"Esta era a única medalha que queríamos", dizem franceses Papadakis e Cizeron após ouro na dança no gelo em Beijing 2022

Em evento de quebra de recorde mundial na patinação artística, os campeões definiram o resultado como 'completamente surreal'.

6 minPor Virgilio Franceschi Neto
Franceses Gabriella Papadakis e Guillaume Cizeron durante a dança no gelo da patinação artística
(GETTY IMAGES)

Este 10º dia dos Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022 entrou para a história, com quebra de recorde mundial na patinação artística. Os 226.98 de Gabriella Papadakis e Guillaume Cizeron (FRA) se tornaram a nota hoje a ser superada.

Vice-campeões em PyeongChang 2018, os franceses optaram por se ausentar de muitas competições o longo do último ciclo para estarem prontos para Beijing 2022. Nos torneios que se propuseram a participar, foram campeões. Foi assim em 19 dos últimos 21 troféus internacionais.

Saiba o que o par francês e os outros medalhistas da dança no gelo, Victoria Sinitsina e Nikita Katsalapov (ROC, prata) e Madison Hubbell e Zachary Donohue (USA, bronze).

O que disseram os medalhistas de ouro

"Acho que não acredito ainda. Honestamente é completamente surreal. Esperávamos por isso há anos. Esta medalha [ouro] era tudo o que queríamos. Meu cérebro não compreende", disse a campeã Olímpica Gabriella Papadakis (FRA), sobre conquistar o ouro:

O par francês tem dominado o evento há algumas temporadas. Desde 2015 foi quatro vezes campeão mundial e cinco vezes do europeu. Prata há quatro anos em PyeongChang 2018, não queriam deixar o ouro escapar desta vez.

"Nós trabalhamos muito. Nos construindo desde os últimos Jogos. Começamos a vencer e perceber que era possível"

Durante o último ciclo Olímpico em poucas ocasiões o domínio de Papadakis e Cizeron foi colocado em cheque. Em uma delas, o título europeu de 2020 ficou com o par medalhista de prata em Pequim, Victoria Sinitsina e Nikita Katsalapov (ROC).

"Por anos esta era a única medalha que queríamos e os últimos quatro anos foram justamente para este momento. Trabalhamos muito e tudo foi muito difícil".

Depois de duas décadas a França volta a conquistar a medalha de ouro na dança no gelo da patinação artística em Jogos de Inverno - a última vez foi em Salt Lake City 2002

"Nós estamos aqui, agora. Eu sinto como se estivesse assistindo um filme sobre a minha vida (risos)".

Papadakis, com 26 anos de idade, desde os nove anos é parceira de Guillaume Cizeron (FRA), que nunca teve outro par a não ser ela. Aos 27 anos, ele comentou sobre a apresentação que rendeu a medalha de ouro:

"Honestamente, não me lembro muito (risos)".

Em um evento que exige muita concentração, sincronia, entrosamento, conhecimento de si mesmo e de quem você está junto, ele continua: "Não sei, é como se o tempo parasse. É como se você entrasse em um embalo e aí acaba".

O ouro nos Jogos Olímpicos era o grande objetivo da carreira de ambos. Foram minutos no gelo que valeram por toda uma vida, por toda uma história, quer seja de Gabriella Papadakis, quer seja de Guillaume Cizeron. Sobre a chave da conquista, ele conclui:

"Nós apenas nos apoiamos na nossa confiança e emprestamos a energia de todos os nossos colegas e treinadores. São memórias, são contatos visuais que eu nunca vou me esquecer".

O que disseram os medalhistas de prata

Medalhista de prata, Victoria Sinitsina (ROC) comentou:

"Isso significa tudo".

Junto com Nikita Katsalapov (ROC), foram em 2020 e 2022 campeões europeus e colecionaram nos últimos anos inúmeros troféus internacionais. Entretanto, faltava a medalha em Jogos: "Isso (conquistar uma medalha Olímpica) é todo o sonho de um atleta, algo para que se trabalha por toda uma vida".

É uma parceria que existe desde 2014, repleta de altos e baixos. Um dos pontos altos foi o título mundial na dança no gelo em Estocolmo, o que não acontecia para o seu país desde 2009.

"Estou muito orgulhosa de Nikita e de mim mesma por alcançarmos este resultado", disse Sinitsina

Perguntada sobre o que foi de melhor em sua apresentação, ela conclui: "Toda ela. Eu desfrutei desde o primeiro até o último segundo".

O parceiro medalhista de prata, Nikita Katsalapov (ROC), tem a conquista do mundial de Estocolmo como sendo o seu ponto mais alto da carreira. Quando pedido para ele resumir o desempenho de hoje, ele colocou:

"Estava tão faminto, tão focado. Sinto como eu tivesse apresentado todas as minhas melhores qualidades para fazer desta apresentação, tão bem sucedida quanto foi".

Já se a apresentação desta segunda-feira foi a melhor que tiveram, Katsalapov disse: "Difícil dizer, porque nós deixamos tudo o que tínhamos no gelo. Os sentimentos estão misturados. A única coisa que sabemos é que esta foi a melhor dança livre que fizemos nesta temporada, mas a melhor que fizemos nas nossas vidas? Eu não sei. Nós precisamos assistir (aos replays) primeiro".

É a terceira medalha de Katsalapov em Jogos. Medalhista de ouro por equipes e bronze na dança do gelo em Sochi 2014, ele sintetiza a trajetória: "Estou bem feliz pela maneira como aconteceu e que patinamos para a medalha Olímpica".

Sobre o futuro, ele reflete: "Isso definitivamente nos dá confiança para competições futuras, mas por agora, apenas queremos viver este momento um pouco mais e desfrutar desta medalha de prata". Em relação aos campeões Olímpicos, Cizeron e Papadakis (FRA), ele conclui:

"Chegamos perto deles e é claro que foi uma disputa interessante, mas eles merecem a medalha de ouro, certamente".

O que disseram os medalhistas de bronze

"Sempre me disseram desde que era uma garotinha que a minha trajetória na patinação deveria ser baseada nos dias e nos momentos, não nos elogios. Eu acho que essa medalha só veio porque nós realmente levamos isso a sério nos últimos quatro anos", Madison Hubbell (USA), sobre o bronze.

Par que patina junto há pouco mais de 10 anos (começaram em meados de 2011), ficaram em terceiro lugar na dança rítmica em PyeongChang 2018, mas ficaram de fora do pódio por 0.02 pontos na dança no gelo. Fariam de tudo para não perder o bronze e quando perguntada sobre como ela e o par trabalham com as emoções ela colocou:

"Nós fomos realmente emotivos. Dei o meu melhor para permanecer focada no desempenho e disse a mim mesma que, assim que terminasse eu iria absorver tudo durante a reverência. Foi o que fizemos."

Quatro anos depois eles mais uma vez estavam sendo colocados à prova justo no evento que os deixou fora da medalha Olímpica anos antes. Uma disputa final ponto-a-ponto para quem tem nervos de aço:

"Todos naquele último grupo, nós estávamos tão próximos uns dos outros que um erro poderia colocar todo o plano abaixo. Então foi tudo bastante tenso, mas é uma prova de como nos esforçamos para continuar melhorando", disse Hubbell.

Seu par, Zachary Donohue (USA), foi mais breve ao comentar o esperado pódio:

"Foi uma apresentação muito emocionante para nós, exigiu muito foco, direção e ainda não caiu a ficha".

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