Real Madrid x Barcelona: relembre o histórico do clássico espanhol desde 2000

Confira momentos marcantes do El Clásico desde 2000.

8 minPor Camila Del Manto
Barcelona x Real Madrid
(Allsport UK/Allsport)

Real Madrid e Barcelona são dois dos maiores clubes de futebol do planeta. A rivalidade entre eles ultrapassa as fronteiras da Espanha e chama a atenção de todo o mundo. Por isso, a cada vez que se encontram, um novo capítulo do "El Clásico" - nome dado ao embate entre eles - é escrito.

Fazendo um recorte cronológico a partir de 2000, Real e Barça protagonizaram batalhas históricas dentro e fora de campo, com destaque para os brasileiros em ação e os duelos entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, que fizeram os clássicos espanhóis atingirem um novo patamar.

O último capítulo em outubro, pelo Campeonato Espanhol, no Estádio Santiago Bernabéu, em Madri. Fora de casa, o Barcelona venceu o rival por 4 a 0 e se isolou na liderança. A seguir, confira momentos marcantes dos duelos entre Real Madrid e Barcelona desde 2000.

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2000: a polêmica chegada de Figo ao Real Madrid

A rivalidade entre Real Madrid e Barcelona teve um de seus capítulos mais marcantes em 2000, quando os merengues tiraram Luis Figo da Catalunha. A transferência causou revolta na torcida do Barça, que passou a ter o português, vencedor da Bola de Ouro daquele ano, como traidor.

No primeiro jogo defendendo o Real Madrid no Camp Nou, casa do Barcelona, Figo foi hostilizado pela torcida de seu ex-clube, que levou cartazes contra o meia e chegou a atirar uma cabeça de porco, atingindo o português.

Figo foi hostilizado pela torcida do Barcelona após se transferir ao Real Madrid

(Allsport UK/Allsport)

Além do clima tenso, a situação entre os clubes era oposta no início do século XXI. O Real foi campeão da Liga dos Campeões em 2000 e 2002, e montava seu time de Galácticos, contratando estrelas como Ronaldo, Zinedine Zidane, David Beckham, além do próprio Figo.

O Barcelona, por sua vez, passou por momentos difíceis, sem conseguir ganhar o Campeonato Espanhol por seis anos seguidos, entre 1999 e 2005. Nos início dos anos 2000, os catalães chegavam a ser superados por outros times do país, como o Valencia, que ganhou o torneio nacional em 2002 e 2004, além de ter alcançado a final da Champions League em 2000 e 2001.

A temporada 2002/03 é um exemplo da fase complicada que o Barcelona atravessava. A equipe terminou o Espanhol apenas em sexto, fora da zona de classificação à Champions, algo que se mostraria impensável anos depois.

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2003: a chegada de Ronaldinho e a mudança de patamar do Barça

A contratação de Ronaldinho Gaúcho junto ao PSG, em 2003, iniciou o caminho de subida dos catalães e, a partir de 2004, a situação começou a se inverter. Reenergizado com o brasileiro, eleito o melhor do mundo em 2004 e 2005, o Barça voltou a ganhar seu campeonato nacional, sendo bicampeão nas temporadas 04/05 e 05/06. A cereja do bolo foi o título da Champions League em 2006.

Um dos momentos mais marcantes - e inimagináveis - do El Clásico aconteceu em 2005. No Santiago Bernabéu, o Barça venceu o maior rival por 3 a 0, mas o que chamou a atenção foi o show de Ronaldinho, que marcou duas vezes, uma delas deixando Sergio Ramos no chão. Os gols foram tão emblemáticos que torcedores do Real aplaudiram o brasileiro de pé, em uma imagem que ficou eternizada na história do confronto e do futebol mundial.

Ronaldinho foi aplaudido de pé por torcedores do Real Madrid no Santiago Bernabéu

(Denis Doyle/Getty Images)

Assim, os madridistas sofriam. Mesmo com um elenco recheado de estrelas, o time não conseguia campanhas de destaque na Champions, além de ver os rivais chegando ao topo da Espanha e da Europa. Com isso, apesar de um bicampeonato espanhol, em 2006/07 e 2007/08, os merengues ainda sentiam que isso não era suficiente para o tamanho do clube.

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A era Pep Guardiola e Lionel Messi no Barcelona

Para aumentar a rivalidade e o descontentamento do clube de Madri, a partir de 2008 o Barcelona iniciou seu período mais brilhante, sob o comando de um jovem Pep Guardiola.

Dentro de campo, enquanto Ronaldinho caía de rendimento, os catalães contavam com o crescimento de Lionel Messi, que desde muito cedo já mostrava que marcaria uma época.

Junto do argentino, o Barcelona viu a consolidação de um histórico meio-campo, com Xavi e Iniesta no comando. Assim, a equipe ganhou tudo o que disputou no ano de 2009: Liga dos Campeões, La Liga, Copa do Rei, Supercopa da Europa, Supercopa da Espanha e Mundial de Clubes.

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A resposta do Real: Cristiano Ronaldo, Kaká e José Mourinho

Precisando dar uma resposta, o Real Madrid resolveu apostar novamente em contratações de peso. Na mesma janela de transferências, no meio de 2009, trouxe Kaká e Cristiano Ronaldo, além de Karim Benzema, ainda uma promessa na época. O brasileiro acabou não tendo o rendimento esperado, mas ali começava a era do português como estrela do clube.

Em 2010, para aumentar o peso e fazer frente ao trabalho de Pep Guardiola, o Real trouxe José Mourinho, que havia acabado de ser campeão da Champions com a Inter de Milão, eliminando o Barça na semifinal. O português, conhecido por suas falas polêmicas e por gostar de levar os jogos para além das quatro linhas, fez com que a rivalidade voltasse a ficar mais forte entre os clubes, inclusive nos bastidores.

Entre 2010 e 2012, Real Madrid e Barcelona se enfrentaram tendo os dois principais técnicos e os dois melhores jogadores do mundo - Mourinho e CR7 pelo Real e Guardiola e Messi pelo Barça. Esses aspectos aumentaram ainda mais a importância do El Clásico ao longo dos anos e adicionaram novos capítulos à rivalidade.

José Mourinho e Pep Guardiola comandaram Real e Barça no El Clásico

(David Ramos/Getty Images)

A semifinal da Champions League e o duelo Messi x CR7

Em 2011, as equipes chegaram a fazer quatro jogos em um intervalo de 20 dias. Na final da Copa do Rei, deu Real; no Espanhol, os times ficaram no empate. Porém, o foco maior estava na semifinal da Champions League 2010/11. O Barcelona levou a melhor, vencendo por 2 a 0 no Santiago Bernabéu; na volta, no Camp Nou, o empate por 1 a 1 levou os blaugranas à final - na decisão, venceram o Manchester United e levantaram o troféu.

Além da rivalidade Mourinho x Guardiola, dentro de campo também se criou a disputa Lionel Messi x Cristiano Ronaldo. Os dois passaram a disputar, ano após ano, os recordes de gols e a premiação de melhor do mundo.

O argentino e o português monopolizaram a eleição entre 2008 e 2017: neste período de dez temporadas, Messi foi escolhido o melhor em 2009, 2010, 2011, 2012 e 2015, enquanto Cristiano ganhou em 2008 (ainda pelo Manchester United), 2013, 2014, 2016 e 2017. Com exceção de 2010, quando Iniesta e Xavi completaram o pódio, a dupla sempre terminou como primeiro e segundo na disputa.

Após a saída de Guardiola, ao fim da temporada 2011/12, a rivalidade teve uma queda de temperatura no extra-campo. Contudo, dentro das quatro linhas, os clubes seguiram se destacando, principalmente com as disputas entre Messi e CR7.

A disputa entre Messi e CR7 intensificou a rivalidade entre Barcelona e Real Madrid

(Denis Doyle/Getty Images)

A era de ouro do Real Madrid e os trios de ataque

Entre 2014 e 2018, os dois times ganharam todas as edições da Champions: enquanto o Barça venceu em 2015, o Madrid dominou a competição e colecionou troféus - primeiro em 2014 e depois com o tricampeonato entre 2016 e 2018, iniciando uma era dourada na Europa.

Neste período, também se criou a disputa entre os trios de ataque estrelados. No Real, destacou-se o BBC, com Karim Benzema, Gareth Bale e Cristiano Ronaldo. No Barça, a sensação era o MSN, formado por Messi, Luis Suárez e Neymar. Os trios se colocaram na história dos clubes, representando as eras vencedoras de ambos.

A partir de 2018, a rivalidade teve um período de menor temperatura, ainda que o duelo tenha permanecido marcante e assistido por todo o mundo. O Madrid viu CR7 encerrar seu ciclo no clube e se transferir à Juventus, da Itália; já o Barcelona passou a sofrer com problemas administrativos e não voltou a mostrar a mesma força dos anos anteriores.

Os trios de ataque de Real e Barça adicionaram mais tempero ao clássico espanhol

(Alex Caparros/Getty Images)

Real x Barça: a rivalidade nos últimos anos

Nas últimas cinco temporadas, o Real embalou três títulos espanhóis, além de ganhar a Champions novamente em 2022 e 2024. Nesse período, os catalães venceram o nacional apenas uma vez, em 2023, e amargaram eliminações precoces e vexames no cenário continental, como a goleada sofrida por 8 a 2 para o Bayern de Munique em 2020. Além disso, o Barcelona perdeu Messi, que deixou o clube em 2021 para se transferir ao PSG.

Assim, os números apontam superioridade atual do Real Madrid. Porém, a linha do tempo do século mostra que os dois gigantes têm revezado períodos de domínio, tanto nacional quanto europeu.

Independentemente dos momentos vividos pelos times, o El Clásico sempre tem um componente especial. O último duelo, realizado em outubro, marcou o confronto entre os brasileiros Vinicius Júnior, um dos favoritos à Bola de Ouro, e Raphinha, um dos principais nomes do Barça na temporada.

Os jogadores vinham de hat-trick na Liga dos Campeões e o encontro valia a liderança do Campeonato Espanhol. Quem se deu melhor foi o Barcelona, que venceu por 4 a 0, com gol e assistência de Raphinha, e se isolou na ponta da tabela.

Vini Jr. e Raphinha são destaques brasileiros no El Clásico

(Ethan Miller/Getty Images)
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