Miguel Pupo acredita na vaga Olímpica: 'Senti que podia estar nos Jogos'
Com uma década na elite do surfe internacional, brasileiro vai em busca do sonho pela participação Olímpica ao disputar os Jogos Mundiais, na Califórnia. Ele falou para o Olympics.com sobre a excelente temporada, as conquistas recentes, sobre o irmão Samuel e os objetivos para a carreira.
A temporada 2022 tem sido inesquecível para Miguel Pupo.
Há uma década na divisão de elite do surfe internacional, na etapa de abertura do calendário deste ano em Portugal, terminou em terceiro lugar. Já no passado mês de agosto, faturou sua primeira etapa da carreira, em Teahupo'o, no Taiti, palco da modalidade em Paris 2024.
Relembre | O título de Miguel Pupo no Taiti
Terminou na sexta colocação na classificação do CT (Championship Tour), principal escalão da Liga Mundial de Surfe (sigla WSL em inglês). Por muito pouco não passou para as finais, em Trestles, durante a primeira quinzena de setembro.
"Foi um ano especial, a cabeça mudou, os objetivos mudaram, assim que você consegue vencer, você tem outra confiança, saber que você pode chegar lá. Um ano que fiz tudo diferente e não à toa o resultado foi diferente", comentou Miguel.
Um ano que está um tanto longe de terminar para este paulista de 30 anos. Ao lado do irmão mais novo, Samuel - finalista da etapa do Brasil do CT deste ano -, faz parte da equipe brasileira que disputa os Jogos Mundiais de Surfe, que dá uma vaga para os próximos Jogos Olímpicos.
Na quinta rodada da competição principal, terminou em quarto e agora segue na oitava repescagem do evento. Em uma conversa com o Olympics.com, comentou sobre o torneio, as expectativas rumo a Paris 2024, o convívio com o irmão e os sonhos para a carreira.
Confira abaixo.
Miguel Pupo: 'Consegui achar a melhor fórmula de mente e corpo'
Começou o ano chegando às semifinais da etapa portuguesa do CT. Espécie de anúncio do que o ano reservava. Acumulou quartas de final e progrediu novamente no circuito, até vencer nas icônicas ondas de Teahupo'o.
Uma década de espera até, finalmente, vencer.
Além de ter sido uma temporada em que fez 'tudo diferente', Miguel elencou outros pontos importantes que levaram-no para os bons resultados: "A temporada foi boa, consegui uma consistência que eu acho que era meu ponto fraco nos últimos anos. Estou na minha melhor forma, aos 30 anos consegui achar a melhor fórmula de mente e corpo. Finalizar o ano vencendo uma etapa foi especial."
Vitória em Teahupo'o é para poucos
Teahupo'o será o cenário do surfe nos próximos Jogos Olímpicos e destino certo de surfistas do mundo todo em busca das melhores ondas. Vencer lá é para poucos.
"Para mim ainda parece que não é real. Uma das ondas mais temidas do mundo, grandes surfistas não dominaram aquelas ondas", disse Miguel.
Quando se lembra dos detalhes no Taiti, acrescentou: "Aconteceu tudo certo, foi uma semana especial. Ia lá há dez anos e nunca tido um bom resultado."
Pacientemente foi desfrutando do torneio e, acima de tudo, conquistando a confiança necessária para o título da etapa. "Mas neste ano tudo mudou e consegui enxergar as ondas. Fui bateria a bateria, conquistando confiança e, no final, fui apenas coração. Dei o meu melhor, sobretudo na final contra um local. Acho que eu merecia", falou.
Paris 2024: 'Senti que podia estar nos Jogos'
Miguel Pupo foi comentarista de televisão nas transmissões do surfe de Tóquio 2020. Deu voz às análises sobre desempenho que deu o ouro para Ítalo Ferreira. No entanto, aquilo para ele foi um estalo.
"Trabalhei em Tóquio 2020 como comentarista e eu senti que podia estar nos Jogos. Então mudei todo o meu trabalho, sentia que podia estar do outro lado da tela. Espero conquistar uma vaga nos Jogos Olímpicos", lembrou-se.
O primeiro passo para a conquista desta vaga são os Jogos Mundiais de Surfe da ISA, que vão até 24 de setembro, em Huntington Beach, na Califórnia (Estados Unidos). O evento dá uma vaga por gênero em Paris 2024 para o Comitê Olímpico Nacional do país vencedor.
Saiba mais | Os brasileiros nos Jogos Mundiais de Surfe
Miguel quer colocar o Brasil no topo, mas segundo ele há vários fortes times. "Os favoritos aqui são os Estados Unidos. No masculino eles têm o Nat Young, o Griffin (Colapinto) e o Kolohe (Andino). Mas tem Itália, Espanha e Portugal. É um evento duro e longo, e mais nomes vão aparecer durante ele", comentou.
Ao ser perguntado sobre o porquê o Brasil ser uma força na modalidade, recordou os tempos nas categorias inferiores do esporte e refletiu: "Na base o Brasil é super competitivo, a gente sempre está louco por vitórias, então quando chegamos no profissional, estamos com muita fome de vencer. Não que os outros países não tenham isso, mas acho que o Brasil tem algo a mais nessa parte, o que faz ter mais brasileiros na elite do surfe internacional."
Sua experiência e seus resultados recentes, sobretudo no cenário dos próximos Jogos, credenciam-no como potencial representante do país em Paris 2024. "É um sonho. Depois da vitória em Teahupo'o, onde vão ser os Jogos, a vitória é um ensaio do que pode acontecer lá", declarou.
Uma jornada em busca dos sonhos
Faz o seu caminho na vida e também no surfe ao lado do irmão mais novo, Samuel, que também tem feito grande temporada. 'Samuca', como também é conhecido, com Filipe Toledo (campeão geral do CT neste ano) fez final da etapa de Saquarema, em junho passado. Ademais, ao lado de Jadson André, Samuel é colega de Miguel no time masculino do Brasil em Huntington Beach.
"Para mim é muito bom ter um rosto familiar nessa estrada e um orgulho enorme em tê-lo comigo na elite do esporte. O coração do meu pai deve estar gigante. Dividir a alegria e também tristeza com meu irmão é muito bom", disse.
Uma dessas alegrias é o título do CT: "Meu objetivo é ser campeão mundial do CT. Depois que eu senti o gostinho neste ano, acredito ser bem possível."
No entanto, não se esqueceu da participação Olímpica: "O sonho de estar nos Jogos é tudo. Quero surfar para lutar pelas vagas em Paris e em Los Angeles 2028. Espero poder brigar por essas vagas e estar dentro da equipe", finalizou.
Masculino: irmãos Pupo avançam, mas na repescagem; Jadson André é eliminado
A manhã de quinta-feira não foi boa para os brasileiros Jadson André, Samuel Pupo e Miguel Pupo. Os três ficaram na quarta colocação em suas baterias e seguiram na competição, mas dentro da repescagem.
Na primeira disputa do dia, Jadson André ficou em último com 2.83 pontos e foi para a disputa da oitava fase da repescagem, assim como os irmãos Pupo, Samuel e Miguel, respectivamente, que não conseguiram as melhores ondas a fim de continuarem no evento principal.
A oitava repescagem
Primeiro dos Pupo a entrar na água para a repescagem, Samuel ficou em segundo lugar com 11.36 pontos, atrás de Shun Murakami (JPN), em primeiro com 13.16. Com o resultado, passou para a nona repescagem.
Jadson André, na bateria seguinte, terminou em terceiro e acabou eliminado do evento.
Já na bateria que encerrou o dia no masculino, Miguel Pupo ficou em primeiro lugar com 12.53 pontos e passou para a nona repescagem, assim como o irmão.
Ambos terão mais uma chance rumo ao título no masculino dos Jogos Mundiais de Surfe 2022.
Os confrontos da nona repescagem
- Bateria 1: Shun Murakami (JPN) x Miguel Pupo (BRA) x I Ketut Agus (INA)
- Bateria 2: Rio Waida (INA) x Samuel Pupo (BRA) x Joshua Burke (BAR)
Feminino: Yanca Costa é eliminada
Única brasileira ainda na competição feminina, a cearense Yanca Costa terminou em terceiro lugar da sua bateria na quinta repescagem e está fora da competição.
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