Maria Suelen Altheman se aposenta: 'Eu fui muito feliz na minha carreira'
Judoca brasileira pendura o judogi após ter disputado três edições de Jogos Olímpicos. Em Mundiais, foi prata em duas ocasiões. Grande nome da modalidade no país, dedicou metade dos seus 34 anos à seleção nacional e agora se prepara para assumir função como treinadora.
Maria Suelen Altheman optou por colocar fim à carreira no judô de alto rendimento, aos 34 anos. Dedicou metade da sua vida à seleção nacional e tornou-se um dos maiores nomes da modalidade no Brasil e no mundo dentro do peso pesado feminino (acima de 78kg).
Paulista da cidade de Amparo, Suelen disputou três Jogos Olímpicos, nove edições de Mundiais, dois Jogos Pan-americanos e dezenas de etapas do Circuito Mundial de Judô. Sua última competição oficial foi Tóquio 2020 em 2021, onde sofreu ruptura do tendão patelar do joelho esquerdo durante combate contra a francesa Romane Dicko nas quartas de final.
“Eu já vinha amadurecendo essa ideia de tirar o pé do acelerador depois da Olimpíada (de Tóquio). Lá, eu acabei me machucando, cheguei no Brasil, fiz uma cirurgia de joelho e, no tempo de recuperação, amadureci ainda mais a ideia de parar", disse Suelen para a Confederação Brasileira de Judô (CBJ).
Suelen iniciou no judô aos dez anos de idade, em um projeto social em sua cidade natal. Passou por clubes como o São Caetano, a Associação Rogério Sampaio e, por último, o Pinheiros. Foi neste clube, inclusive, que começou a transição da carreira de atleta para a de treinadora, incentivada pelos medalhistas Olímpicos Tiago Camilo e Leandro Guilheiro.
O Olympics.com relembra abaixo a trajetória e as principais conquistas de Maria Suelen Altheman.
Antes dentro e agora fora do tatame, uma vida dedicada ao judô
Foram 17 anos de seleção Brasileira com aproximadamente 60 medalhas obtidas em competições internacionais. Três delas em Mundiais (duas de prata e uma bronze). Também três em Masters, e 18 em Grand Slam. Nos Grand Prix, conquistou 18 além dos pódios continentais. Um currículo indiscutível que escancara toda uma vida dedicada à modalidade. Não há dúvidas de que deixa um legado para o judô do Brasil.
A partir de agora ela passa a se dedicar integralmente à carreira de treinadora. Sobre as novas funções, assim colocou em nota da Confederação Brasileira de Judô (CBJ): "Era uma coisa que eu tinha muita vontade de fazer: poder trabalhar com os atletas e estar do outro lado agora. É engraçado que os planos continuam os mesmos. É sempre medalha e resultados. Só que, agora, é com os atletas."
Recordações e realizações da judoca de uma vitoriosa geração
Maria Suelen foi medalhista de prata em Mundiais em duas ocasiões e faz parte de uma geração de judocas que proporcionou ao país inúmeras conquistas. É contemporânea da campeã Olímpica, Sarah Menezes, e de Erika Miranda, que acabaram por também se tornar treinadoras.
"É muito bom ver as mulheres ganhando cada vez mais espaço, porque a mulher tem muito a passar e tem muito conhecimento. E também tem essa parte que a mulher precisa de outra para conversar e ter uma troca. Eu acho que a evolução do judô feminino vem muito dessa união do grupo", ressaltou Maria Suelen para a CBJ.
Na bagagem de recordações, lembra-se com carinho de acontecimentos históricos: “Em 2017, quando o feminino e o masculino passaram a lutar juntos. Competição por equipes marca muito”, revelou para a CBJ.
Ao mesmo tempo ela disse qual foi sua maior conquista: “A disputa do bronze no Mundial de 2021, que foi onde eu ganhei da cubana Idalys Ortiz. Ela era, até então, a atleta que eu nunca tinha ganhado.” Uma vitória que colocou abaixo um jejum: "Ganhar dela em uma disputa de bronze, no Campeonato Mundial, onde eu vinha de 16 derrotas, foi quebrar um tabu”, confessou.
Em comunicado da CBJ, Maria Suelen finaliza se sentindo realizada: "Eu fui muito feliz na minha carreira. Independentemente de não ter conquistado a medalha Olímpica, eu me realizei...o judô é uma família. Aproveitei bastante tudo isso aqui."
Os principais resultados de Maria Suelen Altheman
- Jogos Olímpicos: Londres 2012 (5º lugar), Rio 2016 e Tóquio 2020 (7º lugar);
- Jogos Pan-Americanos: bronze em Guadalajara 2011 e em Toronto 2015;
- Mundiais Individuais: prata na Rio 2013, prata em Chelyabinsk 2014 e bronze em Budapeste 2021;
- Mundiais por Equipes (feminina e mista): prata na Rio 2013, prata em Budapeste 2017, bronze em Tóquio 2019 e em Budapeste 2021;
- Masters: prata em Tyumen 2013, bronze em São Petersburgo 2017 e em Guangzhou 2018;
- Campeonatos Pan-americanos: uma de ouro, três de prata e cinco de bronze;
- 18 medalhas em Grand Slam: cinco de ouro, três de prata e dez de bronze;
- 9 medalhas em Grand Prix: três de ouro, quatro de prata e duas de bronze.