas”.
“Senti a diferença da importância que as atletas dão aos detalhes”, acrescentou. “Ainda sou nova no skeleton, mas não no esporte. Poucas atletas aposentaram depois de Pequim, então ainda tenho muito que aprender. Temos planos de testar equipamentos para ver o que funciona melhor para mim.”
Ainda no começo de uma nova jornada, Nicole sonha com Milano Cortina 2026, sabendo que o trabalho começa desde agora.
“Se eu for dar um número, eu gostaria de ficar entre as 15 do ranking mundial e continuar avançando, sabendo que esse é o primeiro ano de quatro. É bom ter grandes objetivos, medalhas e tal, mas o objetivo final é daqui a quatro anos. Devagarinho e sempre.”
Calendário de Nicole Silveira no skeleton, temporada 2022/2023
- Copa América – Whistler, Canadá – 11 e 12 de novembro de 2022 - 2ª colocada
- Copa do Mundo – Whistler, Canadá – 24 de novembro de 2022 - 8ª colocada
- Copa do Mundo – Park City, EUA – 1 de dezembro de 2022 - 10ª colocada
- Copa do Mundo – Lake Placid, EUA – 16 de dezembro de 2022
- Copa do Mundo – Winterberg, Alemanha – 6 de janeiro de 2023
- Copa do Mundo – Altenberg, Alemanha – 13 e 20 de janeiro de 2023
- Copa do Mundo – St. Moritz, Suíça – 26 e 27 de janeiro de 2023
- Copa do Mundo – Innsbruck, Áustria – 10 de fevereiro de 2023
- Copa do Mundo – Sigulda, Letônia – 17 de fevereiro de 2023
As etapas da Copa do Mundo de skeleton têm transmissão do site oficial da IBSF (Federação Internacional de Bobsled e Skeleton).