Podcast: Diogo Silva e os caminhos de um desbravador do esporte brasileiro

No Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, e no ano em que comemora duas décadas da sua semifinal Olímpica no taekwondo, ele é o convidado da 39ª edição, em que resgata e reflete a carreira marcada pelo pioneirismo. Veja frases e ouça o episódio.

8 minPor Sheila Vieira e Virgilio Franceschi Neto
[Podcast thumbnail] Diogo Silva, Brazilian Taekwondoin, at COB Expo 2024, in September, in São Paulo/SP, Brazil.
(©Leo Barrilari/COB)

A contribuição dos atletas negros para o esporte do Brasil é incalculável. Diogo Silva, do taekwondo, é um dos seus expoentes. Semifinalista Olímpico em Atenas 2004, ele é o convidado do 39º episódio do podcast dos Jogos Olímpicos neste 20 de novembro, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

Vinte anos depois da sua semifinal nos Jogos da capital grega, quando fazia sua estreia Olímpica, o papel de Diogo Silva no esporte do Brasil foi muito além do dojang. Quando jovem, vivendo em região com pouco acesso às opções de lazer e de prática esportiva, foi a sorte que o fez encontrar o taekwondo, como ele mesmo diz. Dedicou-se à modalidade mesmo antes que ela fosse inserida no programa Olímpico.

Sabia que aquele era o seu caminho, conduzido por mente, pés e mãos de quem até hoje faz romper barreiras.

Viveu integralmente, como ninguém, um processo de desenvolvimento e crescimento do esporte que marca o século 21 no Brasil. Experiência que faz dele, hoje, um dos responsáveis pelo esporte de base e de alto rendimento, no Ministério do Esporte.

Para falar daquela semifinal Olímpica, em resgate às suas origens e história no taekwondo, em uma reflexão sobre a carreira, Diogo Silva é o convidado do 39º episódio do Podcast dos Jogos Olímpicos.

Você pode ouvi-lo no spotify (clique aqui), além de ler algumas frases da entrevista que o Olympics.com separa abaixo.

E aí minha mãe falou assim: ‘Olha, vamos no clube, se tiver algum lugar, vai ser lá.’ E eu me lembro que quando cheguei no clube, vi o judô e pensei: ‘judô não topo, sou muito franzino, não é a minha praia.' Eu vi capoeira e falei: ‘capoeira eu conheço, mas não é isso que eu estou procurando.’ Porque para mim o negócio era o uniforme, a faixa preta, eu precisava daquilo. E quando eu vi o taekwondo, por muita sorte estava tendo a primeira aula demonstrativa na cidade. Nunca teve aula naquela cidade. Pela primeira vez estava tendo no dia que eu fui. Por isso que eu falo assim: ‘foi um encontro de muita sorte.’ E aí quando eu vi aquelas pessoas de roupa branca, faixa preta, pulando, chutando, falei: ‘isso, é isso aí que eu quero’. E aí é sorte, porque se fosse o karatê, seria o karatê. Se fosse Muay Thai, seria o Muay Thai. Eu acho que toparia qualquer coisa que pudesse ser similar do que eu via nos filmes de luta.

Diogo Silva ao se lembrar de como conheceu o taekwondo.

Eu não tinha expectativa de ir aos Jogos Olímpicos porque a minha modalidade não era Olímpica. Minha modalidade se tornou Olímpica no ano 2000*.* Quando foi em 98, eu consegui a vaga da Seleção Brasileira Juvenil de categorias de base e me classifiquei pro Campeonato Mundial Júnior, que foi na Turquia, em Istambul. Era a primeira vez que eu estava saindo do país. Eu tinha 16 anos, então aquilo com um marco na minha carreira. E naquele momento eu fui semifinalista do campeonato Mundial, conquistando a medalha de bronze. Quando eu me deparo com essa realidade, eu, que sou um jovem de periferia, pensei: ‘No que eu sou bom? É isso aqui que eu sou bom. Então, se tem um lugar que eu posso caminhar e trilhar, ele está aqui.’ Então, aos 16 anos, depois desse título, eu decidi que minha carreira seria a de um lutador de taekwondo.

Ao ser perguntado quando decidiu ser atleta profissional.

Sim, acho que eu fui um jovem com muitos momentos marcantes, porque eu fui um desbravador. Eu faço parte da geração que precisou abrir os caminhos. Eu acho que a busca de ir para os Jogos Olímpicos, então a minha classificatória Olímpica, a busca dessa vaga Olímpica [Atenas 2004] foi muito marcante. Eu tinha 21 anos quando disputei as vagas para os Jogos Olímpicos de Atenas e consegui ganhar a classificatória. Então, isso para mim é o suprassumo da minha carreira, da minha história. Mas ela é bem amadora nesse início porque a gente não tinha um treinador específico, preparador específico, fisiologista, nutricionista, tudo isso era muito distante do nosso mundo. Então eu sou parte de um processo. Eu vivia o crescimento e aperfeiçoamento do esporte na prática.

Diogo Silva, ao ser perguntado de um importante momento em sua trajetória na modalidade.

Para mim foi um divisor de águas, o que me fez me tornar o que eu me tornei dentro do esporte.

Em resposta ao significado de haver chegado à semifinal de Atenas 2004.

Eu quero que as pessoas pratiquem esporte por bem-estar, para ter amigos. Eu quero que as pessoas pratiquem esporte por lazer e o esporte como um polo de diversão individual ou para a família. Eu quero que as pessoas pratiquem o esporte como carreira, para isso é preciso profissão, sua carreira. E dentro dessa carreira você tem um atleta, mas você tem mais de 30 carreiras em órbita, que vai do jornalista, do médico, do fisioterapeuta, do câmera, das plataformas de streaming, da produção, ao marketing. São mais de 30 carreiras na órbita do atleta. Então, tudo isso para mim é o caminho.

Sobre seus objetivos na atual função que desempenha no Poder Executivo.

Podcast dos Jogos Olímpicos

Confira os 38 episódios do podcast dos Jogos Olímpicos, mais os seis especiais dos Jogos Pan-Americanos Santiago 2023, além dos 10 dos Jogos Olímpicos Paris 2024, no Spotify:

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