60 anos do Pan de São Paulo: quando nem uma mordida de cão impediu o ouro de Maria Esther Bueno 

A cidade mais populosa do Brasil abria os Jogos Pan-Americanos em 20 de abril de 1963. Entre os campeões memoráveis daquela edição, está a lenda do tênis Maria Esther Bueno, que venceu o torneio mesmo com um corte de mordida de cachorro na mão. Relembre a história.

3 minPor Sheila Vieira
maria esther bueno

Se você já esteve em lugares ilustres de São Paulo, como o Estádio do Pacaembu, o Ginásio do Ibirapuera, o Autódromo de Interlagos, a Cidade Universitária ou o Jockey Club, saiba que você pisou em instalações que receberam os Jogos Pan-Americanos há 60 anos.

Em 20 de abril de 1963, começava a quarta edição do evento, na cidade mais populosa do Brasil. Foi a primeira vez que o país recebeu o Pan, algo que só voltaria a acontecer em 2007, no Rio de Janeiro. A equipe brasileira, de 385 atletas, conquistou 52 medalhas, ficando apenas atrás dos EUA no quadro geral.

Como comparação, o Brasil levou 515 atletas a Lima 2019, conquistando 141 pódios. Curiosamente, a última edição do Pan foi a segunda em que o país ficou na vice-liderança do quadro de medalhas, justamente após São Paulo 1963.

Entre os grandes nomes daquela edição estava a tenista brasileira Maria Esther Bueno. Na época, ela já era bicampeã de Wimbledon e campeã do US Open em simples, além de ter seis títulos de Grand Slam em duplas. Com amplo favoritismo para o Pan em sua cidade natal, ela só não esperava que um cachorro pudesse atrapalhar seus planos.

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Maria Esther havia acabado de ganhar um cão de seu irmão. Um dia antes do Pan, o filhote mordeu acidentalmente o pior lugar possível para uma tenista destra: a mão direita.

“Rasgou bastante a parte interna de um dos dedos”, contou Maria Esther à Folha em 2003. “Foi preciso fazer vários pontos e várias visitas diárias ao hospital durante o torneio para que eu pudesse jogar, com muita dificuldade para segurar a raquete a semana toda”, acrescentou.

Se você achava que isso impediu Maria Esther de vencer o torneio, achou errado. A paulistana foi medalha de ouro mesmo assim.

“Os Jogos foram todos relativamente fáceis e na final venci uma ex-campeã de Roland Garros, uma das melhores jogadoras mexicanas e grande especialista em quadras de saibro, Yolanda Ramirez, por 6/3 e 6/3”, lembrou.

Além do ouro em simples, Maria Esther também ficou com a prata nas duplas femininas e duplas mistas no Pan. As idas diárias ao hospital acabaram valendo a pena.

“Foi muito importante ter tido a oportunidade de jogar e ganhar em São Paulo, a minha cidade, um torneio de prestígio como o Pan-Americano. Todos os meus maiores resultados tinham sido fora do Brasil”, explicou a tenista à Folha.

“Foi uma boa chance de o público poder acompanhar mais de perto minhas performances”, concluiu Maria Esther, que faleceu em 2018 como a maior tenista da história da América Latina.

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