Miguel Monteiro é ouro no arremesso de peso e dá a Portugal a primeira medalha em Paris 2024

Por Virgílio Franceschi Neto
11 min|
Gold medalist, Miguel Monteiro of Team Portugal celebrates with his national flag following the Men's Shot Put - F40 on day Four of the Paris 2024 Summer Paralympic Games at Stade de France on September 01, 2024 in Paris, France.
Foto por Michael Reeves/Getty Images

O português Miguel Monteiro obteve neste domingo (1 de setembro), a medalha de ouro no arremesso de peso F40 (baixa estatura). É o primeiro pódio de Portugal nos Jogos Paralímpicos Paris 2024. No Stade de France, o atleta de Viseu fez a marca de 11,21m, estabelecendo novo recorde Paralímpico. Aos 23 anos, esta é a sua segunda medalha em Jogos, sendo que foi bronze em Tóquio 2020. Battulga Tsegmid (MGL) e Garrah Tnaiash (IRQ) ficaram com a prata e bronze, respectivamente.

O ouro de Monteiro representa a 95ª medalha lusa em 11 participações em Jogos Paralímpicos, a 26ª dourada. A última havia sido com João Paulo Fernandes, na bocha, em Beijing 2008.

Também recordista do mundo (11,60m), em maio passado Monteiro foi medalhista de prata no Mundial realizado em Kobe, no Japão.

"Tem um significado especial esta medalha, fruto de muito trabalho e ela representa o fim deste trabalho. Estou muito contente com isso. Senti que seria ouro quando o último atleta fez a última tentativa. Estive focado em toda a prova, muito calmo, me senti bem e até pensei que poderia arremessar mais longe. Ouvir o nosso hino tem um significado especial", disse Monteiro em entrevista para a Rádio e Televisão de Portugal (RTP) após a cerimônia de premiação.

O domingo ainda teve dois diplomas Paralímpicos para Portugal, com Beatriz Monteiro (badminton) e André Ramos (bocha), que pararam nas quartas de final.

O dia também teve a participação do Brasil, que chegou às 400 medalhas na história dos Jogos Paralímpicos. Pela manhã do horário de Brasília, inédita medalha no tiro esportivo para o país, em prata de Alexandre Galgani. Natação brasileira faturou duas de bronze no domingo, com Lídia Vieira da Cruz e o quarteto do revezamento misto 4x100m, que também contou com novo recorde mundial, de Gabriel Araújo, o "Gabrielzinho".

Foi no lançamento de disco classe F52 (atletas que competem sentados), com André Rocha, que veio a medalha de número 400 do Brasil em Jogos Paralímpicos, de bronze.

O país esteve presente em duas finais do remo e, no atletismo, duas velocistas na decisão dos 200 da classe T36 (paralisados cerebrais) em dia de eliminatórias.

Confira abaixo um resumo deste domingo.

Alexandre Galgani é prata no tiro esportivo, inédita para o Brasil

O 1 de setembro entra para a história do esporte Paralímpico brasileiro com a conquista de inédita medalha no tiro esportivo, com a prata de Alexandre Galgani, na prova R5 Carabina de Ar - 10m - posição deitado misto SH2 (que requerem suporte para a arma).

Aos 41 anos, o paulista de Americana fez 254.2 pontos. Tanguy de la Forest (FRA), com 255.4 e Mizuta Mika (JPN), com 232.1, terminaram com o ouro e bronze, respectivamente.

"Estou sem palavras, são 11 anos me dedicando todos os dias. Bati na trave, por pouco não consegui o ouro dessa vez, mas vou continuar na luta porque vou buscá-lo. A história a gente fez desde o começo quando eu iniciei no tiro. Plantei, plantei, plantei e hoje consegui colher", relevou Galgani para o CPB.

O brasileiro Alexandre Galgani, medalhista de prata na Carabina de Ar – 10 m – Posição Deitado Misto SH2. Foto: Mateusz Szklarski/World Shooting Para Sport.

Foto por Mateusz Szklarski/World Shooting Para Sport

Natação do Brasil fatura duas medalhas de bronze

O domingo (1 de setembro) contou com a conquista de duas medalhas de bronze para a natação brasileira, uma em disputa individual e a outra através da equipe do revezamento misto 4x100m.

A primeira delas foi com Lídia Vieira da Cruz, que foi ao pódio em terceiro lugar nos 150m medley SM4 (limitações físico-motoras). A nadadora carioca terminou com 2min57s16 e determinou o melhor tempo na prova para as Américas. O ouro foi para Tanja Scholz (GER), com 2min51s31 e a prata acabou com Natalia Butkova (NPA), com 2min54s68.

"Não tenho noção de como foi a prova, mas estão dizendo que foi surreal. Foi uma prova difícil, graças a Deus deu certo. Tentei fazer o meu máximo, acho que poderia ter sido melhor, mas foi muito bom e estou feliz. Essa medalha tem gosto de ouro", reagiu Lídia para o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Mais tarde, o quarteto composto por Beatriz Carneiro, Gabriel Bandeira, Ana Karolina Oliveira e Beatriz Carneiro, caiu na água da arena La Défense para a final do revezamento 4x100m misto. O Brasil estava em segundo lugar até a parte final, quando foi ultrapassado pelo time australiano, ficando com o bronze. O ouro foi para a Grã-Bretanha.

"A gente nadou muito bem e estou muito feliz. Paris foi diferente, teve público, a gente não teve medo, pelo contrário, só vontade de ir pra cima", disse Ana Karolina para o CPB.

"Esse revezamento me deu muito ânimo, a medalha foi bem positiva, mas a energia desse revezamento nos dá mais confiança para as próximas provas, tenho ainda os 200m medley e os 100 metros costas", revelou Gabriel Bandeira para o CPB.

A nadadora carioca Lídia Vieira da Cruz durante os Jogos Paralímpicos Paris 2024. Foto: Douglas Magno/CPB.

Foto por Douglas Magno/CPB

André Rocha, no lançamento de disco, obtém 400ª medalha Paralímpica para o Brasil

O final do dia de competições no domingo reservou mais uma medalha para o Brasil. A de número 400 do país na história dos Jogos Paralímpicos, com André Rocha, no lançamento de disco classe F52 (atletas que competem sentados). Aos 47 anos de idade, o paulista alcançou a marca de 19,48m e obteve o bronze.

"Estou feliz demais, sou medalhista Paralímpico. Quero agradecer a todos que me apoiaram e à minha cidade de Taubaté", declarou André Rocha para o canal Sportv logo após a confirmação do resultado.

A medalha de ouro foi para o italiano Rigivan Ganeshamoorthy, em novo recorde mundial (27,06m). A prata foi para o letão Aigars Apinis, com 20,62m.

Brasileiro André Rocha durante o torneio de lançamento de disco nos Jogos Paralímpicos Paris 2024. Foto: Wander Roberto/CPB.

Foto por Wander Roberto/CPB

Domingo teve Gabriel Araújo quebrando recordes

Na natação, Gabriel Araújo, o "Gabrielzinho", bateu neste domingo (1 de setembro) por duas vezes o recorde mundial nos 150m medley da classe SM2 (limitação físico-motora). Na fase classificatória, avançou para a final do SM3 (classe acima) com o tempo de 3min15s06. A melhor marca do mundo na SM2 já era dele (3min23s83), obtida em março de 2023, na Grã-Bretanha.

"O recorde era meta, é sempre bom testar o que a gente pode fazer e nadar rápido. Esse tempo eu não esperava, agora é tentar melhorar", disse Gabrielzinho para o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Na decisão da prova, realizada na parte da tarde do domingo (pelo horário de Brasília), Gabrielzinho voltou a quebrar o próprio recorde feito mais cedo, ao fazer 3min14s02. Apesar do tempo, terminou em quarto lugar.

Em Paris 2024 ele já soma duas medalhas, tendo sido ouro nos 50m e 100m costas S2.

Brasil estreia com vitória no futebol de cegos

A seleção brasileira masculina de futebol de cegos, pentacampeã Paralímpica, começou Paris 2024 com vitória convincente sobre a Türkiye por 3 a 0, pelo grupo A. Os gols foram de Nonato, que marcou dois de pênalti) e Jefinho.

"Começar com a vitória é muito importante, o campeonato é muito difícil. Outra vitória amanhã nos garante na próxima fase", disse Cássio para o Olympics.com após o jogo. "Vestir a camisa do Brasil é uma honra, já faz parte de mim há anos, e tenho muito orgulho disso e sinto amor por representar mais de 200 milhões de brasileiros. A gente não vive do passado e acreditamos no nosso trabalho", acrescentou.

"Foi uma estreia complicada, eles [os turcos] deram muito trabalho, foi um jogo difícil. O mais importante foi começar vencendo", comentou Jefinho, autor de um dos gols, para o CPB.

A partida teve a presença do ex-futebolista Raí nas arquibancadas. "Foi alguém que fez história no nosso futebol, vestiu muito bem essa camisa [do Brasil] nos prestigiou aqui, uma motivação a mais. A nossa intenção é essa, atrair mais pessoas para ver o nosso futebol", disse Jefinho para o Olympics.com.

O Brasil voltará a campo nesta segunda-feira (2 de setembro), contra os donos da casa e atuais campeões europeus, os franceses, às 15:30 (horário de Brasília). O torneio conta com oito equipes divididas em dois grupos. Os dois melhores de cada passam às semifinais, programadas para a quinta-feira (5 de setembro). A final está agendada para sábado (7 de setembro).

Samira Brito e Verônica Hipólito em final do atletismo

O domingo também teve a presença da baiana Samira Brito e da paulista Verônica Hipólito na final dos 200m da classe T36 (paralisados cerebrais) do atletismo. Samira terminou em sexto lugar, com o tempo de 31s01, enquanto Verônica fez 31s03, em sétimo.

No fim da sessão do domingo, o Brasil confirmou presença na final dos 100m T64 com Alan Fonteles (medalhista de ouro em Londres 2012) terminando em quinto lugar na bateria de classificação.

"Estou muito feliz, a realização de mais um sonho. Estar de volta em uma final Paralímpica significa muito. Tive que mudar a minha vida toda por conta do tamanho da prótese e agora estou de volta", disse Fonteles para o canal Sportv após a prova.

Nos 100m T63, Vinícius Rodrigues terminou em terceiro na sua bateria e também assegurou um lugar na decisão da prova.

"Estava em busca de correr com alegria, e ver esse estádio cheio. Foi uma saída nova, inverti a minha perna de saída. Agora é mandar tudo na final", comentou Vinícius para o canal Sportv.

Brasil em duas finais no remo

No remo, as águas do rio Marne tiveram logo cedo (pelo horário de Brasília) a paulista Cláudia dos Santos na final A do individual feminino PR1, terminando na sexta colocação, com o tempo de 12min12s86. A campeã foi Moran Samuel (ISR), com 10min25s40.

Já na decisão do PR3 duplas mistas, Diana Barcelos e Jairo Klug chegaram em quinto lugar, com 7min45s02. Nikki Ayers e Jed Altschwager (AUS) foram ouro (7min26s24).

Seleção brasileira de futebol de cegos comemora vitória sobre a Türkiye por 3 a 0, pela primeira rodada do torneio nos Jogos Paralímpicos Paris 2024. Foto: Ale Cabral/CPB.

Foto por Ale Cabral/CPB

Três vitórias do Brasil no tênis de mesa

O domingo também contou com cinco brasileiros nas disputas do simples do tênis de mesa. Cláudio Massad foi o primeiro a jogar e superou Krisztian Gardos (AUT) por 3 sets a 1, passando para as quartas de final da classe MS10. Ele vai enfrentar o polonês Patryk Chojnowski.

Na classe WS3, Joyce Oliveira venceu Patamawadee Intanon (THA) também por 3 sets a 1. Agora ela encara Yoon ji-yu (KOR), pelas quartas de final.

Na WS8, Sophia Kelmer também passou para as quartas de final após vencer Elena Litvinenko (NPA), por 3 a 0. Na próxima fase ela vai enfrentar Huang Wenjuan (CHN).

Luiz Filipe Manara - bronze nas duplas masculinas MD18 ao lado de Cláudio Massad - caiu diante de Peng Weinan (CHN) por 3 sets a 1.

Última do Brasil a competir neste domingo, Marilane Santos foi derrotada de virada por Dararat Asayut (THA) por 3 sets a 2 nas oitavas de final da classe WS3, em uma disputada partida. As parciais foram de 11/7, 9/11, 7/11, 11/6 e 7/11.

Brasileiros avançam no tênis

Em Roland Garros, o Brasil entrou em quadra no domingo para mais um dia de competições no tênis. Pela segunda rodada de simples masculino, Daniel Rodrigues passou por Casey Ratzlaff (USA) por 2 sets a 0 (6/2, 7/6).

Nas duplas masculinas, Gustavo Carneiro Silva e Daniel Rodrigues avançaram para a terceira rodada com vitória sobre os japoneses Arai Daisuke e Sanada Takashi, de virada, por 2 sets a 1.

Na semifinal das duplas do quad, Leandro Pena e Ymanitu Silva caíram diante de Gregory Slade e Andy Lapthorne (GBR) por 2 sets a 0 (1/6, 5/7).

No badminton, Vitor Tavares para na semifinal

Após vencer o americano Miles Krakjewski nas quartas de final do torneio individual do badminton masculino classe SH6, Vitor Tavares encarou o anfitrião Charles Noakes (FRA) na semifinal. Não teve o mesmo sucesso e acabou eliminado, sendo derrotado por 2 sets a 0 (18/21, 20/22).

Vitor disputará a medalha de bronze contra Chu Man Kai, de Hong Kong, China, nesta segunda-feira (2 de setembro).

Vôlei sentado sofre nova derrota

Na manhã do domingo (horário de Brasília), a seleção brasileira masculina de vôlei sentado perdeu para a República Islâmica do Irã por 3 sets a 0, em partida válida pelo grupo B. As parciais foram de 12/25, 13/25 e 19/25. É a segunda derrota da equipe na competição. Sem chances de medalha, o time agora vai enfrentar a Ucrânia, na terça-feira (3 de setembro).

Tudo sobre os Jogos Paralímpicos Paris 2024

Leia nossas prévias para os Jogos Paralímpicos e saiba tudo sobre os esportes, atletas e as principais histórias sobre a competição.

Brasil nos Jogos Paralímpicos Paris 2024: onde assistir

Os Jogos Paralímpicos Paris 2024 têm transmissão no Brasil através do Sportv2.

*Confira mais detalhes sobre as transmissões clicando aqui.