Liga das Nações de Vôlei feminino 2023: Brasil e República Dominicana defendem seus legados

Enquanto seleção brasileira tem José Roberto Guimarães no comando técnico há 20 anos, seu ex-assistente Marcos Kwiek já treina a seleção dominicana há 16 temporadas. Os dois voltam a se enfrentar na Liga das Nações de Vôlei feminino 2023 neste sábado, 3 de junho, para mostrarem a importância da continuidade. 

5 minPor Gustavo Longo
Marcos Kwiek orienta jogadoras da República Dominicana em Tóquio 2020
(Toru Hanai/Getty Images)

Quando Brasil e República Dominicana se enfrentarem na Liga das Nações de Vôlei feminino 2023, não estará em jogo apenas o resultado na competição, mas o próprio legado que os dois países construíram no vôlei. As seleções se enfrentam na noite de sexta para sábado, 3 de junho, às 0h40, pela primeira fase.

Se na equipe brasileira o técnico José Roberto Guimarães está há 20 anos no comando técnico, seu ex-assistente Marcos Kwiek trilha o mesmo caminho no time dominicano. Assumiu a seleção em 2008, antes dos Jogos Olímpicos Beijing 2008. São 16 anos à frente do país, trabalhando para chegar em Paris 2024 e, ao que tudo indica, Los Angeles 2028.

Nesse período, as duas seleções reescreveram suas histórias no vôlei feminino. José Roberto Guimarães conquistou dois títulos Olímpicos (Beijing 2008 e Londres 2012) e uma prata (Tóquio 2020) com o Brasil. Kwiek, por sua vez, alçou a República Dominicana à nona posição no ranking internacional da modalidade, à frente de países históricos, como Cuba e Peru.

Entre os feitos que ele conquistou estão a quinta posição no Mundial de 2014 – até então, o melhor resultado dominicano era a 12ª posição em 1998. Também avançou às quartas de final nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 e Tóquio 2020. Por fim, foi sexto colocado na Liga das Nações de vôlei feminino em 2021, além do ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2019.

“Hoje, o voleibol feminino é uma referência no país. Mas foi uma longa trajetória para chegarmos onde estamos hoje. A nossa captação é no boca a boca, de bater na porta, de ver na rua. Ainda não é um projeto que caminha pelas próprias pernas”, comentou Marcos Kwiek em entrevista ao jornal O Globo, em 2021.

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Marcos Kwiek também remodela República Dominicana na Liga das Nações de Vôlei feminino 2023

Se o trabalho ainda tem a evoluir, é inegável que em 16 anos Marcos Kwiek precisou fazer trabalhos de renovação do elenco – da mesma forma que José Roberto Guimarães na equipe brasileira. Na Liga das Nações de Vôlei feminino 2023, nomes consagrados do país dividem a quadra com jovens jogadoras.

São os casos, por exemplo, de Samaret Caraballo, 23 anos, Yaneirys Rodríguez, 22, e Geraldine González, 21, todas convocadas para esta primeira fase da competição. Estrelas dominicanas como Bethania de la Cruz, 36, e Brenda Castillo, 30, ficaram de fora neste primeiro momento. Outras, como as irmãs Brayelin e Jineiry Martínez, ganham ainda mais protagonismo.

Fazer mudanças na equipe não é novidade para Kwiek, que assumiu em 2008 justamente para rejuvenescer a equipe. Em sua convocação para o Grand Prix daquela temporada, ele já deu as primeiras oportunidades para Bethania de la Cruz, Lisvel Eve e Niverka Marte – todas ainda na ativa, enquanto aproveitava jogadoras mais experientes, como Annerys Vargas, Cosiri Rodríguez e Prisilla Rivera.

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(Toru Hanai/Getty Images)

Trabalho de quatro anos caminha para duas décadas

Marcos Kwiek era o assistente de José Roberto Guimarães entre 2003 e 2007 na seleção feminina de vôlei do Brasil. Ele esteve no início de trabalho que forjou algumas das principais jogadoras do Brasil, como Sheilla, Mari, Fabiana Claudino e Jaqueline. Mesmo assim, antes da campanha que resultou no ouro em Beijing 2008, resolveu encarar o desafio de comandar uma seleção.

“Fui para receber a metade em comparação ao meu salário no Brasil, mas via uma oportunidade fantástica de uma carreira internacional. Com a seleção, eu teria chances de competir no Grand Prix e brigar para ir às Olimpíadas”, comentou em entrevista à Folha de S. Paulo em 2021.

Mais do que brigar, seu trabalho colocou a República Dominicana como uma das principais seleções na modalidade. Hoje, são figuras constantes nas fases decisivas das grandes competições, como a Liga das Nações de Vôlei feminino 2023. Tanto que o trabalho inicial de quatro anos até Londres 2012 foi esticado para Paris 2024 e com ideia de chegar a Los Angeles 2028.

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José Roberto Guimarães e Marcos Kwiek: mestre e ‘ex-criatura’

Sempre quando Brasil e República Dominicana se enfrentam, é natural relembrar a relação entre José Roberto Guimarães e Marcos Kwiek no início do trabalho na seleção brasileira de vôlei.

“O Zé foi quem me abriu as portas do alto rendimento, é a minha referência, e jogar contra o Brasil é sempre um aprendizado”, chegou a comentar o treinador da equipe dominicana à Folha de S. Paulo em 2021.

Entretanto, após 16 anos de trabalho com resultados históricos e a construção de um próprio legado no vôlei mundial, Marcos Kwiek não pode ser visto mais como a “criatura” forjada pelo trabalho de José Roberto Guimarães. Hoje, ele também já é referência para treinadores mundo afora, como prova a participação do país na Liga das Nações de Vôlei feminino 2023.

“O Marquinhos sabe trabalhar, tem um carinho muito grande por aquilo que faz. Ele vive voleibol 24 horas por dia. Eu tenho um carinho muito grande por ele, porque vi o Marquinhos nascer como técnico”, afirmou o técnico da seleção brasileira no já distante ano de 2014 em entrevista ao GE.com.

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