Uma das duplas mais icônicas do esporte brasileiro conquistou a medalha Olímpica de ouro há 20 anos em Atenas 2004: Rodrigo Pessoa e o cavalo Baloubet do Rouet. Um conjunto que reescreveu a própria história.
Pessoa e Baloubet eram favoritos ao ouro em Sydney 2000, especialmente após serem decisivos para o bronze por equipes, mas o cavalo sentiu a final e acabou refugando três vezes, em uma cena que entrou no imaginário nacional.
“Acho que esse período foi, para mim, esportivamente, o mais difícil da minha vida”, disse Pessoa ao podcast do Olympics.com. “Esse cavalo vinha tendo resultados realmente incríveis, ganhando três Copas do Mundo seguidas. Um feito que nunca tinha sido feito.”
“Estava realmente impecável, tudo estava dando certo. Aquele negócio do sonho Olímpico.”
Pessoa chega a se questionar se o motivo do desempenho na decisão em Sydney foi por conta de excesso de confiança.
“Realmente faltava só aquele percurso para conseguir o nosso sonho. Depois aconteceu aquele desastre, que foi uma contra performance. A maneira que aconteceu foi tão brutal. Psicologicamente, foi difícil para mim. Ainda é difícil”, disse.
Rodrigo Pessoa: 'Ou aquilo te quebra ou te motiva'
Sydney poderia ser significado o fim da grande parceria, mas Pessoa acreditou que era possível recuperar Baloubet.
“Tinha dois caminhos. Ou aquilo te quebra para sempre ou te motiva. Faz você ficar mais forte, te endurece de uma maneira que nada pior que aquilo pode acontecer. Depois de todas as noites que não consegui dormir... até hoje de vez em quando eu acordo pensando naquilo”, comentou.
“Você não quer que esse evento te quebre e te desmoralize para o resto da vida. Eu tive a oportunidade de encontrar apoio de familiares e amigos e continuar minha carreira, continuar tendo bons desempenhos para apagar um pouco dessa ferida. Mas ela nunca se fecha. Ela é bem mínima, mas sempre existe.”
Pessoa e Baloubet: Fechando o capítulo de Sydney
Não era o fim da história. Pessoa e Baloubet continuaram competitivos, mesmo que não dominantes, e terminaram Atenas 2004 inicialmente na segunda colocação. Posteriormente, após a suspensão do primeiro colocado, eles se tornaram campeões Olímpicos.
“A medalha conquistada em Atenas, a de prata, já foi super festejada e foi um momento fantástico. Na manhã, houve duas faltas e não foi tão bom. Na da noite, conseguimos fazer zero e subi 15 posições para o desempate que terminou na prata. E depois veio o ouro.”
“Atenas foi onde realmente eu consegui encontrar calma. Mentalmente, encontrar a força de fechar o capítulo de Sydney. Demorou todo esse tempo. Foram quatro anos difíceis de lidar”, contou.
Durante um jantar em Gotemburgo, na Suécia, em abril de 2005, Pessoa recebeu a notícia de que herdaria ficaria com o ouro. O cavaleiro precisou esperar até agosto para colocá-la no peito no Rio de Janeiro.
Pessoa disputaria mais quatro Jogos Olímpicos, Beijing 2008, Londres 2012, Tóquio 2020 e Paris 2024. Isolou-se no topo da lista de atletas que mais representaram o Brasil em Jogos Olímpicos de Verão.
“Tudo acontece por uma razão. Foi duro, mas valeu a pena.”