A pista de atletismo de Paris 2024: feita na Itália, projetada para quebrar recordes, sustentável e... roxa!
Trezentos recordes mundiais foram quebrados nas pistas de atletismo projetadas pela Mondo e espera-se que outros novos recordes sejam batidos nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024.
Lá se vão 52 anos desde que os especialistas em pistas e equipamentos de atletismo celebraram seu primeiro recorde mundial: o revezamento 4x200 masculino em Barletta, na Itália. O time da casa, composto por Pietro Mennea, Franco Ossola, Luigi Benedetti e Pasqualino Abeti, escreveu seu nome nos livros de história com um tempo de 1:21.5.
Desde então, assombrosos 299 recordes mundiais foram batidos nas pistas da Mondo.
A companhia sediada em Alba, no noroeste da Itália, construiu pistas de atletismo para alguns dos maiores eventos esportivos do mundo - incluindo Jogos Olímpicos, Paralímpicos, campeonatos mundiais e competições continentais. Também foram os encarregados de fazer a pista de atletismo para Paris 2024.
No início de março, o Olympics.com visitou o laboratório da Mondo para ver mais de perto a pista que será instalada no Stade de France e no vizinho Stade Annexe, onde os atletas treinarão e se aquecerão antes das competições.
Descubra o que a Mondo tem a dizer sobre o trabalho e o que fará Paris 2024 ser tão especial.
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"Se os atletas quebrarem recordes, estaremos felizes também"
No início deste mês de março, Femke Bol e Devynne Charlton quebraram recordes mundiais no Campeonato Mundial de Indoor de Atletismo, em Glasgow. Foi um momento de orgulho para Maurizio Stroppiana, vice-presidente do setor esportivo da Mondo.
"Medimos a qualidade do nosso trabalho a partir dos recordes pessoais dos atletas," conta Stroppiana. "Se eles tiverem sucesso, isso significa que nossos produtos contribuíram e permitiram que eles desempenhassem seu melhor. Os recordes mundiais representam a cereja do bolo."
A companhia italiana é parceira da World Athletics desde 1987.
"Nós fazemos um trabalho coordenado com a World Athletics e com as federações nacionais, para produzir equipamentos esportivos de alta qualidade. Temos cerca de 150 produtos: barreiras, tábuas de impulsão, blocos de partida, gaiolas de proteção, colchões e carrinhos, entre outros. Construímos a primeira pista do Stade de France em 1998, depois novamente para o Campeonato Mundial de Atletismo de 2003.
"Durante os últimos sete ou oito anos, mantivemos contato constante com os atletas," acrescenta Stroppiana. "Estamos tentando convidá-los a virem aqui, para que testem a pista e deem seu feedback."
A Mondo foi encarregada de produzir uma pista de 17 mil m2, para ser embalada e transportada à capital francesa a tempo do grande evento deste verão. Atendendo às solicitações do Comitê Organizador de Paris 2024, a pista terá três cores: dois tons de roxo (um mais claro, próximo de lavanda, e outro mais escuro) e cinza, para a parte mais externa da pista.
Antes dos Jogos Olímpicos, os atletas poderão testar outra pista produzida pelo grupo Mondo no Campeonato Europeu de Atletismo que será realizado em Roma, de 7 a 12 de junho, tanto no Stadio Olimpico quanto no vizinho Stadio dei Marmi.
"Uma pista importante pode custar entre dois e três milhões de euros, mas depende do tamanho do trabalho," explica Stroppiana. "Estes não são os custos precisos para Paris 2024, sobre os quais não entraremos em detalhes. É uma avaliação indicativa, que também inclui outras construções. Há uma diferença mínima em relação a Tóquio 2020."
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Pistas sustentáveis e apropriadas para esportes Paralímpicos
Giorgio Lesage, diretor de inovação e sustentabilidade da Mondo, explica como a companhia usa mais produtos reciclados para tornar suas pistas mais sustentáveis.
"Nossa história começa em 1948, graças à borracha, um produto natural. Temos algumas colaborações acadêmicas prestigiosas que certificam o que dizemos e esses dados estão disponíveis para serem verificados por empresas externas.
"Sempre procuramos usar produtos que não sejam fósseis, não sejam derivados do petróleo. Temos certificados em relação ao uso de materiais reciclados. Os nossos produtos são duráveis, têm impacto ambiental reduzido e podem ser reutilizados no final da vida útil."
O caminho para uma abordagem mais sustentável e o uso de mais recursos renováveis começaram em Londres 2012.
"Trabalhamos muito para sermos mais eficientes em questões energéticas," diz Lesage. "Passamos de 35% de materiais renováveis e não-fósseis em Londres para mais de 50% em Paris. De 2012 até agora, reduzimos nosso impacto ambiental e estamos trabalhando para reduzir isso ainda mais. Os desafios para Paris se voltam ao desempenho e à sustentabilidade."
O nível de cuidado e atenção aos detalhes do desempenho é especialmente apreciado pelos atletas Paralímpicos.
"Por ser de borracha, a pista possui uma boa interação com cadeiras de rodas, o que garante aderência e resistência," afirma Stroppiana. "Os atletas Paralímpicos estão muito satisfeitos. As próteses são mais agressivas na pista, mas a qualidade do nosso produto permite seu uso sem qualquer problema."
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Modelos matemáticos aplicados às pistas Olímpicas: é assim que os atletas "voam"
São necessários vários estudos e análises aprofundadas para produzir o melhor produto possível aos atletas de elite. Engenharia, física, química: tudo isso tem um papel chave no desenvolvimento dos melhores materiais.
"Construir um modelo matemático nos permite confirmar uma série de hipóteses e, então, estudamos diferentes gráficos que nos dizem o que acontece se modificarmos algum elemento específico," explica Andrea Marenghi, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Mondo Itália. "Melhoramos esse sistema ao longo dos anos. O que fazemos nos permite eliminar várias opções e identificar duas ou três soluções mais promissoras. Isso significa que temos controle sobre nossos projetos.
"A relação que temos com os atletas é bastante importante, para recebermos feedback," acrescenta Marenghi. "Nas camadas inferiores do material há seções vazias. Nossos modelos nos ajudam a entender que é possível ter melhores resultados se mantivermos essas áreas vazias. Atletas dão mais energia à pista e a pista devolve isso no momento certo para que eles continuem seus movimentos atléticos."
A World Athletics também forneceu critérios a serem seguidos pela companhia durante a produção.
"Existem alguns parâmetros mínimos e máximos relacionados à durabilidade, à resposta ao impacto e à absorção de energia que devemos respeitar," Marenghi explica. "Não jogamos nada fora, reutilizamos tudo. A duração média de uma pista de elite é de dez anos. Muitas vezes, uma nova é construída sobre a antiga. Produzimos cerca de 50 pistas por ano. Demora cerca de uma semana para produzir as pistas menores e duas ou três semanas para as maiores."
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Colaboração entre a Mondo e a Universidade Politécnica de Milão
Para auxiliar a companhia com análise de materiais, a Mondo colabora com o Politecnico di Milano para continuar avançando em suas novas tecnologias.
"Estamos focando na conecção dinâmica entre a pista e uma nova geração de calçados," diz Alessandro Piceli, gerente de pesquisa e desenvolvimento na Mondo. "Para a pista, apenas vemos a estética, mas há um grande trabalho que vai além da superfície.
"Um novo grânulo de material polimérico feito especialmente para isso foi inserido na pista de Tóquio. Nós o tornamos ainda melhor agora. Temos químicos, engenheiros e físicos que cuidam do desempenho do material.
"Nosso modelo matemático nos permite realizar inúmeras simulações da forma geométrica do material das camadas inferiores, criando a cavidade idal para melhorar o desempenho esportivo."
Com tanto cuidado e atenção oferecidos para melhorar o desempenho esportivo, é certamente apenas uma questão de tempo até que novos recordes sejam quebrados.
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