Beatriz Haddad Maia é o principal nome do tênis brasileiro na atualidade e um dos mais importantes da história. Em outubro de 2024, chegou ao posto de 10ª do ranking mundial, igualando sua melhor marca e a melhor do país na Era Aberta.
Mesmo fechando o ano em alta, Bia viveu altos e baixos durante a temporada. Apesar de conseguir resultados históricos, como um título de WTA 500 e chegar às quartas de final de simples no US Open, a brasileira oscilou e, muitas vezes, não conseguiu mostrar o nível de jogo que a colocou entre as melhores do mundo.
Perto do encerramento da temporada do tênis, Haddad não se classificou para o WTA Finals, que reúne as oito melhores tenistas do ano. Assim, seu último compromisso foi defender o Brasil nos playoffs da Billie Jean King Cup.
A seguir, relembre a temporada de Bia Haddad, os principais resultados e momentos da brasileira em quadra, entendendo por que ela não se classificou para o WTA Finals e as expectativas para 2025.
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Como funciona a classificação para o WTA Finals?
Disputado desde 1972, o WTA Finals marca o fim da temporada do tênis feminino. O torneio, que já passou por inúmeras sedes ao longo dos anos, reúne as oito melhores jogadoras do ano, ou seja, aquelas que mais somaram pontos em todos os torneios durante a temporada.
Para a edição de 2024, que acontece entre 2 e 9 de novembro em Riad, na Arábia Saudita, as oito classificadas foram: Iga Swiatek, Aryna Sabalenka, Coco Gauff, Jessica Pegula, Jasmine Paolini, Elena Rybakina, Zheng Qinwen e Barbora Krejcikova.
As sete primeiras englobam as tenistas que mais conquistaram pontos no ano, enquanto Krejcikova garantiu a vaga por ter vencindo um dos quatro Grand Slams do ano - foi campeã de Wimbledon - e por estar entre as 20 primeiras colocadas do ranking WTA.
Bia Haddad no WTA Finals 2024: por que a brasileira não participa?
No ranking de pontos conquistados na temporada, Bia está na 17ª posição, assim, não conseguiu vaga para a disputa do WTA Finals em 2024.
Em simples, a brasileira nunca participou do WTA Finals. Porém, nas duplas, disputou o torneio em 2022, ao lado da cazaque Anna Danilina. A parceria entrou como a sétima melhor do ano, mas acabou parando na fase de grupos.
Na temporada 2023, Bia disputou o WTA Elite Trophy e foi campeã, uma das principais conquistas de sua carreira. O torneio, popularmente conhecido como Finals B, reunia da 9ª a 19ª tenistas que mais somaram pontos na temporada, além de uma convidada. A competição, contudo, não foi realizada em 2024.
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Bia Haddad em 2024: uma temporada de altos e baixos
Bia Haddad iniciou a temporada embalada pelo título do WTA Elite Trophy. Sua primeira participação foi defendendo o Brasil na United Cup, tendo 50% de aproveitamento: foi superada por Iga Swiatek, então número 1 do mundo, resultado considerado normal. Além disso, derrotou a espanhola Sara Sorribes Tormo.
A sequência de janeiro, contudo, foi irregular. Bia foi eliminada na estreia do WTA 500 de Adelaide, torneio que servia como preparação para o Australian Open, o primeiro Grand Slam da temporada. No Major, a brasileira, então 12ª do ranking mundial, chegou à terceira rodada, mas foi superada por Maria Timofeeva, número 170 do mundo.
A derrota para uma tenista de nível inferior, que vinha do qualificatório, foi o primeiro ponto de atenção da temporada de Bia. Porém, ela tratou de espantar a má fase e, no torneio seguinte, fez semifinal no WTA 500 de Abu Dhabi.
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Entre o meio de fevereiro e o início de abril, Bia viveu uma fase complicada em simples, não conseguindo vencer mais do que dois jogos em sequência. Caiu nas estreias dos WTAs 1000 de Doha e de Dubai e do WTA 500 de San Diego. Além disso, após ter passado de bye na primeira rodada, parou na terceira nos WTAs 1000 de Indian Wells e de Miami e no WTA 500 de Charleston.
Ainda em abril, representou o Brasil na Billie Jean King Cup, somando uma vitória e uma derrota contra a Alemanha. O país foi superado por 3 a 1 e, assim, não avançou à fase final.
A gira de saibro e a boa campanha em Madri
Jogando na terra batida, a principal atuação de Bia Haddad aconteceu no WTA 1000 de Madri. Durante a campanha, a brasileira passou por adversárias complicadas, como Sara Errani, Emma Navarro e Maria Sakkari - que era favorita no duelo.
Nas quartas, Bia encarou Iga Swiatek, principal jogadora de saibro do mundo. A brasileira até venceu o primeiro set, mas levou a virada da polonesa, que seguiu para o título.
Apesar da boa campanha na capital espanhola, Bia não embalou como esperado. Em Roma, parou na terceira rodada, enquanto em Estrasburgo se despediu nas oitavas.
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Mesmo assim, a brasileira adquiriu bagagem e chegou como 13ª cabeça de chave a Roland Garros, o ápice da temporada de saibro e segundo Slam do ano.
Porém, a participação de Haddad durou pouco. Ela foi eliminada na estreia, de virada, pela italiana Elisabetta Cocciaretto, então 51ª do mundo. A saída precoce não passou impune, e a brasileira recebeu inúmeras críticas relacionadas a saque, movimentação e variação de jogo.
A modesta temporada de grama
Entre junho e o meio de julho, o tênis troca o saibro pela grama. Em 2024, a participação de Bia Haddad neste piso foi modesta, sem uma campanha que chamasse a atenção, contribuindo para a oscilação da tenista durante o ano.
No WTA 500 de Berlim, derrota na estreia. Já no WTA 500 de Bad Homburg, também na Alemanha, a brasileira chegou a avançar uma rodada, mas deu adeus nas oitavas.
O foco da temporada de grama é Wimbledon, o terceiro Slam da temporada. Na grama britânica, Bia passou bem pelas duas primeiras rodadas, porém, não foi páreo para a norte-americana Danielle Collins, 11ª do ranking naquele momento (Bia era a 20ª).
Assim, a brasileira se despediu da grama sem uma grande campanha, mas voltou sua atenção novamente para o saibro, para a disputa dos Jogos Olímpicos Paris 2024.
A estreia de Bia Haddad em Jogos Olímpicos
Em julho, Bia Haddad defendeu o Brasil pela primeira vez em uma edição de Jogos Olímpicos. Em Paris 2024, as competições foram sediadas em Roland Garros, e a tenista era um dos nomes de destaque da delegação nacional.
Em Tóquio 2020, o Brasil conquistou sua primeira medalha Olímpica no tênis, com Laura Pigossi e Luisa Stefani levando o bronze nas duplas femininas. Três anos depois (os Jogos foram disputados em 2021), a equipe foi em busca da segunda medalha, desta vez liderada por Bia.
Haddad disputou duas chaves, mas não ficou perto de medalhas. Em simples, a brasileira entrou como cabeça 14, mas acabou superada na segunda rodada pela eslovaca Anna Karolina Schmiedlova. Nas duplas, ao lado de Stefani, foi eliminada nas oitavas pelas britânicas Katie Boulter e Heather Watson.
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A gira dos Estados Unidos e o segundo semestre: o ponto de virada
Em agosto, os primeiros torneios disputados por Bia Haddad foram os WTAs 1000 de Toronto e de Cincinnati, mas a brasileira não foi longe, parando na segunda rodada e na estreia, respectivamente. Porém, o rumo da temporada da brasileira começaria a mudar na sequência.
No WTA 250 de Cleveland, torneio preparatório para o US Open, o último Grand Slam da temporada, Bia embalou uma boa sequência de jogos. Cabeça de chave 1, a brasileira venceu quatro partidas e se garantiu na decisão contra McCartney Kessler, dos Estados Unidos.
Bia era ampla favorita, diante de uma adversária 98ª do ranking e que havia recebido convite para o torneio. Apesar de sair na frente, Haddad sofreu a virada e ficou com o vice-campeonato, até então seu melhor resultado na temporada.
Mesmo saindo sem o título em Cleveland, a boa campanha foi importante para a brasileira, que chegou ao US Open com confiança. Em Nova York, Bia foi às quartas de final, feito que não acontecia no tênis feminino brasileiro, em simples, há 56 anos - marca atingida por Maria Esther Bueno em 1968.
A campanha histórica fez com que Bia chegasse com moral para a gira asiática, e ela conseguiu demonstrar isso dentro de quadra. No torneio seguinte, no WTA 500 de Seul, na República da Coreia, a brasileira sagrou-se campeã, levantando seu primeiro troféu da temporada e um dos mais importantes da carreira.
Na sequência, Bia disputou três torneios na República Popular da China: fez terceira rodada no WTA 1000 de Pequim e oitavas no WTA 1000 de Wuhan. Já no WTA 500 de Ningbo, chegou às quartas de final. Sua última partida foi a estreia no WTA 500 de Tóquio, em que foi forçada a se retirar por conta de uma lesão nas costas.
O fim de 2024 e a expectativa para a temporada 2025
Após a gira asiática, Bia teve seu último compromisso da temporada: representar o Brasil na Billie Jean King Cup, o principal torneio entre nações do tênis feminino. A tenista disputou três jogos e venceu os três (dois de simples e um de duplas), garantindo a vitória do país contra a Argentina.
Com o segundo semestre positivo de 2024, a expectiva para a próxima temporada da brasileira é grande. Dessa forma, um ponto importante é manter a consistência, alternando menos o desempenho ao longo dos torneios.
Assim, ela poderá sonhar com o próximo passo, que é chegar e se estabelecer de vez no top 10, mirando posições mais altas. Conseguindo manter o alto nível em mais torneios, Bia também pode sonhar em conquistar seu primeiro título de simples em grandes eventos, como os WTAs 1000 e os Grand Slams.