Ketleyn Quadros foi pioneira no esporte brasileiro, se tornando a primeira mulher a conquistar uma medalha em disciplinas individuais em uma Olimpíada, com o bronze de Pequim 2008 na categoria de -57 kg. Mayra Aguiar subiu a parada e com o bronze de Londres 2012 e Rio 2016 nos -78 kg se colocou como a primeira brasileira a ganhar duas medalhas Olímpicas em um esporte individual.
Ambas são história do Brasil. Passado, presente e futuro. Porque tanto Ketleyn Quadros como Mayra Aguiar vão competir em Tóquio 2020, chegando ambas como cabeças de chave, um cenário que há meses parecia improvável.
Ketleyn Quadros embarca no último trem para Tóquio 2020
Chegou tarde na estação, mas Ketleyn Quadros embarca no último trem para Tóquio 2020. O Campeonato Mundial, realizado em Budapeste (Hungria), foi a última chance de a brasiliense pontuar para o ranking mundial, que define a classificação olímpica. Com 33 anos, Ketleyn Quadros foi 5ª na categoria de -63kg e ganhou o bilhete para as Olimpíadas.
Pelo meio ficaram três ciclos Olímpicos sem classificação para os Jogos, mas a perseverança da atleta natural de Ceilândia (Distrito Federal) leva a que treze anos após fazer história em Beijing 2008 Ketleyn Quadros esteja de volta.
As sensações pré-Mundial eram positivas pelo 2º lugar no Grand Slam de Kazan, na Rússia, em maio. Em Budapeste, a tendência se manteve e Ketleyn Quadros só perdeu o bronze para a holandesa Sanne Vermeer no golden score. Pelo meio a campeã pan-americana derrotou a kosovar Laura Fazliu, a americana Alisha Galles e perdeu nas oitavas com a eslovena Andreja Leski. Caindo na repescagem conseguiu eliminar a húngara Szofi Ozbas.
Puro instinto de sobrevivência e de superação. Pura motivação para a seleção brasileira que após quatro dias de Mundiais precisava de uma grande notícia. Na edição online da revista Isto É, Ketleyn Quadros resumiu o que significa a classificação para Tóquio 2020:
“Estar lutando durante todos esses anos é muito amor à modalidade. Eu saio muito feliz desse Campeonato Mundial. Apesar da medalha não vir, eu saio feliz. Inclusive, me emocionei em todas as lutas, porque é uma conquista muito grande. (Ser) uma atleta veterana, me sentir evoluindo, crescendo, tendo meus principais resultados da minha carreira é muito importante, porque, antes de qualquer pessoa acreditar, eu acreditei muito.”
Grave lesão não limita o sonho Olímpico de Mayra Aguiar
A presença em Tóquio 2020 da bicampeã mundial de -78 kg não esteve em causa. A rotura do ligamento cruzado do joelho esquerdo de Mayra Aguiar foi apenas um obstáculo no caminho das terceiras Olimpíadas da judoca, que já conquistou duas medalhas de bronze em Londres 2012 e Rio 2016.
O passado mostra que a atleta está concebida para os momentos decisivos. Quando outros tremem, Mayra Aguiar mostra sua melhor versão.
A bicampeã mundial se acostumou a ter a dor como companheira frequente. Foi com o braço esquerdo enfaixado que Mayra Aguiar levou para casa a primeira medalha de bronze do seu historial Olímpico, discutindo o bronze em Londres 2012 condicionada por um problema físico que não impediu a vitória por ippon sobre a holandesa Marhinde Verkerk. Quis o destino que ambas se voltassem a encontrar no recente Mundial da Hungria, onde Verkerk eliminou Mayra Aguiar nas oitavas de final, resultado que fica aquém das expetativas.
Caso seja bem-sucedida em Tóquio 2020 na conquista de uma terceira medalha Olímpica, a judoca continuará fazendo história: nunca uma atleta brasileira conseguiu ganhar medalhas em três Jogos Olímpicos consecutivos em um esporte individual. O atual recorde é dela mesma, com os bronzes que tem na coleção. Em Tóquio 2020, com ou sem medalha, a grande vitória de Mayra Aguiar já foi conquistada pela simples presença depois da lesão séria.