Dinamarca beira a perfeição e leva ouro Olímpico no handebol masculino com goleada histórica na final

Por Leandro Stein
9 min|
Mikkel Hansen comemora o ouro
Foto por Alex Davidson/Getty Images

A Dinamarca chegou a Paris 2024 entre as grandes favoritas no handebol masculino. A equipe é a atual tricampeã mundial, além de finalista nos dois últimos Jogos Olímpicos, com a prata em Tóquio 2020. Esperava-se que a França fosse sua oponente na decisão pela terceira vez consecutiva, mas os anfitriões caíram nas quartas de final e abriram o caminho. Neste domingo, 11 de agosto, a Dinamarca se sagrou campeã com uma atuação fantástica em Lille. Dominou a Alemanha, algoz dos franceses, e garantiu a vitória indiscutível por 39 a 26, na maior goleada da história das finais Olímpicas.

Este foi o segundo ouro Olímpico da Dinamarca no handebol masculino, repetindo o feito da Rio 2016. A partida deste domingo marcou a despedida do lendário Mikkel Hansen, três vezes melhor do mundo e MVP dos Jogos Olímpicos há oito anos. Outro remanescente da Rio 2016 que continua brilhando é o goleiro Niklas Landin Jacobsen, também na partida derradeira de sua trajetória pela seleção. Porta-bandeira em Paris 2024, foi eleito duas vezes o melhor do mundo. Hansen fez os dois últimos gols da carreira na final, com 26 tentos nesta edição dos Jogos, enquanto Jacobsen contribuiu com dez defesas na decisão e foi eleito o melhor goleiro do torneio.

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No entanto, esta geração da Dinamarca possui novos protagonistas. MVP de Tóquio 2020, Mathias Gidsel fez uma campanha de novo impressionante para conquistar seu primeiro ouro. O melhor do mundo em 2023 terminou os Jogos Olímpicos Paris 2024 como artilheiro, autor de 62 gols, maior marca da história, e também como líder em assistências, 39 no total. Foram 11 tentos e sete assistências na final, com 85% de eficiência nos tiros. Naturalmente recebeu o prêmio de MVP de Paris 2024 também. Menção ainda ao apoio de Simon Pytlick, além do ótimo papel de Magnus Landin Jacobsen e Rasmus Lauge.

A final teve equilíbrio durante apenas dez minutos, enquanto a Alemanha conseguiu igualar a intensidade da Dinamarca. O que se viu a partir de então foi o domínio absoluto dos dinamarqueses, que não diminuíram o ritmo e tinham uma precisão absurda. O primeiro tempo terminou com a parcial de 21-12, antes do placar final de 39-26. Nunca um time fez tantos gols numa final Olímpica e nunca estabeleceu uma vantagem tão grande. A Dinamarca teve aproveitamento excepcional de 75% dos arremessos, com nove gols de contra-ataques.

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Niklas Landin Jacobsen, da Dinamarca, é festejado na despedida da seleção

Foto por Alex Davidson/Getty Images

O primeiro tempo irretocável da Dinamarca

O primeiro tempo começou com os dois ataques muito efetivos. Foram quase oito minutos para que a primeira defesa, do goleiro alemão Andreas Wolff, acontecesse. A Dinamarca conseguiu uma ligeira vantagem inicial, com boa participação de Simon Pytlick e eficiência nos tiros de 9m. Já a Alemanha contava com o trabalho de Renars Uscins, que se via sobrecarregado. Após Uscins dar uma linda assistência para reduzir a diferença em 6-5 para os dinamarqueses, o jogo se dificultou muito aos alemães.

A Alemanha acabava forçando passes e cometia erros. Além disso, Lukas Mertens tomou uma suspensão de dois minutos em lance que o goleiro Niklas Landin Jacobsen defendeu com a cabeça. A Dinamarca não perdoou a vantagem numérica e anotou 10-5 no placar, com boas aberturas às pontas e contra-ataques fatais. Os alemães pediram tempo neste momento, mas não se reencontraram.

A defesa da Dinamarca prevalecia diante de Uscins, muito bem bloqueado. Do outro lado, Mathias Gidsel mostrava toda a sua capacidade ofensiva, com uma sequência de três gols. Rasmus Lauge e Simon Pytlick igualmente não perdoavam, com o placar mantendo o dobro de gols aos dinamarqueses – chegou a 20-10 aos 24 minutos. O segundo pedido de tempo da Alemanha aconteceu quando Lukas Joergensen fez 21-10.

Nos minutos finais, a Alemanha melhorou e reduziu a desvantagem rumo ao intervalo para 21-12. A defesa alemã se acertou um pouco mais, mas ainda assim o aproveitamento do ataque da Dinamarca no primeiro tempo beirou o surreal. Foram 21 gols em 27 arremessos, com 78% de acerto, contra 60% da Alemanha. O goleiro Andreas Wolff, que vinha de grande semifinal, só conseguiu fazer três defesas.

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Mathias Gidsel enfrenta a marcação da Alemanha

Foto por Alex Davidson/Getty Images

A festa já toma conta do segundo tempo

Para quem esperava que a Alemanha se recuperasse no segundo tempo, aconteceu o contrário: a Dinamarca voltou ainda mais implacável do intervalo. Mathias Gidsel estava disposto a decidir. O melhor do mundo definia os contra-ataques e distribuía assistências. Não havia forma de brecá-lo. A diferença já se ampliou para 27-15 em pouco mais de cinco minutos, o que levou a um novo pedido de tempo dos alemães.

A base titular da Dinamarca se mantinha em quadra e não diminuía a intensidade. As cobranças de 7m ainda contavam com a entrada de Mikkel Hansen, que não perdoava Wolff para anotar os últimos gols da carreira e ampliar as marcas como maior artilheiro da história do torneio Olímpico. Quando a Alemanha teve seu 7m, o goleiro Emil Nielsen entrou para defender o arremesso de Marko Grigic. Tudo conspirava aos dinamarqueses.

O final do jogo parecia até mesmo protocolar, diante da enorme vantagem no placar garantida pela Dinamarca. Logo após a marca de 15 minutos, Gidsel fez seu nono gol em dez tiros e deixou a contagem em 32-19 aos dinamarqueses. Não parou por aí. Quando Gidsel fez seu 11° gol da final, para 36-22, tornou-se o maior artilheiro em uma única edição dos Jogos Olímpicos, com 62 gols, um a mais que Mikkel Hansen em Tóquio 2020.

Os últimos dez minutos foram mera formalidade, com os dois times rodando suas peças, até o placar final de 39-26. O artilheiro da Alemanha foi Juri Knorr, com seis gols, enquanto Renars Uscins, decisivo na classificação contra a França, fez só quatro. A festa era da Dinamarca. Ao apito final, a celebração especial ficou ao redor de Mikkel Hansen e Niklas Landin Jacobsen, atirados ao alto pelos companheiros no jogo final de belíssimas carreiras pela seleção.

"Foi incrível. Eu me sinto como um pai orgulhoso, de ver todos esses jovens jogando em um nível tão alto nos Jogos Olímpicos, é incrível. Sou grato por atuar com jogadores tão bons", comentou Hansen, depois do jogo. "Gidsel foi ótimo. Obviamente, temos muitos jogadores talentosos. Jogar neste nível numa final é incrível, estou muito impressionado. Fiquei impressionado desde o primeiro dia quando eles começaram na seleção. Hoje foi outro dia admirando quão bons são esses caras."

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Espanha conquista o bronze no masculino

A decisão do bronze do handebol masculino em Paris 2024 também aconteceu neste domingo, 11 de agosto. A Espanha venceu a Eslovênia por 23 a 22, numa partida equilibrada do começo ao final, que foi para o intervalo com o placar de 12-12. Aleix Gómez foi o goleador do time, com cinco tentos. Destaque também à defesa, que permitiu só três gols ao esloveno Aleks Vlah, vice-artilheiro do torneio com 56 gols.

A Espanha conquista a quinta medalha no handebol masculino dos Jogos Olímpicos, todas de bronze, e repete a colocação de Tóquio 2020. A Eslovênia se despede com sua melhor campanha no torneio masculino, em sua quarta participação. Após a Rio 2016, os eslovenos sequer estiveram em Tóquio 2020.

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Katrine Lunde, da Noruega

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Noruega coroa geração com ouro no feminino

O handebol feminino consagrou a Noruega como campeã Olímpica. Antes do torneio, as norueguesas eram vistas como principais favoritas ao ouro, juntamente com a França. A final de fato colocou as potências frente a frente, mas o resultado não deixou de ser surpreendente: vitória por 29 a 21 para a Noruega, na maior diferença já anotada em uma decisão feminina do handebol nos Jogos Olímpicos.

A medalha de ouro encerra uma espera de 12 anos à Noruega. A equipe possui oito pódios em Jogos Olímpicos e este é o terceiro ouro, mas não conquistava o título desde o bicampeonato em Beijing 2008 e Londres 2012. Nas duas últimas edições do torneio, as norueguesas ficaram com o bronze. Já o ciclo incluía o título mundial em 2021, além do europeu em 2022.

Noruega e França tiveram grandes embates recentes e, na decisão do Mundial 2023, as francesas venceram a competição que teve cidades norueguesas entre as sedes. O troco viria então na final do torneio Olímpico em Lille, neste sábado. A partida ainda começou pendendo à França, controlando as transições rápidas da Noruega e abrindo 4-1. Porém, as norueguesas acertaram seu jogo e consolidaram a virada antes do intervalo, por 15-13. No segundo tempo, a Noruega foi implacável e garantiu o ouro com a vitória por 29-21.

Henny Reistad, com oito gols, e Kari Brattset Dale, com seis, foram as artilheiras da final. Destaque ainda às grandes atuações da goleira Katrine Lunde e da capitã Stine Bredal Oftedal, que se despediam da seleção. Lunde tinha participado dos ouros anteriores e foi porta-bandeira na Cerimônia de Abertura. Aos 44 anos, a goleira foi eleita a MVP do torneio Olímpico. Já Oftedal perseguia o ouro inédito, aos 32 anos. Vinha do título na Champions League e foi eleita para o time ideal de Paris 2024, com 25 gols e 51 assistências.

A prata da França foi a terceira medalha Olímpica da equipe de handebol feminino. O time também foi prata na Rio 2016 e ouro em Tóquio 2020. O bronze ficou com a Dinamarca, que voltou ao pódio após 20 anos, quando consumou um tricampeonato no feminino em Atenas 2004. Na decisão do terceiro lugar, as dinamarquesas derrotaram a Suécia por 30 a 25. A sueca Nathalie Hagman foi a artilheira da competição, com 41 gols.

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