Renan Ribeiro, brasileiro que atua pelo Catar, reencontra carinho do público no Pré-Olímpico de Vôlei

Paris 2024

Jogador paulista, que está há 13 anos no país árabe, vive momento especial com familiares e torcedores no Rio de Janeiro e espera que sobrinhos um dia joguem pelo Brasil.

4 minPor Sheila Vieira
Renan Ribeiro
(Volleyball World)

Após a vitória da Itália sobre o Catar no Pré-Olímpico de Vôlei Masculino 2023, neste domingo (1), os torcedores que permaneceram no Maracanãzinho começaram a cantar "Renan! Renan! Renan! Renan!"

Não se tratava do treinador do Brasil Renan Dal Zotto ou de algum jogador da seleção brasileira, mas sim de um integrante da equipe do Catar: o paulista Renan Ribeiro, que vive no país árabe há 13 anos e veste a camisa 4 da equipe.

Após tirar fotos com o público, Renan falou ao Olympics.com sobre a sensação de jogar em "casa".

"É muito especial e muito diferente", afirmou. "Lá no Qatar, eles ainda não têm essa cultura do voleibol como nós temos aqui. Só temos um carinho em uma final, quando tem muita mídia em cima. Isso é uma das coisas de que eu sinto falta. Rever e sentir tudo isso de volta."

"A paixão que os torcedores brasileiros têm com o voleibol é muito especial. Dá até uma vontade de voltar. Mas foi o caminho que a vida me mostrou", comentou o atleta de 33 anos.

(Volleyball World)

Renan Ribeiro: 'Não trocaria por nada'

Formado pelo Esporte Clube Pinheiros, Renan teve dificuldades na transição do juvenil para o profissional e não encontrou espaço no mercado brasileiro. As propostas de fora apareceram e ele decidiu aceitar a do Catar, a princípio por pouco tempo.

"A ideia era ganhar um pouco de dinheiro e experiência, para tentar voltar. Mas a maneira como eles me trataram e a oferta de carreira, de me oferecerem a naturalização e o projeto da seleção... eu não me via no nível para jogar na seleção brasileira. Então isso foi determinante para eu ficar", explicou.

A adaptação ao Catar foi mais difícil dentro da quadra do que fora. Afinal, 88% dos residentes do país são estrangeiros.

"No começo, tinha muita pressão, porque cada time só tem dois profissionais, que precisam render o tempo todo. Mas fora isso, eles são muito abertos a estrangeiros e muito hospitaleiros. A parte ruim era só ficar longe da família, porque de resto tem sido um prazer jogar lá", garantiu.

Renan teve dois filhos no Catar com sua esposa brasileira, e todos falam português, além do inglês. O árabe, segundo o jogador, não é tão essencial no país, mas ele consegue 'arranhar' o idioma com os companheiros de equipe.

"Eu não trocaria [ter ido para o Catar] por nada. Lógico que jogar por uma seleção brasileira, com esse tipo de calor humano, é uma coisa surreal. Mas estava fora do meu alcance. As decisões foram corretas e agradeço a Deus por elas."

(Volleyball World)

Momento especial de Renan Ribeiro com a família

O Catar já enfrentou o Brasil no Pré-Olímpico, com derrota por 3x0. Renan fez 12 pontos no jogo e teve a chance de reencontrar os jogadores brasileiros, assim como no Mundial de 2022.

"O Bruninho é um pessoa maravilhosa, sempre dá atenção para qualquer seleção. Do pessoal da minha geração, o Isac é o único que tem jogado na seleção. Mas quando a gente cruza, eles são muito respeitosos, sabem que sou brasileiro e me tratam muito bem", comentou Renan.

O Pré-Olímpico também tem sido a chance de Renan encontrar sua família estendida e inspirar os mais jovens.

"Tenho três sobrinhos e é uma experiência muito legal viver isso com eles. Relembrar no futuro pelas fotos. Quem sabe isso não pode ser um exemplo? Incentivá-los a perseguir o esporte, um sonho, quem sabe um dia vestir a camisa amarela", concluiu.

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