Filipe Toledo: 'Não acho que só um especialista pode vencer em Teahupo'o'

Por Sheila Vieira
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Filipe Toledo
Foto por Pat Nolan/World Surf League

Em declarações ao Olympics.com, o brasileiro bicampeão da WSL afirmou que não quer colocar 'pressão desnecessária' em desempenho em Paris 2024, mas acredita que pode provar sua capacidade no Taiti.

Após provar mais uma vez que está acima da concorrência no circuito mundial da WSL, com o bicampeonato em 2023, o surfista brasileiro Filipe Toledo vislumbra no horizonte um desafio ainda maior em 2024.

Após assegurar uma vaga em Paris 2024, que será sua estreia em Jogos Olímpicos caso o Comitê Olímpico do Brasil o selecione para a delegação, Filipinho terá a chance de se juntar a Ítalo Ferreira no panteão dos medalhistas Olímpicos de ouro do surfe. Para isso, ele terá que dominar as temidas ondas de Teahupo'o, no Taiti, palco da próxima disputa.

"Eu acredito que a experiência e a habilidade contam muito em um lugar como Teahupo'o, sem dúvidas! É um dos lugares mais desafiadores do planeta. Mas não acho que somente um especialista pode vencer lá. Teremos vários surfistas de alto nível e que podem surpreender nas Olimpíadas. Enfim, vamos ver como vai ser hora. Estou muito empolgado para soltar meu surfe por lá e mostrar que eu também consigo", declarou Filipinho ao Olympics.com.

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Filipe Toledo: 'Por que não sonhar com pódio triplo brasileiro?'

Em oito participações no Taiti, o paulista de 28 anos tem como melhor resultado o terceiro lugar em 2018. Nesta temporada, ele conquistou a nona colocação. As ondas de Teahupo'o são geralmente grandes tubos que quebram para a esquerda do atleta, dificultando os aéreos e favorecendo os surfistas 'goofy', que andam com o pé direito à frente. Filipe deve fazer algumas sessões extra de treinamento por lá junto a João Chianca, o outro brasileiro que obteve vaga em Paris 2024.

"Eu pretendo não colocar nenhum tipo de pressão desnecessária em relação às Olimpíadas. Não quero colocar nenhum objetivo como prioridade. Enquanto os Jogos não começarem, meu foco vai ser no circuito mundial. A minha ideia é dar o meu máximo em todos os eventos em que disputar. Agora, em relação à preparação, estarei de olho a todo momento nas condições do mar em Teahupo'o, para aproveitar algumas oportunidades para treino antes das Olimpíadas, e chegar lá com mais experiência no pico", comentou Filipe.

Em 2024, antes dos Jogos, Filipe terá a chance de ajudar o Brasil a obter mais uma cota no surfe masculino. Para isso, a equipe brasileira precisa vencer a competição por equipes do ISA Games. Será um outro tipo de motivação em um esporte que geralmente preza as conquistas individuais.

"Quando nós nos deparamos com esse tipo de situação, acho que eu não posso pensar somente em mim. Existem sonhos de outras pessoas que também estão em jogo, e conquistar uma vaga extra pode ser muito importante para o time brasileiro. Por que não sonhar com um pódio triplo entre os brasileiros? Seria incrível poder contar com o Gabriel [Medina] por lá. Eu vou dar o meu melhor no ISA para tentarmos mais essa vaga", afirmou Filipe.

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Filipe Toledo nas ondas de Teahupo'o

Foto por Damien Poullenot/World Surf League

Brasil, o país do surfe

Em meio a todo o clima Olímpico, Filipe tentará o tricampeonato da WSL, que o igualaria a Medina. Sua maior lição da campanha de 2023 foi não se contentar com o que já havia conquistado.

"Acho que o meu maior aprendizado foi a importância de não ficar acomodado, de buscar sempre a melhora, não me deixar levar pelo momento. O principal obstáculo nesse ano, era não me conformar com a conquista do título no ano passado. Por isso, tive que trabalhar isso na minha mente e manter a mesma pegada e a constância que geraram resultados em 2022", contou.

Com sete títulos dos últimos nove da WSL no masculino, o Brasil segue na crista da onda no circuito mundial. Para Filipe, os feitos da 'Brazilian Storm' podem tornar a cultura esportiva do país mais diversa.

"O Brasil sempre foi conhecido como o país do futebol, porque nós sempre fomos uma potência no esporte, colocando medo nos adversários. Hoje, acredito que temos a mesma relação com o surfe. Essa fase faz com que ainda mais pessoas acompanhem o esporte e torçam pelos atletas. É algo fundamental para o futuro do esporte no Brasil, para que ainda mais pessoas queiram investir, assistir e praticar o surfe."

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