A seleção brasileira já é medalhista no vôlei feminino nos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023. Nesta quinta-feira (26), o time comandado por Paulo Coco disputa a final contra a República Dominicana e vai recolocar o Brasil no pódio, o que não acontecia desde a edição de Toronto 2015. A conquista marca mais um importante capítulo na renovação pela qual o vôlei feminino brasileiro passa atualmente.
Como já é de costume, o Brasil não levou ao Chile a sua seleção principal, que disputou a Liga das Nações e o Pré-Olímpico. A equipe contou, então, com algumas jogadoras que estiveram nestes torneios, mas com pouco espaço, além de jovens nomes que vêm se destacando nas competições de base, resultando em uma média de idade de 24 anos.
Luzia Nezzo, de 19 anos, e Helena Wenk, de 18, foram alguns dos nomes que mais se destacaram em Santiago 2023. A dupla gigante, de 1,97m e 1,99m, respectivamente, esteve na campanha que rendeu o bronze no Mundial Sub-21 deste ano e mostra grande potencial para o futuro.
A renovação do vôlei feminino do Brasil
O Brasil se tornou uma potência mundial no vôlei feminino já há alguns anos. Sob comando de José Roberto Guimarães, o país conquistou a inédita medalha de ouro olímpica em Beijing 2008, seguido do bicampeonato em Londres 2012.
Em 20 anos de trabalho, Zé Roberto já passou por diversas renovações de elenco, com o adeus de algumas craques e o nascimento de outras tantas. Foi assim quando assumiu o cargo em 2003 e tem sido assim desde o ciclo de Tóquio 2020, quando foi medalha de prata.
Já nos Jogos Olímpicos, algumas jogadoras se estabeleceram como os grandes nomes da nova geração, casos de Gabi e Carol, por exemplo. A competição, porém, também marcou a despedida de outros grandes nomes como Fernanda Garay e Natália.
O processo de renovação continuou a ser visto de forma concreta na Liga das Nações de 2022, quando apenas quatro das 19 atletas que estiveram em Tóquio foram convocadas. Julia Bergmann, com 21 anos na época, e Kisy, com 22, foram alguns dos destaques que lideraram o time ao vice-campeonato. O mesmo aconteceu no Mundial do mesmo ano, quando o Brasil também foi prata, e as duas se firmaram na seleção.
Em 2023, esse time, ainda em construção, foi posto à prova novamente. Mesclando as jovens, mas já experientes líderes, com estas novas e promissoras atletas, a seleção contou ainda com o retorno da veterana Thaisa para a Liga das Nações, mas acabou eliminada ainda nas quartas de final. Já no Pré-Olímpico, a equipe, quase sem mudanças, teve dificuldades, mas conseguiu assegurar a vaga em Paris 2024 e passar pelo mais importante teste do ciclo.
Santiago 2023: olhando para o futuro
Em Santiago, Naiane, Maiara Basso e Tainara foram os elos entre a equipe principal e o jovem time convocado. A última, inclusive, tem apenas 23 anos e é um destes nomes da nova geração que já vem se consolidando na seleção brasileira, tendo conquistado a prata da VNL em 2019 e 2022, além de três títulos sul-americanos (sub-18, sub-20 e adulto).
Paulo Coco, comandante do time no Chile, destacou desde o início da competição a importância dessa mescla de idades e troca de experiências no desenvolvimento dessas jovens jogadoras. Assim, além da medalha, essa é a principal conquista do vôlei feminino brasileiro, pensando no futuro da modalidade.
Visando os próximos ciclos também, José Roberto Guimarães foi anunciado como o novo coordenador técnico das seleções brasileiras femininas, com o objetivo de planejar o trabalho das equipes adultas e de base com foco nos Jogos Olímpicos de 2024, 2028 e 2032.
“É um trabalho muito importante. Tenho uma relação forte com a base, sempre tive preocupação com essa área. É primordial investir cada vez mais para termos talentos aparecendo frequentemente. Só assim teremos uma formação técnica melhor, maior qualidade de fundamentos e a possibilidade de intercâmbio com outras seleções. Essa é uma preocupação que a CBV tem tido e que pretendemos fomentar cada vez mais. Esse ano já conversei muito com os treinadores da base. Fizemos algumas escolhas em relação à preparação das seleções que foram benéficas para conseguirmos a medalha de bronze no Mundial sub-21, por exemplo”, explicou o treinador, que segue no comando da seleção principal.
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Nomes para ficar de olho
Luzia Nezzo, Helena Wenk e Aline Segato são os nomes mais jovens da seleção brasileira que disputou o Pan. São também as jogadoras que mais geram expectativas para o futuro da equipe depois de bons desempenhos em Santiago e no Mundial Sub-21 deste ano. Luzia, inclusive, foi a melhor central da competição.
A Superliga Feminina 2023/24 começa no próximo dia 9 de novembro e promete grandes emoções dentro de quadra. Essas três atletas, assim como tantas outras, como a própria Kisy, terão mais uma boa oportunidade de se destacar no cenário nacional e se desenvolverem enquanto atletas.
Confira um breve perfil sobre elas:
Luzia Nezzo:
- Nascimento: 17 de março de 2004 (19 anos)
- Altura: 1,97m
- Clube: Barueri (2022/23 - 2023/24)
- Posição: Central
- Campeã sul-americana Sub-20 em 2022; Bronze e melhor central no Mundial Sub-21 em 2023
Helena Wenk:
- Nascimento: 11 de fevereiro de 2005 (18 anos)
- Altura: 1,99m
- Clube: Sesc RJ/Flamengo (2022/23 - 2023/24)
- Posição: Ponteira
- Campeã e melhor jogadora do Sul-americana Sub-20 em 2022; Bronze no Mundial Sub-21 em 2023
Aline Segato
- Nascimento: 16 de novembro de 2005 (17 anos)
- Altura: 1,85m
- Clube: Barueri (2023/24)
- Posição: Ponteira
- Campeã sul-americana Sub-20 em 2022; Bronze no Mundial Sub-21 em 2023