Hugo Calderano sobre o Mundial: 'Me sinto mais preparado desta vez'

Animado com os resultados no começo de 2023 e de olho em Paris 2024, é o atual sexto colocado do ranking mundial. Mesatenista brasileiro conversou com o Olympics.com durante sua preparação para o Mundial de Tênis de Mesa, que vai acontecer em Durban, um dos grandes objetivos da temporada.

7 minPor Virgílio Franceschi Neto
Table tennis player Hugo Calderano about to hit a shot
(2023 Getty Images)

Hugo Calderano tem importante comprimisso já na próxima semana, a partir de 20 de maio, no Mundial de Tênis de Mesa, em Durban, na África do Sul, um dos grandes objetivos da temporada.

A cidade sul-africana é um lugar que lhe traz boas lembranças, afinal foi lá, em janeiro passado, que ele levantou o primeiro dos dois títulos de WTT Contender deste ano. "Só de eu me sentir bem de já ter conseguido um título na mesma cidade, vou ficar no mesmo hotel, inclusive. Todas essas coisas podem ajudar bastante e me fazem sentir um pouco melhor no momento das disputas mais importantes".

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Sexto colocado no ranking mundial, os bons resultados do começo do ano deixam o mesatenista brasileiro animado para as demais competições de 2023. Os Jogos Pan-Americanos em Santiago, entre outubro e novembro, é outro grande objetivo.

Para ele, o ciclo para Paris 2024 está passando rápido, mas que ao mesmo tempo ainda falta muito. Procura se concentrar na preparação diária: "Tudo vai depender da preparação de cada um", disse.

Calderano falou para o Olympics.com e fez uma análise sobre o bom início de 2023, a expectativa para o Mundial de Durban e os grandes eventos que estão cada vez mais próximos, como os Jogos Olímpicos Paris 2024. Confira.

Dois títulos de WTT Contender em 2023

O ano de 2023 começou em grande estilo para Hugo Calderano, com vitórias nos WTT Contender de Durban e Doha, com poucos dias de diferença. Conquistas que deixaram-no bastante animado, não apenas pelo topo do pódio, mas também por haver mantido regularidade e, com isso, percebido evolução em seu jogo.

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"Um dos pontos que sabia que precisava melhorar era a regularidade. Sempre fui intenso, mas era difícil manter a intensidade alta, pelo meu jogo ser bem físico e agressivo", comentou.

Ao ser questionado qual dos dois títulos foi o mais importante, fez questão de mencionar ambos, juntos: "Ganhar dois eventos seguidos. Manter o meu nível muito alto por duas semanas. A concorrência é grande e o nível do circuito está cada vez maior", colocou.

Os fatores para o bom começo de ano e evolução

Calderano deixou claro que para além dos títulos, o mais importante para ele é crescer em seu esporte: "O mais importante é a evolução constante", afirmou. Uma das características para essa evolução foi justamente haver conseguido manter a alta intensidade também acima mencionada, peça-chave para o grande início de 2023.

Para que isso acontecesse, procurou aprimorar o treinamento físico. Um trabalho que o ajuda a manter o alto nível com mais facilidade, com menos gastos: "O meu objetivo continua o mesmo: focar em mim e melhorar o meu nível. Ainda tenho um longo caminho pela frente, o melhor ainda está por vir. Questão de oportunidades e aproveitá-las."

Mais preparado para o Mundial de Durban

No Mundial de Houston, em 2021, Calderano obteve o melhor resultado do tênis de mesa do Brasil, quando parou nas quartas de final. "Deixei na mesa tudo o que eu tinha," lembrou.

A atmosfera do Mundial é fator positivo para o brasileiro, além dos recentes resultados, que o deixam mais confiante para Durban. Sobre isso, fez uma comparação com a edição passada: "Acho que agora me estabeleci ainda mais como um dos melhores jogadores do mundo. Me sinto ainda mais preparado desta vez."

Para ir ao pódio e conquistar títulos importantes, Calderano menciona o bicampeão Olímpico, Ma Long; o atual número um do mundo e campeão mundial, Fan Zhedong e o seu algoz em Houston, Liang Jingkun, todos da República Popular da China: "[os chineses] são os melhores, ganham quase todas as competições. Estão em um nível acima. É quem temos que superar para conqusitar medalhas e títulos importantes."

Mesmo citando alguns nomes, Calderano deixou claro: "O importante é pensar na minha preparação, fazer o que eu sei fazer, o que eu treinei. A gente não pode controlar os outros, mas nos controlar."

Paris 2024: "Vai depender da preparação de cada um"

O objetivo principal do mesatenista brasileiro é a vaga nos Jogos Olímpicos Paris 2024, que acontecem dentro de um ciclo menor.

Apesar de não faltar muito, isso não é algo que o deixa ansioso, afinal ainda há muito para acontecer, como campeonatos e treinamentos, como ele mesmo diz. Ciente daquilo que tem que fazer, quer chegar na capital francesa em sua melhor forma, conforme sua preparação e planejamento. "Vai depender da preparação de cada um", colocou Calderano.

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Dentro destes planos está a participação em grandes competições e ele explica o porquê: "Geralmente os que conseguem ser bem sucedidos nos Jogos Olímpicos são aqueles que tiveram o ano anterior ou os meses anteriores aos Jogos, bem sucedidos, os que tiveram bons resultados nos meses antes aos Jogos."

Outro grande evento da temporada: o Pan de Santiago

Um bom resultado para ele poderá ser o tricampeonato individual nos Jogos Pan-Americanos, em Santiago (Chile), no último trimestre de 2023. O foco está no Mundial, mas Hugo não esconde a expectativa para o Pan.

Depois do ouro em Toronto 2015 e Lima 2019, não se sente pressionado em busca do tri: "Não me sinto pressionado pelo tricampeonato. Não fico pensando nisso. Só tenho que fazer o que preciso fazer: jogar o meu tênis de mesa, focar no dia a dia e na competição." E reforça o que diz sobre Paris: "O resultado é consequência, é tudo sobre preparação."

A experiência no Japão

Hugo Calderano vem de uma recente experiência na Liga Japonesa, que avalia não ter sido fácil, porém válida: "Toda experiência conta bastante para a minha carreira e vou aproveitar da melhor forma possível." Não se adaptou ao formato da competição e ao sistema de disputa, situações que interferiram em seus resultados: "Não consegui jogar muito bem. Não me sentia confortável e isso foi transferido para o meu jogo.”

A importância da saúde mental

Circunstâncias como as vividas no Japão fazem com que Hugo tenha um grande cuidado com sua saúde mental. Quando não está nos treinos, gosta de fazer atividades diferentes, como tocar violão, jogar xadrez ou mesmo praticar outros esportes. "Tudo o que eu faço fora do tênis de mesa me ajudam a ser um atleta melhor em geral", disse.

Durante a entrevista deixou evidente que a vida de atleta não é fácil. A incessante busca pelos resultados, em manter-se no topo, além das viagens e inúmeros compromissos profissionais, faz com que exista muita pressão. "Mas estou fazendo o que eu gosto. Sei o que eu quero e não deixo o que vem de fora me afetar. Gosto de aproveitar e me divertir", colocou.

Quem inspira Hugo Calderano

Influenciado pelos pais, Elisa e Marinho, mais o avô, Antônio, todos professores de Educação Física, Hugo diz vir da família a sua paixão pelo esporte. O contato com outras modalidades foi um diferencial em seu estilo de jogo, e revelou: "Por eu não vir do tênis de mesa, eu consegui desenvolver o meu jogo baseado em outras características, de outros aspectos do esporte em geral."

Com 80 anos de idade, o avô Antônio é fonte de inspiração para o mesatenista, que relembrou: "Precisei sair do Rio de Janeiro e me mudar para São Caetano do Sul pelo tênis de mesa. O meu avô tinha acabado de se aposentar, mudou de cidade comigo e moramos juntos em São Caetano por dois anos. Ajudou a me adaptar, fazia tudo para mim. Sempre foi alguém que esteve ao meu lado e continua torcendo muito por mim até hoje."

Apaixonado pela excelência, Calderano cita Rafael Nadal, Shaquille O’Neal e Stephen Curry como exemplos, pelo amor ao esporte e a maneira como se colocam no jogo. Pela internet revê edições passadas de Jogos Olímpicos e exemplos de atletas incansáveis no compromisso com a evolução dentro do esporte de cada um.

Para Hugo Calderano, uma evolução só possível através dos desafios. Destemido, ele se propõe a encará-los e concluiu: "A evolução constante é o que me faz continuar entre os melhores.”

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