A partida das quartas de final entre Brasil e Canadá foi tensa, teve poucos momentos brihantes e chances de gol. Talvez a ansiedade, talvez o sonho que as duas nações têm de alcançar o ouro Olímpico – Brasil tem duas pratas e o Canadá dois bronzes –, mas o jogo não teve a fluidez desejada.
Este é o tipo de história que se começa contando pelo fim. O Brasil foi eliminado nos penâltis pela melhor jogadora em campo, a goleira canadense Labbé, que já tinha negado o gol à canarinha durante a partida, mas nos tiros decisivos parou os remates de Andressa e Rafaelle, levando o Canadá para as semifinais.
Curiosamente, já na prorrogação tinha sido Labbé a responsável por um voo milagroso que tirou o gol à zagueira Érika.
Goleira Labbé acaba com o sonho
O Brasil fez uma brilhante fase de grupos vencendo o Grupo F após ganhar de China e Zâmbia, e de empatar com Países Baixos. No entanto, a equipe teve muito mais dificuldades em circular a bola na partida frente às canadenses, mesmo tendo mantido a base das rodadas anteriores.
Pia Sundhage apostou no time que tem dado mais garantias. A goleira Bárbara; Bruna Benites, Érika, Rafaelle e Tamires na zaga; Formiga, Andressinha, Marta e Duda no meio-campo; Debinha e Bia Zaneratto no ataque.
Em Miyagi, com a vaga nas semifinais em disputa, o início foi morno. A partir daí o Canadá mostrou maior iniciativa, se aproximou da área brasileira com relativo perigo, mas a melhor chance de gol foi para a seleção canarinha. Erro no controlo de bola da zagueira Gilles, Debinha roubou e na saída da goleira canadense tentou o toque sutil, mas Labbé impediu o Brasil de sair em vantagem para o intervalo.
O Canadá respondeu no início do segundo tempo com uma bola parada que acabou no travessão de Bárbara, que viu como Gilles saltou mais que Bruna Benites. A técnica Pia Sundhage tentou inverter a dinâmica do jogo; Ludmila e Angelina melhoraram o Brasil na segunda parte, mas o melhor só chegou nos últimos 10 minutos. Ludmila em duas ocasiões poderia ter marcado, mas aos 92 minutos perdeu o mano a mano para Labbé.
A canadense viria a ser a melhor em campo, com mais intervenções decisivas na prorrogação e nos pênaltis. A goleira Labbé acaba com o sonho Olímpico da seleção feminina do Brasil e com o final feliz da trajetória na canarinha da volante Formiga, que se despede na sétima presença nos Jogos.
"As coisas não funcionaram, começamos bem, tivemos chance de abrir o placar, faltou paciência no terço final do campo, na prorrogação sentíamos as canadenses mais cansadas. É coisa do futebol, devemos seguir e apoiar quem vem pela frente. Não há culpados, não faltou nada, estou orgulhosa da equipe, fica aquele gosto de que podíamos mais. Agradeço demais à Formiga por tudo o que ela fez pelo futebol, pela seleção e pelo esporte, uma pessoa que dedicou a vida para isso e é inspiração para todas nós. O final na seleção para ela poderia ser mais feliz."
Marta ao SportTV após a eliminação do Brasil em Tóquio 2020.
O Canadá já tinha ganho do Brasil na Rio 2016, na partida que definiu o bronze.