Marileidy Paulino, estrela dominicana do atletismo: do início com pés descalços à conquista de duas medalhas Olímpicas

Prata nos 400m livre e no revezamento misto 4x400m em Tóquio 2020, atleta começou no esporte para ajudar sua família, atingiu dois pódios na capital japonesa e agora busca deixar um legado além das pistas, criando um centro para crianças órfãs em seu país.

4 minPor Marta Martín
Marileidy Paulino of Team Dominican Republic celebrates after winning the silver medal in the Women's 400m Final
(2021 Getty Images)

A dominicana Marileidy Paulino atingiu um dos pontos mais altos da sua carreira no atletismo ao conquistar duas pratas em Tóquio 2020, nos 400m livre e no revezamento misto 4x400m, representando seu país. E ela não parou por aí: só em Mundiais foram mais três medalhas nos últimos dois anos, entre elas o ouro nos 400m este ano, em Budapeste, e os títulos da Liga Diamante na prova dos 400m em 2022 e 2023, entre outras conquistas.

Quem vê tantos triunfos não imagina que, há seis anos, nada disso passava pela cabeça de Marileidy - nem mesmo o próprio atletismo. A dominicana não tinha nenhuma relação com o esporte e, claro, nenhuma ambição. Foi só aos 19 anos que começou a praticar handebol e atletismo, em busca de uma saída para ajudar a família.

“No início não dava muita atenção ao atletismo. Comecei a conhecer esse esporte um ano depois de iniciar a praticá-lo”, contou Marileidy Paulino em entrevista exclusiva ao Olympics.com.

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Dos últimos lugares aos pódios pelo mundo

A dominicana começou no atletismo como qualquer pessoa sem noção do esporte: “Sempre fiquei em último lugar”, admitiu.

Nessa época, as condições de Marileidy Paulino para competir não eram as que se imagina para uma atleta que, anos depois, subiria duas vezes ao pódio em seus primeiros Jogos Olímpicos. “Comecei a correr descalça, depois de meia, depois de tênis, depois com tênis emprestado... acabei conseguindo comprar e, a partir daí, a história seguiu”, contou.

Suas habilidades começaram a surgir e ela viu que poderia se profissionalizar graças aos Jogos Centro-Americanos e do Caribe 2018, competição na qual ficou perto do pódio nas competições individuais e conquistou o bronze no revezamento 4x100m.

Desde então, Marileidy Paulino não parou de conferir o que significa subir aos pódios internacionais e agora, aos 25 anos, está no seu melhor momento: além do desempenho na Liga Diamante e no Mundial, foi ouro nos 400m no Campeonato Ibero-Americano e no Campeonato Centro-Americano e do Caribe em 2023.

A importância de não desistir

De correr descalça à liderança do ranking mundial, é incontestável dizer que veio uma melhora que hoje é referência para muitas pessoas.

"Diria que é uma mudança extremamente grande. Passei de menos para mais. Às vezes muita gente quer destruir o sonho por não conseguir o resultado que queria. Sempre falo que tudo vem no seu tempo, com paciência, disciplina e muito trabalho para conseguir alcançar o que se deseja", comentou Marileidy Paulino.

"Sou uma pessoa que sempre espera o tempo que for necessário para que as coisas aconteçam. Não se pode desesperar nos momentos difíceis, nem nos fáceis. Quando passa por um momento difícil, a pessoa quer jogar a toalha; e quando tudo está fácil, nos acomodamos".

Além dos valores em que acredita, Marileidy Paulino tem tido outra motivação para superar todas as dificuldades: a família. “É o maior impulso para seguir em frente.”

Mais precisamente, a família sempre foi o principal motivo de Paulino correr. Seus bons resultados andaram de mãos dadas com a possibilidade de ajudar financeiramente seus entes queridos, de melhorar suas vidas e de colocar comida quente na mesa. “Para mim isso não foi uma pressão, mas uma motivação ou uma responsabilidade, porque o que você conseguir beneficiará sua família”, ressaltou.

Sonho é criar uma fundação para órfãos

No entanto, a sua ajuda ao mundo não se limita aos seus entes próximos. Paulino tem um projeto que deseja realizar em médio e longo prazo: criar uma fundação para ajudar crianças órfãs na República Dominicana.

Faz tempo que Paulino pensa nesse seu outro sonho.

"Há muitas pessoas e muitas famílias no meu país que precisam do pão de cada dia. Apesar de não conseguirem por conta própria, isso é possível por meio de pessoas como eu”, afirmou a atleta sobre o propósito da sua futura fundação.

Graças ao esporte, Marileidy Paulino pode retribuir à sua comunidade o que lhe foi dado e fazer a sua parte para tornar o mundo melhor.

"Acredito que o esporte ajuda muito [em situações de crise social e econômica], já que um atleta, por exemplo, no meu caso, antes de alcançar o sucesso, obviamente não tem nada.  Mas com o seu esforço você chega ao sucesso, e consequentemente vêm bons benefícios."

Marileidy Paulino quer que seu sucesso não fique apenas no âmbito esportivo; ela quer ir além, ter um impacto social. Acima de tudo, a dominicana tem uma ideia bem clara: “O principal é ser uma boa pessoa antes de ser um bom atleta”.

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