Com a patinação artística pegando fogo nos Jogos Olímpicos de Inverno Beijing 2022, as histórias dos brasileiros que foram pioneiros no gelo e na neve são relembradas como inspiração para os atletas que buscam a vaga Olímpica.
Apesar de o Brasil participar dos Jogos de Inverno desde Albertville 1992, foi apenas em Sochi 2014 que o país contou com uma representante de um dos esportes mais tradicionais e populares do programa Olímpico de inverno, a patinação artística: Isadora Williams, que completa 26 anos nesta terça-feira, 8 de fevereiro.
Sonho brasileiro no gelo
Nascida em Marietta, no estado americano da Geórgia, Isadora é filha da brasileira Alexa Williams e do americano Charles Williams. Patinadora desde os cinco anos, procurou a Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG) aos 13 anos para representar a sua nação materna.
Aos 16 anos, conquistou a primeira medalha da história do Brasil na patinação artística, com o bronze no Golden Spin de Zagreb em 2012. A grande evolução de Isadora fez com que ela fosse a porta-bandeira do Brasil na Cerimônia de Abertura de Sochi 2014, edição em que ficou na 30ª colocação no individual.
“Depois da ascensão veio a depressão. Eu não fiz o programa que gostaria de fazer em Sochi, não patinei com todo o meu potencial. Voltei determinada a nunca mais colocar meus pés em um par de patins. Foi um momento muito ruim, de grande tristeza e muita depressão. Mas voltei e tenho muito orgulho de quem sou e do que conquistei”, afirmou Isadora ao GE.com em 2018.
Isadora deu a volta por cima, com cinco pratas em competições internacionais e ouro no Troféu de Sofia, na Bulgária, em 2017. No mesmo ano, ela teve outro resultado bastante expressivo: quinto lugar no forte Troféu Nebelhorn em 2017, que a garantiu nos Jogos Olímpicos pela segunda vez.
“Quero os brasileiros me assistam, torçam e que tenham muito orgulho de mim. [...] Eu sou extremamente respeitada porque represento um país sem tradição no esporte e cheguei onde cheguei”, ela disse ao GE.com.
Primeira finalista sul-americana
PyeongChang 2018 é uma edição Olímpica que os fãs brasileiros da patinação artística jamais esquecerão. Com 55.74 pontos no programa curto, que a colocaram na 17ª colocação, Isadora se tornou a primeira sul-americana finalista no esporte em Jogos Olímpicos.
Mais ansiosa na grande final, no programa longo, Isadora obteve a 24ª colocação. Como homenagem por seu feito, a patinadora mais uma vez portou a bandeira brasileira, desta vez na Cerimônia de Encerramento.
“Eu precisava apagar a decepção de Sochi. Foram três anos de muito sacrifício. Estou me sentindo muito mais leve. O meu objetivo em Sochi eu fiz aqui na Coreia. Agora eu vou ter uma memória boa dos Jogos Olímpicos”, comentou à revista Veja ainda em solo sul-coreano.
Um ciclo difícil
Durante a pandemia de COVID-19, Isadora não conseguiu treinar devido às restrições e ainda lidou com o luto pela morte de seu coreógrafo, Serge.
A patinadora também sofreu uma fratura no pé que a impediu de mostrar o seu melhor no Troféu Nebelhorn de 2021, sua primeira e única chance de classificação. Com uma nota baixa no programa curto, Isadora abriu mão de disputar o programa longo e deu adeus às chances de vaga em Beijing 2022.
"Realizei meu sonho de disputar dois Jogos Olímpicos. Pequim seria uma Olimpíada mais extra, uma diversão. Não era meu objetivo competir em três. Mesmo assim, eu treinei muito para a classificação e não aconteceu. Eu tenho outros sonhos agora, outros objetivos”, contou Isadora ao Blog Olhar Olímpico em setembro de 2021, anunciando sua intenção de se aposentar no próximo ano.
O futuro da patinação brasileira
Entre os dias 17 e 19 de dezembro de 2021, foi possível testemunhar o legado de Isadora Williams em São Paulo, durante o Campeonato Brasileiro de Patinação Artística.
O torneio teve 38 inscritos, que competiram no rinque da Arena Ice Brasil em São Paulo. O campeão juvenil Felipe Kubo, que já compete em torneios da ISU (União Internacional de Patinação), promete ser o próximo destaque brasileiro na modalidade.