Liga das Nações de Vôlei feminino 2023: Brasil e Sérvia, um confronto que está entrando para a história

Exatamente oito meses após decidirem o Mundial de 2022, as seleções do Brasil e da Sérvia voltam a se enfrentar em quadra na fase inicial da Liga das Nações de Vôlei feminino 2023. Rivalidade entre os dois países aumentou nos últimos anos graças aos duelos decisivos na elite da modalidade. 

6 minPor Gustavo Longo
Brasil e Sérvia em Tóquio 2020
(Toru Hanai/Getty Images)

Toda grande seleção possui um rival à altura para duelar pelos principais campeonatos de sua modalidade. No caso da atual geração de mulheres da seleção brasileira de vôlei, a Sérvia está ocupando essa posição nos últimos anos. Os dois países voltam a se encontrar nesta quinta-feira, 15 de junho, pela Liga das Nações de Vôlei feminino 2023.

O país do leste europeu não é o único grande rival do Brasil na modalidade. Os confrontos contra as seleções dos Estados Unidos e da Itália, por exemplo, também se destacam entre os torcedores. As americanas, por exemplo, evitaram o ouro Olímpico em Tóquio 2020. As italianas, por sua vez, derrotaram as brasileiras na final da Liga das Nações de 2022.

“Acredito muito no potencial dessas meninas. E trabalho, não tem outra forma. Tem que jogar contra equipes como a Sérvia, Itália, Japão. Esses times que, para gente ser protagonista no mundo, tem de dar esse passo para o futuro”, comentou o técnico José Roberto Guimarães após a final do Mundial de 2022 ao GE.com.

Foi lá que ocorreu uma das duas derrotas marcantes diante da Sérvia – ambas no Campeonato Mundial. Na decisão, o país europeu venceu por 3 x 0 com grande atuação de Tijana Bošković, uma das maiores jogadoras da atualidade. O resultado impediu que o Brasil conquistasse o único título que falta em sua coleção (foi vice também em 1994, 2006 e 2010).

Quatro anos antes, no Mundial de Vôlei de 2018, as sérvias venceram as brasileiras por 3 x 0 na fase de grupos. O tropeço dificultou a caminhada do país na segunda fase, que terminou na sétima posição. A Sérvia conquistou seu primeiro título mundial na ocasião.

A lamentação pelos resultados adversos é maior porque representam as únicas derrotas sofridas pelo Brasil diante da equipe rival nas últimas cinco temporadas. De 2018 para cá, desde a criação da Liga das Nações de Vôlei feminino, as duas seleções se enfrentaram nove vezes – e em sete delas as brasileiras foram vitoriosas.

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Liga das Nações de Vôlei feminino 2023: mais uma revanche brasileira?

O confronto entre os dois países na fase de grupos pode representar mais uma revanche para a equipe brasileira. Na Liga das Nações de Vôlei feminino de 2022, o time venceu as sérvias por 3 a 0 na fase de grupos e, posteriormente, por 3 a 1 na semifinal – as rivais jamais chegaram à final da competição.

Outra vitória do Brasil bastante comemorada em cima da Sérvia aconteceu nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. O triunfo de 3 a 1 na fase de grupos abriu caminho para as brasileiras nas eliminatórias e colocou as sérvias na mesma chave de Estados Unidos e Itália – favoritas, elas ficaram com o bronze.

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Relembre rivalidades da seleção feminina

Enfrentar grandes seleções nas finais dos principais campeonatos é uma tradição da seleção feminina de vôlei do Brasil. Alguns confrontos entraram para a história da modalidade. Confira:

Brasil x Peru – anos 1980

Numa época em que o Brasil sonhava com conquistas maiores, era o Peru que desafiava a seleção feminina no continente. Com jogadoras como Cecilia Tait e Gaby Pérez del Solar, elas foram medalhistas de prata nos Jogos Olímpicos Seul 1988, além de enfrentarem o Brasil de Isabel Salgado e Vera Mossa nas fases finais do Sul-Americano naquela década.

“O Peru teve uma geração brilhante. O vôlei alcançou uma popularidade impressionante no país. Disputei muitas partidas com o ginásio lotado em Lima, uma idolatria. Era, ao lado do Brasil, a seleção mais forte da América do Sul. Consequentemente, sempre estava em jogo muita coisa”, comentou Isabel, falecida em 2022, em entrevista ao portal Superesportes em 2019.

Brasil x Cuba – anos 1990

Com Ana Moser de destaque, o Brasil alcançou o pódio dos grandes eventos nos anos 90: bronze Olímpico em Atlanta 1996 e Sydney 2000, vice-campeonato mundial em 1994 e os títulos do Grand Prix em 1994, 1996 e 1998. Nestas competições, a seleção de Cuba com Mireya Luis e Regla Torres sempre esteve no caminho.

“Era um jogo sempre muito difícil, tínhamos de entrar a 110%, 120% para fazer frente. Vencemos jogando assim, perdemos quando não conseguíamos fazer frente mesmo assim. Tínhamos que colocar pressão para que elas não jogassem nos 100% delas”, afirmou Ana Moser em 2020 ao GE.com.

Brasil x Rússia – anos 2000

As grandes conquistas do vôlei feminino do Brasil são os títulos Olímpicos em Beijing 2008 e Londres 2012. Em ambas o país se vingou da Rússia, de Ekaterina Gamova, que o derrotou nas finais dos Mundiais de 2006 e 2010. O ponto alto foi o duelo nas quartas de final dos Jogos Olímpicos de 2012. Com grande atuação de Sheilla, as brasileiras salvaram cinco match points e venceram por 3 a 2.

“Quando a Rússia virou aquele também, veio a derrota nos Mundiais que a gente teve para elas e falei: ‘nem ferrando que vou perder para elas de novo’. Eu olhava para a Dani e pensava na próxima bola. Eu atacava a bola, fazia o ponto, ia para o saque, não passou nada na minha cabeça, não escutava nem o Zé [Roberto Guimarães, técnico brasileiro]”, comentou Sheilla em entrevista à ESPN Brasil em 2022.

Brasil x EUA – anos 2010

Os confrontos entre Brasil e Rússia foram marcantes, mas decisivos também foram os confrontos contra os Estados Unidos ao longo da última década. Para se ter uma ideia, os dois países se encontraram em três das últimas quatro finais Olímpicas (2008, 2012 e 2020), além da semifinal do Mundial de 2014 (com vitória norte-americana) e das finais da Liga das Nações de 2019 e 2021.

“Os Estados Unidos jogaram melhor do que a gente, vem fazendo um ciclo muito bom. Nas três finais que fizeram com a gente, elas ganharam. Então elas foram coroadas pelo ciclo que fizeram”, contou Natália ao GE.com após a final em Tóquio 2020.

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