Rayssa Leal, especialista em tirar o coelho da cartola nos momentos decisivos

Skatista brasileira provou nesta temporada que é capaz de sair de momentos complicados com talento, resiliência e, claro, muita terapia.

4 minPor Sheila Vieira
Rayssa Leal
(Getty Images)

O skate é um esporte de muitas surpresas, mas uma coisa é sempre certa: não se pode descartar Rayssa Leal antes da última manobra. Em pouco mais de três anos, a brasileira de 16 anos construiu uma reputação que muitos atletas passam toda a carreira tentando alcançar: a aura de mostrar o seu melhor nos momentos decisivos.

Seja em Jogos Olímpicos, Mundiais ou outros eventos, Rayssa saiu de situações extremamente complicadas para chegar a um pódio ou até a um título.

Em Paris 2024, a maranhense enfrentou dificuldades na classificatória, quando errou as duas voltas e precisou acertar três grandes manobras para ir à final. E assim ela fez, avançando em sétimo lugar.

As voltas não encaixaram totalmente também na decisão, e Rayssa teria que tirar pelo menos oito pontos de desvantagem nas manobras para conquistar sua segunda medalha Olímpica.

“Depois que eu errei as duas linhas, eu falei para mim mesma ‘não vou conseguir mais’. Mas o meu time me ajudou, falou que o jogo ainda não acabou e eu voltei 100%, mais focada ainda. Foi o campeonato que eu fiquei mais nervosa", disse Rayssa ao Olympics.com.

Rayssa Leal e o 'abraço que resolveu muita coisa'

Em momentos decisivos, conta o talento, mas também a força mental, que vem do trabalho que Rayssa tem feito com seu time.

"Ter tido toda a terapia que eu faço, a conversa com o meu time que eu sempre faço, isso na hora me ajudou bastante. Às vezes, só a pessoa que está sentindo sabe e nem consegue explicar, né? Mas a minha família estava lá, todo o meu time estava lá e um abraço resolveu muita coisa ali no momento, sabe? Então, de ter recebido um abraço, de todo mundo, ter ouvido palavras muito positivas e motivacionais pra mim, cara, foi o que mudou ali mesmo no jogo, sabe?”, explicou.

Diante de tantas emoções, a estratégia também conta. Rayssa pretendia mostrar em Paris uma nova manobra, que poderia lhe dar até o título, mas acabou optando por uma mais segura para garantir o pódio caso acertasse.

"Eu estava um pouco nervosa, porque eu sabia que, se eu tentasse aquela manobra, ia me dar o pódio. Claro, tinha outras meninas ainda pra dropar, mas a gente sabia da estratégia. Fiquei muito confortável com ela, que eu dou todos os dias lá na minha pista [em Imperatriz]", disse.

Sobre a manobra mais arriscada, o Caballerial boogie, Rayssa ainda tem esperança de apresentá-la em Jogos Olímpicos. "Acho que tudo acontece no tempo certo. Talvez não era o tempo e talvez seja em LA28 o tempo", afirmou.

Rayssa Leal: 'Vai com amor, com carinho, que tudo dá certo'

No Mundial em Roma, após Paris 2024, Rayssa enfrentou novamente um grande desafio, encarando sete japonesas na final. A brasileira acertou as voltas, mas errou as duas primeiras manobras, entrando em terreno perigoso.

Antes da quarta manobra, ela precisava de incríveis 92.57 para tomar a liderança. Tirou 93.99 e foi campeã mundial novamente.

“Acho que o mais importante mesmo é não se cobrar tanto. Eu acho que depois de tudo o que aconteceu, o mais importante para mim naquele momento era não me cobrar tanto, não ficar na pressão de querer acertar as manobras e sim querer me divertir. Então, dependendo do que você faz, o esporte que você faz, não se cobre. Vai com amor, com carinho, se divertindo, que dá tudo certo, sabe?”, comentou Rayssa.

Quando perguntada sobre uma palavra que definiria seu ano, ela disse "superação".

"Teve muitos campeonatos que foram altos e baixos e esse ano eu estou aprendendo a lidar com isso. Então eu fico muito feliz que a cada campeonato, a cada dia, estou me superando mais."

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