Nathalie Moellhausen joga 'em casa' e tenta medalha inédita para esgrima brasileira em Paris 2024
Número cinco do ranking mundial (em 15 de maio de 2024), Nathalie Moellhausen é uma das esperanças da esgrima do Brasil em Paris 2024.
Atleta da espada, nasceu na Itália e conheceu muito cedo a modalidade, onde estabeleceu uma vitoriosa carreira, sem se esquecer das raízes. Durante a infância e adolescência, sempre que podia viajava ao Brasil para visitar sua avó, Marcela, que insistia para que a neta competisse sob bandeira brasileira.
No entanto foi pela Itália que a esgrimista estreou em Jogos, em Londres 2012, na competição por equipes. Há mais de 10 anos optou por representar o Brasil, após período em que esteve distante das pistas e espadas.
"É preciso coragem para mudar de nacionalidade e largar um país para ir para o outro. Pode ser visto como traição, como foi por umas pessoas. Mas eu sabia que o tempo ia dizer tudo, que se um dia eu ganhasse pelo Brasil, eu nunca ia dar as costas para a Itália. Quando venci o Mundial perguntaram se a medalha também era italiana. Eu disse que sim, porque minhas origens estão na Itália," refletiu Nathalie em entrevista para o Olympics.com em 2022.
Foi pelo Brasil que Nathalie obteve seus resultados mais expressivos. Terminou em sexto na competição individual da espada na Rio 2016. Em julho de 2019, tornou-se campeã Mundial (como ela mencionou no trecho acima), dando ao país um título inédito. Em Jogos Pan-Americanos, foi ao pódio nas últimas três edições: bronze no individual e por equipes em Toronto 2015; bronze no individual em Lima 2019 e ouro por equipes em Santiago 2023.
Ao assegurar vaga nos próximos Jogos, a esgrimista irá competir na cidade onde mora há quase duas décadas. Será a sua quarta participação Olímpica, terceira pelo Brasil.
Paris 2024, portanto, será bastante importante para Nathalie. No entanto, com um significado ainda maior, e que o Olympics.com detalha abaixo.
Esgrima | Quais são as diferenças entre as armas da modalidade?
Paris e Grand Palais: "casas" de Nathalie Moellhausen
"Esgrima é a minha arte de viver", afirma a espadista, que agora terá a chance de fazer isso em casa, no icônico Grand Palais, sede da esgrima em Paris 2024.
A esgrimista vive na capital francesa desde 2006, e a cena parisiense é referência internacional em outra das suas paixões, as artes cênicas. "Paris é a capital da arte. Em qualquer lugar, sempre tem um evento, algo acontecendo no campo cultural. É uma explosão de informações do dia até a noite", comentou Nathalie para o Olympics.com.
É na "Cidade-Luz" que ela tem se reencontrado no esporte, após parar na fase de 32 em Tóquio 2020.
Uma eliminação precoce que fez com que ela de imediato se preparasse para Paris 2024. Em pleno verão de 2021, recomeçou. Desta vez, em ambiente conhecido e acolhedor, a sua casa, a capital da França: Paris, sede dos próximos Jogos.
"As Olimpíadas de Tóquio não foram boas. Tive várias situações pessoais que me afastaram da competição durante todo o ano passado [2022], mas nunca deixei de treinar. Eu vivi um verdadeiro inferno pessoal, mas não desisti de segurar a espada", contou Nathalie.
Os resultados vieram.
Em janeiro de 2023 ela venceu o Grand Prix (GP) de Doha (Catar), depois foi campeã da Copa do Mundo em Barcelona (Espanha) e pódio no GP de Cáli, no Pan-Americano de esgrima, além dos Jogos Pan-Americanos Santiago 2023. Recentemente, em março, foi bronze no GP de Budapeste, na Hungria.
"Essa competição [em Budapeste] era fundamental para assegurar presença em Paris 2024. Estou muito feliz com este terceiro lugar", disse Nathalie para as redes da Confederação Brasileira de Esgrima (CBE).
Cumprido o primeiro objetivo de obter a cota Olímpica, a atleta poderá competir em um lugar bastante importante para a sua carreira: "Considero o Grand Palais como a minha segunda casa, porque lá ganhei minha primeira medalha mundial individual, pela Itália, em 2010", relembrou a espadista para o Olympics.com.
Paris é para Nathalie não só sua casa, mas lugar de recomeço, reencontro e ressurgimento. Ingredientes sugestivos para, quem sabe, uma bem sucedida receita de medalha Olímpica.
Mais | Nathalie Moellhausen explica por que Paris 2024 será inesquecível