A história da medalha de ouro de Erin Jackson, co-escrita por Brittany Bowe, é "inacreditável" 

Bowe cedeu sua vaga nos 500m para Jackson após as seletivas nos EUA. O resto é história Olímpica.

3 minPor Shintaro Kano
Erin Jackson and Brittany Bowe of Team USA
(2022 Getty Images)

Brittany Bowe começou, Erin Jackson terminou.

Se não fosse o gesto altruísta de Bowe após as seletivas nos EUA, Jackson poderia não ter chegado à largada dos 500 metros feminino no domingo (13 de fevereiro).

Mas ela estava lá e cronometrou 37,04 - 0,08 mais rápido que a japonesa Takagi Miho - se tornando a primeira mulher negra campeã Olímpica de patinação de velocidade.

Angelina Golikova do ROC ficou com o bronze.

Jackson disse: "É como um sonho se tornando realidade. Eu não previa isso há um ano atrás. Ainda me sinto meio nova no esporte e sou muito grata por tudo ter acontecido dessa maneira. Espero ter um futuro longo. Eu apenas tentei me desligar de tudo e fazer uma corrida automática.

"Não me lembro muito da corrida. Só sei que cruzei a linha e fiquei feliz". - Erin Jackson, medalhista de ouro nos 500m

Jackson é a primeira mulher americana a vencer os 500m desde Bonnie Blair, em Lillehammer 1994. Nada mal para alguém que trocou o patins em linha há apenas cinco anos.

Bowe terminou em 16º na noite com 38.04, mas estava longe de se sentir desapontada. Na verdade, ela se sentiu a companheira de equipe mais orgulhosa do mundo.

"Estou sem palavras", disse Bowe. "Foi uma honra dar a alguém essa oportunidade... Eu sabia que ela tinha a chance de fazer algo especial - e você acabou de ver algo especial acontecer, ela se tornar uma campeã Olímpica".

"Eu não poderia estar mais orgulhosa de ser sua companheira de equipe e estou feliz por fazer parte do quebra-cabeça. É incrível. Inacreditável".

A história feita para o filme de Bowe e Jackson é assim:

Jackson, a primeira mulher negra a fazer parte da equipe americana de pista longa em 2018 e a número um do mundo nos 500m, terminou em terceiro nas seletivas dos EUA em janeiro, após um deslize atípico.

Como resultado, Bowe acabou vencendo os 500m - o que não a agradou, sabendo onde ela estava na hierarquia global.

Já tendo se classificado em suas melhores provas, os 1000m e 1500m, Bowe cedeu sua vaga para a amiga de quase duas décadas.

Bowe disse: "Ganhei o torneio, mas sei muito bem onde estou no ranking mundial. Erin é a número 1 do mundo e agora é campeã Olímpica. Foi a coisa certa a fazer.

"Estou tão orgulhosa dela, eu quero que este momento seja sobre ela e que apenas aproveite. Foi exatamente o que eu disse a ela".

Bowe acabou disputando os 500m apenas porque os EUA conquistaram uma vaga, pois algumas equipes devolveram suas cotas de lugares no evento. E agora Jackson espera que ela consiga vencer os 1000m - prova em que Bowe é recordista mundial - na quinta-feira.

"Espero que isso ainda não tenha acabado. Ela ainda tem os 1000m, então espero que nós duas possamos comemorar algumas medalhas de ouro juntas", disse Jackson, de 29 anos, quatro anos mais nova que Bowe.

"Não me senti perfeita (hoje), mas me senti bem. Estou feliz por ter conseguido fazer uma boa corrida".

“Mesmo antes das últimas duas temporadas, apenas tê-la como companheira de equipe e mentora foi incrível”.

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