O Nippon Budokan, palco do torneio de judô nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, já faz parte da história do esporte português. Foi no tatame do país onde nasceu a modalidade que Jorge Fonseca, bicampeão mundial em até 100kg, se tornou o terceiro atleta luso medalhado no judô Olímpico, após Nuno Delgado (até 81kg) em Sydney 2000 e Telma Monteiro (até 57kg) na Rio 2016.
Jorge Fonseca conquistou a 25ª medalha Olímpica de Portugal após um dia intenso de competição, que começou com uma formalidade que o judoca tardou 17 segundos a resolver, aplicando um “ippon” ao belga Toma Nikiforov. Seguiu-se Niiaz Iliasov (ROC), rival que derrotou o português no Campeonato da Europa, que propôs um combate defensivo, tentando contrariar a explosividade do português. A decisão só chegou no golden score com um “waza-ari” favorável a Jorge Fonseca.
A semifinal frente a Guham CHO foi condicionada por uma lesão na mão de Jorge Fonseca, que perdeu por momentos o foco no combate e teve dificuldades na pega com a mão esquerda. O coreano vinha de derrotar o judoca português no Grand Slam de Paris em 2018 e na disputa pelo bronze no GP de Budapeste em 2019, repetindo o cenário em Tóquio 2020 aplicando um “waza-ari”.
O ultrafavorito da competição foi relegado para a disputa da medalha de bronze, mas Jorge Fonseca voltou ao tatame decidido, focado, mesmo sofrendo com a lesão. Venceu por “waza-ari” o canadense Shady Elnahas e certificou o pódio nos Jogos Olímpicos.
O campeão Olímpico que fez “ippon” ao câncer
Para o judoca Jorge Fonseca o Japão é a terra prometida. Foi na capital nipônica que se tornou o primeiro português campeão do mundo em qualquer categoria do judô, em 2019. Após o primeiro dos dois títulos mundiais, contou um episódio de superação pessoal ao jornal Record.
“Tive um câncer na perna esquerda, um ano antes dos Jogos Olímpicos do Rio. Essa história fez-me crescer. Superei o câncer, sou campeão do Mundo e agora, a partir de amanhã, vou trabalhar para ser campeão Olímpico. Em Tóquio 2020 ou em Paris 2024.”
O atleta nascido em São Tomé e Príncipe chegou a Tóquio 2020 focado no ouro, mas sai com um bronze que o coloca na história dos Jogos Olímpicos. Valeu a pena a aposta no judô, que começou em um dos subúrbios com maior densidade populacional do país, a zona da Damaia, na Amadora.
Jorge Fonseca já é patrimônio do esporte português. Será que em Paris 2024 sai o título de campeão Olímpico?