Embalada por Raça Negra, Júlia Soares pode ajudar Brasil a alcançar medalha inédita

Por Fernanda Lucki Zalcman
4 min|
Júlia Soares em Santiago 2023
Foto por Alexandre Loureiro/COB

O ano de 2024 promete para uma jovem paranaense, que vai realizar um sonho. Aos 18 anos, Júlia Soares estará com a seleção brasileira de ginástica artística, buscando a inédita medalha por equipes nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Desde 2018, Júlia vem se destacando nas principais competições nacionais e internacionais, entrando de vez para a seleção brasileira. Agora, ela tem a chance de fazer história e encantar o mundo com uma coreografia regada à música brasileira e francesa.

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Em Curitiba, Júlia cresceu na ginástica

O começo da carreira de Júlia Soares teve influência direta da família. Amante de esportes, o pai incentivou desde pequenas as filhas a praticarem algum tipo de atividade esportiva e, observando a irmã mais velha, Júlia decidiu começar a treinar ginástica artística.

O local dos treinos não poderia ser melhor: o Centro de Excelência em Ginástica do Paraná, que foi, por muitos anos, casa de grandes nomes como Daiane dos Santos. Foi lá que Júlia chamou a atenção da treinadora ucraniana Iryna Ilyashenko.

Júlia, então, encarou alguns testes de força e agilidade e passou, entrando de vez para o esporte de alto rendimento. Naturalmente, foi se destacando em diversas competições nacionais e internacionais, chegando à seleção brasileira.

“Percebi que a ginástica não era só uma brincadeira para mim, mas algo que eu poderia levar para frente. Eu decidi me focar totalmente nos treinos desde aquela época. Mesmo indo para a escola, com os amigos chamando para sair. A gente acaba abdicando de certas coisas para treinar. Mas isso é importante para chegar onde eu quero chegar, que é estar nas Olimpíadas e ouvir o Hino Nacional", contou ao Olympics.com.

Júlia Soares se estabelece na seleção brasileira de ginástica artística

Foto por MIriam Jeske/COB

“O Soares”: Júlia homologa elemento com seu nome aos 15 anos

Os primeiros resultados que chamaram atenção foram em 2018, quando foi campeã Sul-Americana Júnior na trave. No ano seguinte, ficou em quinto lugar no individual geral do Campeonato Brasileiro de Aparelhos, e conquistou o bronze na trave e no solo, disputando com ginastas da categoria júnior e sênior.

Com isso, foi selecionada para representar o Brasil no Campeonato Mundial Juvenil. Ficou em 15º lugar no individual geral e ajudou a equipe a terminar em sétimo lugar.

Um dos momentos mais importantes, porém, aconteceu em 2021, quando começou a competir na categoria sênior. E foi nesse ano que Júlia Soares conseguiu homologar um elemento com o seu nome, que entrou para o código da FIG (Federação Internacional de Ginástica).

É o “Soares”, uma entrada na trave em vela com meia pirueta, que nunca tinha sido feita antes por nenhuma ginasta. Por isso, leva o nome da paranaense, à exemplo do “Dos Santos”, de Daiane.

No ano seguinte, Júlia teve o primeiro grande resultado internacional da carreira: conquistou a medalha de ouro na etapa de Baku da Copa do Mundo de ginástica artística. E para fechar com chave de ouro, subiu ao topo do pódio quatro vezes no Sul-Americano da modalidade.

Júlia Soares foi medalha de prata por equipes no Mundial de 2023

Foto por Naomi Baker/Getty Images

Júlia Soares leva Raça Negra a Paris 2024

Em 2023, Júlia esteve em dos momentos mais importantes e históricos da ginástica artística brasileira. Ela fez parte da equipe que conquistou a inédita medalha de prata no Campeonato Mundial da modalidade, assegurando também a vaga do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Pouco tempo depois, esteve novamente com a seleção na disputa de seus primeiros Jogos Pan-Americanos. Em Santiago 2023, ficou com a prata por equipes e bateu na trave no solo, ficando em quarto lugar por apenas 0,1.

Já de olho em Paris, Júlia Soares começou o ano olímpico com novidades: estreou uma nova coreografia no solo na etapa de Baku da Copa do Mundo, que mistura Raça Negra e Edith Piaf. A jovem ginasta promete encantar o público nos Jogos Olímpicos e, quem sabe, ajudar o Brasil a conquistar a inédita medalha por equipes. “É uma competição diferenciada. É o sonho de todos os atletas".