Tênis de mesa: Hugo Calderano joga na terça-feira em Tóquio 2020
Brasil e Portugal já sabem quem vão enfrentar no tênis de mesa em Tóquio 2020. Poderá Hugo Calderano melhorar o 9º da Rio 2016 e ultrapassar a lenda Hugo Hoyama? Confira os rivais de brasileiros e portugueses na prova que acontece no Ginásio Metropolitano de Tóquio.
Hugo Calderano chegou no sorteio como cabeça de chave e vai entrar em ação apenas na terceira rodada, estando ainda por definir o rival. No caminho do jogador carioca poderá estar Tomislav Pucar (Croácia), que aguarda por rival na segunda rodada; antes é preciso ver quem se classifica do duelo Bojan Tokic (Eslovênia) vs Jeremy Hazin (Canadá). Olhando mais para a frente, o torneio Olímpico pode colocar o brasileiro no caminho do 11º do mundo, Woojin Jang (República da Coreia), evitando os favoritos chineses até às semifinais.
O número sete do ranking mundial está na lista de candidatos às medalhas em Tóquio 2020, um passo importante na carreira após cair nas oitavas de final na Rio 2016.
"Em 2016 eu estava perto dos 50 melhores do mundo e atingi as finais. Agora já sou top 10 há uns anos, estou mais maduro como jogador e vou tentar brigar por uma medalha aqui. Acredito que dá para brigar por medalhas por equipes também. Vai ser muito difícil, o favoritismo é dos asiáticos, mas teremos que estar tranquilos para conseguir entrar na briga."
Hugo Calderano ao Correio Braziliense.
No tênis de mesa brasileiro Hugo é sinônimo de craque. Calderano partilha com Hoyama o nome e talvez um dia o estatuto de lenda. Hugo Hoyama competiu em seis edições dos Jogos Olímpicos – entre Barcelona 1992 e Londres 2012 – e a presença nas oitavas de final (9º classificado) em Atlanta 1996 foi o melhor resultado do Brasil até que Hugo Calderano o igualou na Rio 2016. É ainda recordista de medalhas em Jogos Pan-Americanos (com 15, das quais 10 são de ouro) e atualmente é técnico da seleção feminina.
Em um esporte dominado por asiáticos e europeus, Hugo Calderano é o primeiro sul-americano a chegar no top 10 mundial. Em Tóquio 2020 se espera o domínio da China, que venceu 28 das 32 medalhas de ouro disponíveis desde que o esporte integra o programa Olímpico [Seul 1988]. Só uma vez um chinês falhou o pódio desde 1988: foi logo na estreia e na prova masculina de simples onde os medalhados foram Yoo Nam-kyu e Kim Ki-taik (República da Coreia) e Erik Lindh (Suécia). Na competição feminina o top 3 foi sempre ocupado por atletas da Ásia.
Do topo do ranking chegam os candidatos ao ouro: o número um do mundo, Fan Zhendong (China), o número 2 e campeão Olímpico da Rio 2016, Ma Long (China), e Harimoto Tomokazu (Japão) – todos entram em ação na terceira rodada como Hugo Calderano.
É curiosa a forma como os asiáticos passaram a ser o paradigma em um esporte inventado por ingleses na segunda metade do século XIX. Igualmente interessante é o destaque da seleção do Brasil de tênis de mesa ser o único da convocação sem ascendência japonesa – dos seis titulares em Tóquio 2020, cinco são de família nipônica.
Hugo Calderano é carioca, mas com 14 anos se mudou para São Caetano do Sul para treinar com os integrantes da seleção brasileira de tênis de mesa. São Paulo foi a primeira cidade brasileira a contactar com o tênis de mesa enquanto esporte e continua sendo o epicentro do seu desenvolvimento. O mais jovem mesatenista a vencer uma etapa do Circuito mundial da ITTF está há anos na Europa, primeiro na Alemanha e na época 2021/22 se muda para o pentacampeão da Champions League Fakel Gazprom Orenburg (Rússia).
Tsuboi, Takahashi e Yamada já conhecem seus rivais
Quanto aos restantes atletas da seleção brasileira que jogam em simples, Gustavo Tsuboi pega na segunda rodada o vencedor da partida entre Ovidiu Ionescu (Romênia) e Xin Yan (Austrália). Caso siga em frente pega Quadri Aruna (Nigéria). Na chave feminina, Bruna Takahashi abre a participação em Tóquio 2020 na segunda rodada contra a vencedora do duelo Yousra Helmy (Egito) e Jin Yuan (França). Jessica Yamada entra logo na primeira rodada contra Rachel Moret (Suíça) e em caso de classificação mede forças com Georgina Pota (Hungria); desse duelo sai a rival da favorita ao ouro em Tóquio 2020, Meng Chen (China), o outro nome forte é a número 2 mundial e vice-campeã da Rio 2016, Ito Mima (Japão).
Tsuboi, Takahashi e Yamada já conhecem seus rivais. O técnico Hugo Hoyama contextualizava as chances da seleção feminina em entrevista com o Estadão em outubro de 2020.
"Sabemos que a luta por medalha é difícil por causa da concorrência dos países asiáticos, mas as meninas estão subindo de nível. A Bruna é a brasileira mais bem posicionada, tem treinado forte. Tenho certeza de que as três atletas que forem disputar os Jogos vão representar o País da melhor maneira possível, jogando ponto a ponto com as rivais."
Confira a chave completa do tênis de mesa em Tóquio 2020, que acontece em 2021. Clique aqui.
Portugal em Tóquio 2020 para manter a tradição
O tênis de mesa em Portugal procura as primeiras medalhas Olímpicas, mas tem visto subir sua cotação nos últimos anos. Os resultados ajudam: Portugal jogou as quartas de final em Londres 2012 por equipes e Marcos Freitas foi 5º na Rio 2016 (resultado histórico do tênis de mesa português) caindo perante o japonês Mizutani, medalha de bronze.
Portugal se apresenta em Tóquio 2020 com a mesma seleção que esteve na Rio 2016. No torneio individual Marcos Freitas chega como 16º cabeça de chave e aguarda por rival na terceira rodada, Tiago Apolónia (17º na Rio 2016) se estreia na primeira rodada contra o campeão africano Olajide Omotayo (Nigéria) e João Monteiro completa a seleção na prova por equipes. Na chave feminina Portugal conta com a campeã dos Jogos Europeus 2019, Fu Yu (33ª na Rio 2016), além de Shao Jieni, que joga contra Christina Kaellberg (Suécia) e aspira a ir além da segunda rodada, fase onde caiu na Rio 2016.
Prova masculina por equipes tem Brasil e Portugal de lados opostos
Sorteados os duelos individuais, houve tempo para também ficarmos a conhecer as eliminatórias dos torneios por equipes. A prova masculina por equipes tem Brasil e Portugal de lados opostos da chave.
O Brasil enfrenta a Sérvia e mais na frente terá que passar por dois rivais asiáticos: República da Coreia e China seriam potenciais rivais na semifinal. Já Portugal vai pegar a Alemanha em reedição das finais dos Campeonatos da Europa de 2017 e 2019 – a Alemanha venceu ambas por 3-0.
A seleção feminina do Brasil vai jogar contra Hong Kong e evitou cair do lado mais complicado da chave, onde ficou a China. Portugal não tem representação na prova.
O domínio da China ainda é mais evidente por equipas: desde que há tênis de mesa nos Jogos Olímpicos foram sempre chineses os vencedores tanto na prova masculina como na feminina.