Seleção de vôlei masculino tem ano desafiador e reforça necessidade de renovação para ciclo de LA28

Após pior campanha Olímpica desde 1972, seleção brasileira se despede de ídolos e busca reestruturação para LA28. Relembre 2024 e o que esperar de 2025

6 minPor Fernanda Lucki Zalcman
Darlan Souza e Bruninho, duas gerações do vôlei brasileiro
(Miriam Jeske/COB)

Um ano Olímpico é sempre carregado de muita expectativa - para o bem e para o mal. É o momento final de um ciclo de quatro anos, que pode resultar na tão esperada conquista ou apontar para a necessidade de mudanças para o futuro. E é no segundo cenário se encaixa a seleção brasileira de vôlei masculino, que viveu um 2024 bastante desafiador.

A temporada foi tão desafiadora quanto o último ciclo em si, depois dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020. Na capital japonesa, o Brasil já havia ficado fora do pódio pela primeira vez depois de quatro medalhas Olímpicas consecutivas, terminando na quarta colocação.

Na época, o tema da renovação do time já entrou em pauta e se acentuou ainda mais depois de Paris 2024, quando a seleção foi eliminada nas quartas de final e obteve o pior desempenho desde os Jogos de 1972.

Relembre abaixo como foi o ano de 2024 do vôlei masculino brasileiro e o que esperar para 2025.

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Seleção de vôlei masculino tem ciclo desafiador

Antes de recapitular o ano de 2024, é preciso voltar um pouco no tempo. Sob o comando de Renan Dal Zotto, o resultado de maior expressão no ciclo desde Tóquio foi o bronze no Mundial de 2022. Nas demais competições de grande porte, o Brasil não subiu ao pódio, com exceção dos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023, em que foi ouro com uma equipe de jovens atletas.

A seleção testemunhou o crescimento de outras seleções, incluindo a grande rival Argentina, que já havia vencido a equipe brasileira na Olimpíada do Japão e desbancou o time novamente no Campeonato Sul-Americano pela primeira vez em 28 edições.

Ainda em 2023, o Brasil encarou a disputa do Pré-Olímpico em casa, que foi marcada por altos e baixos. Pressionada pela conquista da vaga em Paris 2024, a seleção suportou bem a pressão do último jogo contra a grande Itália para ficar com a segunda e última vaga do Grupo A, carimbando o passaporte rumo à capital francesa.

Além da classificação para os Jogos Olímpicos, uma das principais conquistas da temporada foi o surgimento de Darlan Souza como destaque da nova geração, já se concretizando na equipe principal.

Logo depois da conquista, porém, Renan Dal Zotto anunciou sua saída da equipe e Bernardinho retornou ao cargo de treinador do Brasil meses depois.

Bernardinho conquistou seu primeiro ouro Olímpico como técnico em Atenas 2004

(Adam Pretty/Getty Images)

Brasil cai nas quartas da VNL 2024

Com grande expectativa, a primeira competição sob o novo comando foi a Liga das Nações, em que o time novamente encontrou dificuldades. Bernardinho manteve a base já conhecida, com grandes nomes como Bruninho, Lucarelli e Lucão.

Ao mesmo tempo, o técnico aproveitou a oportunidade para chamar novos nomes, já pensando também no futuro da seleção. Os jovens atletas de maior destaque foram Darlan, Adriano e Lukas Bergmann, que passaram a ser figurinhas carimbadas do time de Bernardinho, assim como Matheus Brasília, que foi chamado para a disputa da VNL após Bruninho sofrer uma lesão na panturrilha e ficar de fora da segunda etapa do torneio.

Na primeira fase da competição, em que cada time joga 12 partidas ao longo de três semanas, o Brasil correu o risco de ficar de fora do mata-mata pela primeira vez. A seleção somou seis vitórias e seis derrotas, se classificando apenas na sétima colocação. Nas quartas de final, porém, a equipe acabou eliminada pela Polônia, de virada, exatamente um mês antes da estreia em Paris 2024.

Seleção de vôlei masculino perde nas quartas em Paris 2024

Na capital francesa, o roteiro foi parecido. Vale lembrar que a modalidade teve um formato diferente nos Jogos e, pela primeira vez, foram três grupos ao invés de dois.

Os dois primeiros colocados de cada chave avançaram às quartas, assim como os dois melhores terceiros, que foi o caso do Brasil, que conseguiu apenas uma vitória sobre o Egito, perdendo para Itália e Polônia.

Nas quartas de final, a seleção enfrentou os Estados Unidos e acabou derrotada por 3 a 1, culminando na pior campanha em Jogos desde 1972. Foi a primeira vez também que Bernardinho ficou fora do pódio Olímpico como técnico.

Mais dos que as derrotas em si, que foram em sua maioria para grandes seleções mundiais, as performances em quadra foram responsáveis por ligar o sinal de alerta da seleção.

Derrotas reforçam renovação para o ciclo de LA28

A temporada de 2024 não foi boa para a seleção brasileira de vôlei masculino, mas também não foi nenhuma surpresa. Depois de anos como um dos principais times do mundo na modalidade, o Brasil passa por um processo normal de renovação e reformulação, o que inevitavelmente exige paciência.

O assunto já surgiu após Tóquio 2020, ganhou mais força depois de Paris e deverá ser o principal tópico até Los Angeles. A seleção, provavelmente, não contará mais com grandes nomes como Bruninho e Lucão, os últimos remanescentes da última geração medalhista, que já sinalizaram o fim de suas carreiras com a camisa brasileira. O mesmo deve acontecer com Lucarelli, Leal e talvez Thales - ainda que não imediatamente em 2025.

Bernardinho, por sua vez, já foi confirmado como treinador da equipe brasileira para o próximo ciclo e será o principal responsável por trazer novos nomes, o que já vem sendo feito gradualmente nos últimos anos. Mesmo em 2024, enquanto o Brasil disputava os Jogos Olímpicos, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) promovia uma série de amistosos para a chamada “seleção de novos”, que deverá servir de vitrine para a chegar à equipe prinicipal.

Equipe que defendeu o Brasil em Paris 2024

(Gaspar Nobrega/COB)

Nesse contexto, os Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023 são um belo “spoiler” do que pode vir pela frente, com nomes como Brasília, Felipe Roque, Judson, Otávio, Honorato e Maique, além dos já mencionados Darlan, Adriano e Lukas Bergmann. Darlan, inclusive, já é um dos destaques consolidados da seleção principal e terá de lidar com uma alta expectativa sobre liderar esse processo de renovação daqui para frente.

É importante pontuar também que essa nova geração não é composta, necessariamente, apenas por jovens atletas (como Darlan e Bergmann), mas de jogadores até um pouco mais velhos, com 26, 27 anos, mas que não tiveram ainda suas chances na equipe brasileira.

Fato é que o elenco da seleção deve rodar bastante nos próximos anos e a Superliga pode - e deve - ter um papel fundamental nisso. Bernardinho também terá de estar perto das seleções de base, que têm agenda cheia no próximo ano. E o torcedor brasileiro terá de se acostumar com as novas caras no time, que precisarão de tempo para se adaptar ao tamanho da seleção brasileira - e sua igualmente grande pressão.

Calendário do vôlei masculino em 2025

Dito tudo isso, Bernardinho não terá muito tempo para iniciar o processo de renovação, uma vez que o ano de 2025 reserva grandes competições. Confira abaixo o calendário do vôlei masculino, tanto da equipe principal, quanto de base.

  • 11 de junho a 3 de agosto: Liga das Nações
  • 24 de julho a 3 de agosto: Mundial sub-19
  • 21 a 31 de agosto: Mundial sub-21
  • 12 a 28 de setembro: Mundial adulto
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