Brasil vai a cinco finais na ginástica artística feminina, quatro individuais com Rebeca Andrade

Por Leandro Stein
7 min|
Equipe brasileira de ginástica
Foto por Ricardo Bufolin/CBG

O Brasil estará bem representado nas finais da ginástica artística feminina nos Jogos Olímpicos Paris 2024. Neste domingo, 28 de julho, foram realizadas as classificatórias da modalidade. As ginastas brasileiras se apresentaram nas últimas rotações do dia e levantaram o público na Bercy Arena. A seleção brasileira avançou para a final por equipes e terá três atletas em finais individuais.

Rebeca Andrade disputará quatro finais individuais -- geral, salto, solo e trave. Conseguiu uma das três maiores notas em todas as quatro classificações. Flávia Saraiva e Júlia Soares também se classificaram, a primeira no individual geral e a segunda na trave. Jade Barbosa e Lorrane Oliveira não competirão em finais individuais, mas ajudarão o Brasil na decisão por equipes.

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O Brasil está classificado para a final por equipes. Teve a quarta melhor nota da qualificação, atrás de Estados Unidos, Itália e República Popular da China. O individual geral terá Rebeca Andrade, com a segunda melhor nota, e Flávia Saraiva, no 11° lugar.

As finais da ginástica artística começam no próximo dia 30 de julho, terça-feira, com a disputa feminina por equipes. O individual geral feminino está marcado para 1° de agosto. O salto acontece em 3 de agosto, as barras assimétricas no dia seguinte. Por fim, as finais de solo e trave ocorrem em 5 de agosto.

Rebeca Andrade, do Brasil

Foto por Ricardo Bufolin/CBG

Chico Porath e Iryna Yashenko comentam o desempenho

Treinador da seleção brasileira, Chico Porath ressaltou como foi importante a experiência das ginastas para minimizar falhas e apresentar um resultado consistente rumo à final por equipes. Destacou especialmente Rebeca Andrade, apesar de um erro nas barras assimétricas.

"A gente quer ela no maior número de finais e ela conseguiu. Pena a paralela, de novo”, comentou, na saída da Bercy Arena, ao Olympics.com. “A Rebeca hoje não tirou 15 na paralela, mas ela não tira 13. Ela consegue salvar a série. Essa experiência faz a diferença numa final por equipes, onde você não pode falhar. A gente conta com essa experiência. Se acontecer alguma falha, elas sabem corrigir tudo isso.”

Júlia Soares teve um resultado acima das expectativas. A técnica Iryna Yashenko não escondeu a felicidade pela classificação à final da trave: “É uma surpresa muito grande, porque ela fez perfeito na primeira vez dela numa competição desse nível. A gente trabalhou para ela ir atrás da perfeição, mas nem na apresentação conseguia, tinha alguns errinhos. Hoje ela conseguiu.”

Flávia Saraiva, por sua vez, saiu abalada depois de não ter o seu melhor desempenho. Iryna garantiu que a ginasta terá apoio na recuperação para as finais: “A Olimpíada não é uma competição normal, é uma pressão muito alta. E como ela já tinha medalhas, sente mais pressão ainda. Não foi um bom caminho, mas ela vai superar e vai ajudar a equipe.” Chico Porath também sublinhou a experiência de Flavinha nesse processo, mesmo depois de escorregar na trave.

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O desempenho de Rebeca Andrade

Rebeca Andrade teve o melhor desempenho entre as ginastas do Brasil. Dona de duas medalhas Olímpicas em Tóquio 2020, a paulista permanece com chances de mais cinco pódios em Paris 2024, quatro individuais. Curiosamente, a única final que ela não disputará é em seu aparelho favorito, as barras assimétricas.

Rebeca Andrade totalizou 57.700 pontos. Foi a segunda melhor ginasta da classificação geral, abaixo apenas da favorita Simone Biles, que fez 59.566 na somatória dos quatro aparelhos. Ainda assim, a brasileira ficou acima dos 56.132 pontos de Sunisa Lee, campeã do individual geral em Tóquio 2020.

A maior nota de Rebeca aconteceu em sua especialidade, o salto. Fez 14.900 na melhor tentativa e 14.683 de média. A brasileira acertou o Cheng, elemento de costume em suas competições no salto, mas sem arriscar o Yurchenko com tripla pirueta (TTY), elemento inédito que submeteu ao Comitê Técnico da FIG (Federação Internacional de Ginástica). Apenas Simone Biles ficou à frente, com 15.800 em seu melhor salto e 15.300 de média. Rebeca ainda fez a segunda maior nota no solo, com 13.900, abaixo dos 14.600 de Biles.

Na trave, Rebeca conseguiu a terceira maior pontuação, 14.500, abaixo da chinesa Zhou Yaqin (14.866) e de Simone Biles (14.866). As barras assimétricas, contudo, não terão a brasileira e nem a americana na final do aparelho. Biles foi a nona colocada e Rebeca ficou na décima posição. A paulista cometeu um erro durante uma parada de mãos, o que atrapalhou sua nota.

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Júlia Soares, do Brasil

Foto por Ricardo Bufolin/CBG

Flavinha no individual geral e Júlia Soares na trave

Flávia Saraiva não teve o seu melhor desempenho, mas ainda assim estará presente na final do individual geral. Flavinha conseguiu o 11° melhor resultado, com 54.199 pontos. Apesar da medalha de bronze no solo durante o Campeonato Mundial 2023, Flavinha teve a menor pontuação entre as brasileiras no aparelho, ao pisar fora da área. Além disso, a carioca sofreu um deslize na trave, o que prejudicou seu resultado.

A surpresa positiva ficou para o rendimento de Júlia Soares na trave. Em sua estreia Olímpica, a ginasta disputará a final do aparelho. A brasileira conseguiu se classificar na oitava posição, com 13.800 pontos. Júlia quase pegou final no solo, com 13.500 pontos, no 11° lugar – ficou a um décimo da classificação. A ginasta se apresentou apenas nestes dois aparelhos.

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Veterana da seleção, Jade Barbosa só não se classificou para o individual geral pela limitação de duas ginastas por país. Jade ficou no 20° lugar da competição geral, com nota total de 53.066 pontos. A carioca também passou perto da final do solo, com 13.500 pontos, a um décimo da classificação, como Júlia Soares.

Por fim, Lorrane Oliveira participou das classificatórias no salto e nas barras paralelas. Neste aparelho, a brasileira conseguiu a terceira maior nota da equipe, com 13.233 pontos.

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Brasil fica em quarto por equipes, mas sonha com pódio

O Brasil também tem esperanças de medalha por equipes, especialmente depois da conquista da histórica prata no Campeonato Mundial 2023. A seleção brasileira teve a quarta maior nota da classificação em Paris 2024, com 166.499 na somatória, mas a menos de quatro décimos da segunda posição.

Os Estados Unidos somaram 172.296 pontos, na primeira colocação. Logo abaixo veio a Itália, com 166.861. A República Popular da China totalizou 166.628. Além das três e do Brasil, também se classificaram à final Japão, Canadá, Grã-Bretanha e Romênia. Nenhuma destas quatro passaram dos 162.200 pontos.

Por aparelhos, o Brasil teve a segunda maior nota no salto e no solo, abaixo dos Estados Unidos. A pontuação das brasileiras foi a terceira melhor na trave, atrás também da República Popular da China. O que reduziu o resultado foram as barras assimétricas, com o quarto melhor resultado, mesmo melhorando a pontuação em relação ao último Campeonato Mundial. Na classificação por equipes, são somados os três melhores resultados das ginastas por equipe e descartado o pior.

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