Confira a biografia dos porta-bandeiras do Brasil na Cerimônia de Abertura
Representantes do Brasil na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos Paris 2024, que acontece nesta sexta-feira, 26 de julho, a partir das 14h30 no horário de Brasília, Raquel Kochhann, do rugby sevens, e Isaquias Queiroz, da canoagem velocidade, terão a nobre função de conduzir os atletas da delegação e a bandeira brasileira no desfile que inaugura oficialmente essa edição dos Jogos.
Escolhidos pelo Comitê Olímpico Brasileiro a quatro dias da abertura, a dupla foi bastante festejada pelos torcedores e também pelos companheiros de delegação. Agora, é hora de fazerem a bandeira brasileira tremular nessa que deve ser uma cerimônia para ficar na história.
Aos 31 anos de idade, a lider das Yaras, como são conhecidas as jogadoras da seleção brasileira feminina de rugby, Raquel Kochhann é um dos maiores nomes do rugby internacional. Sua escolha como porta-bandeira gerou surpresa, e foi muito bem recebida pela torcida e demais atketas da delegação.
O nome de Isaquias Queiroz, entretanto, aparecia como um dos mais fortes para carregar a bandeira do Brasil na Cerimônia de Abertura nos Jogos Olímpicos Paris 2024. Atual campeão Olímpico no C1 1000m e dono de quatro pódios na canoagem velocidade, ele busca se tornar o recordista de medalhas na história do país.
A seguir, um pouco mais da biografia dos atletas que conduzirão a delegação brasielira na Cerimônia de Abertura dos Jogos Paris 2024, no Rio Sena.
Vida dedicada ao rugby e o tratamento de um câncer
Vestindo a camisa da equipe nacional há mais de dez anos, Raquel Kochhann começou a carreira no futebol e foi se conectar com o esporte que mudaria sua vida e carreira, o rugby, apenas aos 19 anos.
Catarinense, mudou-se para o Rio Grande do Sul durante a adolescência, e lá começou a jogar pela equipe do Serra, de Caxias do Sul, em 2011. Destacou-se ainda na primeira temporada e foi convidada a jogar pelo Charrua, de Porto Alegre, um time mais competitivo e que participava dos circuitos nacionais da modalidade.
Dali, seguiu em campo e a se envolver cada vez mais com a modalidade. Foi convidada para integrar do núcleo de alto rendimento da seleção brasileira feminina, matendo vivo o sonho de vestir a camisa do time nacional como jogadora. Foi em 2014, com uma mudança definitiva para São Paulo que a históriade total dedicação às Yaras começou pra valer, e que sua história na seleção também começaria.
Mas o caminho não foi fácil. Depois da participação histórica da equipe na Rio 2016 e em Tóquio 2020, Raquel precisou enfretar o maior desafio que até então se havia imposto em sua trajetória pessoal e no esporte: o tratamento de um câncer. O diagnóstico veio em 2022, meses depois ds disputa em Tóquio 2020. Diagnosticada com câncer de mama, a atleta recebeu a notícia com choque, mas encarou a difícil realidade com maturidade e disciplina.
Com o apoio da família e das colegas de clube e seleção, Raquel passou por cirurgia de mastectomia bilateral e por sessões de quimio e radioterapia. Aos poucos foi sendo liberada para sessões regulares de condicionamento físico. Os treinos de contato só vieram mais tarde, seguindo todos os cuidados médicos.
"A minha pergunta sempre foi: o que eu preciso fazer para poder voltar? Então isso sempre foi uma construção. Quando eu tive a liberação do médico para voltar ao contato, a primeira pessoa que eu procurei foi o Ismael [Arenhart, preparador físico]: 'o que eu preciso fazer para voltar a ter condições de disputar um lugar no time?' Ele me apresentou as metas e fui trabalhar para chegar lá. O trabalho sempre foi feito".
E bem feito. Raquel voltou não somente ao time, mas chegou a Paris 2024 para viver novamente o sonho Olímpico, e à frente da delegação do Brasil na Cerimônia de Abertura.
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Das água de Ubaitaba para o rio Sena, em Paris
Em Paris 2024, Isaquias Queiroz vai viver experiência novas, mas familiares - literalmente. Será acompanhado pelos filhos e, confirmado como um dos porta-bandeiras do Brasil na Cerimônia de Abertura no rio Sena, participará da festa onde se sente mais confortável: dentro de um barco.
Lenda da canoagem velocidade, o baiano tem objetivos grandiosos: quer se tornar o maior atleta Olímpico do Brasil. Até o momento, conquistou quatro medalhas Olímpicas, e quer mais. "O que mais me deixa motivado é o sonho de me tornar o maior atleta Olímpico do Brasil", disse Isaquias, ao Olympics.com, em agosto de 2022.
Natural de Ubaitaba, que em tupi-guarani significa “cidade das canoas”, estava predestindio a fazer das águas seu segundo lar. "Sem Ubaitaba eu não seria o Isaquias. Eu não conheceria a canoagem. Nasci no lugar certo e no momento certo", afirmou Isaquias, ao Olympics.com.
Antes que a canoagem entrasse na vida de Isaquias, porém, ele enfrentou outros desafios. O menino cresceu numa família humilde, ao lado de nove irmãos. O pai faleceu quando o campeão Olímpico ainda era criança e a mãe, Dona Dilma, sustentava a casa. Trabalhava como servente na rodoviária de Ubaitaba.
O garoto começou a participar do projeto Segundo Tempo, que oferecia oportunidades a jovens de Ubaitaba na prática de diferentes modalidades. De início, quis se inscrever no futebol mas logo a canoagem velocidade ganhou lugar em sua vida.
"Quando eu tive a oportunidade de entrar na canoagem, eu falei: 'Eu quero ser um cara diferenciado. Eu quero que as pessoas me notem, Eu quero que as pessoas saibam quem sou eu.' E agora eu quero que o meu filho um dia, lá na frente, fale: 'Caramba, meu pai foi isso!' Eu sempre fui movido a desafio e queria mudar a minha vida. Queria ter uma vida diferente, queria chegar onde ninguém chegou na canoagem, mesmo sabendo que ia ser difícil", contou Isaquias, ao podcast do Olympics.com.
Com talento nato, Isaquias Queiroz logo conquistou as suas primeiras medalhas e a carreira decolou - com dificuldades, claro, mas sempre com muita vontade de ir ainda mais além. E o menino de Ubaitaba foi tão longe que se aproxima de se tornar o maior medalhista Olímpico brasileiro, enquanto celebra a funcão de conduzir a delegação brasileira na Cerimônia de Abertura, ao lado de Raquel Kochhann.
“Fico muito feliz de poder representar minha Bahia, meu Nordeste, o Brasil inteiro. Vai ser uma cerimônia incrível", disse Isaquias, ao site do Comitê Olímpico do Brasil (COB).