Mundial de Atletismo 2023: Érica Sena recomeça após desilusão em Tóquio e maternidade
De volta às competições de marcha atlética após um ano da gravidez e nascimento do filho Kylian, brasileira Érica Sena precisou de apenas quatro eventos para garantir presença no Mundial de Atletismo 2023 em Budapeste, na Hungria. Ela é uma das estrelas da delegação e vai em busca de resultados inéditos.
Quando o Mundial de Atletismo 2023 começar em Budapeste, na Hungria, a partir desta quinta-feira, 17 de agosto, uma atleta brasileira terá motivação dobrada para subir ao pódio: Erica Sena. Atleta de elite da marcha atlética, ela espera alcançar sua primeira medalha na competição após se tornar mãe e ficar um ano e meio afastada das pistas.
Mesmo com apenas quatro competições completadas neste ciclo, a atleta do Brasil alcançou as marcas necessárias para disputar as duas provas da modalidade no campeonato mundial: 20km e 35km. Ela também já conseguiu o índice estipulado para os 20km nos Jogos Olímpicos Paris 2024. A primeira prova dela será no domingo, 20 de agosto, com a disputa dos 20km feminino.
Todos estes feitos já foram acompanhados por Kylian, seu filho nascido em junho de 2022. A gravidez logo após a disputa dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 – e com um ciclo mais curto até Paris 2024 – foi um misto de “felicidade e preocupação”, como Erica Sena afirmou em depoimento ao blog Olhar Olímpico, do UOL.
“Eu estava com 36 anos e ainda tinha (e tenho) a meta de ser medalhista mundial e Olímpica na marcha atlética”, comentou a brasileira, para depois concluir. “Juntos [com o marido e treinador Andrés Chocho] decidimos que eu iria voltar a competir sem pressa, sem cobranças, com o objetivo claro que são os Jogos Olímpicos de Paris, quando eu terei 39 anos”.
Assim foi feito. Além do marido, Erica contou com o apoio de mais dois “novos” integrantes de sua equipe na viagem e nas competições europeias em 2023: o filho Kylian e sua irmã, que a ajudava a cuidar da criança para ela descansar e retomar seu espaço na elite do esporte.
A marchadora brasileira, por exemplo, já bateu na trave na prova de 20km dos Mundiais de Atletismo de 2017 e 2019, quando terminou na quarta posição. “Por enquanto, não tenho nenhum objetivo esse ano, mas não posso deixar de admitir que, depois dessas competições, estou querendo sempre mais”, afirmou ao UOL.
+ ATLETISMO | Confira programação e onde assistir ao Mundial de Atletismo 2023
Do sonho da medalha à tristeza em Tóquio 2020 – e depois gravidez
A tão sonhada medalha em Mundial ou Jogos Olímpicos esteve muito próxima na disputa dos 20km da marcha atlética em Tóquio 2020. Érica Sena ocupava a terceira posição faltando menos de um quilômetro para o fim da prova quando tomou a terceira advertência e precisou ficar parada por dois minutos. Ela terminou a prova na 11ª posição.
“Foram os dois minutos mais longos da minha vida. Infelizmente isso aconteceu. Era algo que eu não esperava, nenhuma atleta conta com isso. Mas aconteceu, agora é bola para frente, assumir o erro, trabalhar em cima disso e melhorar”, comentou a atleta em vídeo postado no seu perfil do Instagram.
A decepção, contudo, logo deu lugar à gravidez e todas as alegrias – e desafios – que acompanham a maternidade. “São muitas noites sem dormir, sem poder descansar, sem recuperar para o dia seguinte. Mas também é verdade que eu amo viver tudo isso. É difícil, é duro, mas é incrível!”, comentou ao UOL.
+ ATLETISMO | Confira equipe brasileira no Mundial de Atletismo 2023
Érica Sena atinge índices com quatro competições em três meses
A brasileira Érica Sena retornou às competições apenas em fevereiro de 2023, no Equador, onde vive com o marido e técnico Andrés Chocho. Depois, foram cerca de três meses na Europa para alcançar todos os índices estipulados na marcha atlética para a disputa do Mundial de Atletismo 2023 e dos Jogos Olímpicos Paris 2024.
Ela precisou apenas de quatro competições. Primeiro, na Eslováquia, alcançou a marca para o Mundial na prova de 35km. Depois, uma medalha de prata na Polônia, uma sexta posição em Portugal e a sétima colocação em La Coruña com o tempo necessário para fazer o índice do Mundial e dos Jogos Olímpicos na disputa dos 20km.
Mas não foi fácil, pelo contrário. “Me senti pesada. Pensei muitas vezes em parar. Foi uma das provas mais difíceis da minha carreira. Ainda bem que contei com o apoio de meu treinador, que me disse que conseguiria o índice. Tirei forças não sei de onde para completar”, afirmou à Gazeta Esportiva na ocasião.
PARIS 2024 | Confira o sistema de classificação olímpico do atletismo