O Brasil é um país com um vasto litoral - 7491 quilômetros (sem considerar as praias fluviais) - com ampla disponibilidade para a prática de esportes. Acaba, assim, por ser um manancial de talentos. O vôlei é um dos esportes mais praticados no Brasil e é inegável a sua contribuição com resultados Olímpicos. Logo, com a variante de praia não é diferente. Presente no programa dos Jogos desde a edição de 1996, em Atlanta, os brasileiros foram responsáveis por mais de um terço de todas as medalhas distribuídas: treze, em um total de trinta e seis.
Entre os homens, bronze em Beijing 2008, prata três vezes (Sydney 2000, Beijing 2008 e Londres 2012) e um bicampeonato Olímpico: Atenas 2004 (Ricardo e Emanuel) e na Rio 2016 diante de uma lotada arena de Copacabana - histórico lugar para o vôlei de praia do Brasil e do mundo -, com Alison e Bruno.
Os atuais campeões Olímpicos vão em busca do bi no Japão, mas com duplas diferentes. O Olympics.com apresenta os brasileiros do vôlei de praia em uma prévia dos Jogos Tóquio 2020 em 2021. Quer seja pela tradição ou pelo palmarés, o Brasil é um dos favoritos.
Alison e Álvaro Filho
Alison - também conhecido como "Mamute" - buscará o bicampeonato Olímpico, mas desta vez ao lado do paraibano Álvaro Filho. Alison é um dos atletas mais experientes do Brasil. O capixaba possui duas medalhas Olímpicas (prata em Londres 2012 e o ouro na Rio 2016), sem falar nos circuitos brasileiros e internacionais que possui. Começou no vôlei de quadra, mas muito influenciado pelos conterrâneos Loiola e Fábio Luiz, migrou para as praias em 2005. Cinco anos mais tarde, em 2010, foi parceiro de Emanuel, em uma dupla que foi medalha de prata nos Jogos Olímpicos Londres 2012. A parceria com Bruno Schmidt veio no ano seguinte, em 2013, e terminou em maio de 2018. Foram inúmeras as conquistas ao lado de Bruno, como o ouro nos Jogos Rio 2016.
Desde março de 2019 faz dupla com Álvaro Filho, com quem garantiu vaga nos Jogos Tóquio 2020 em 2021. Dentro de um ciclo Olímpico, é um pouco "em cima da hora" e a corrida para uma vaga nos Jogos já estava aberta. Não havia tempo a perder e deu certo. Além da vaga Olímpica, atualmente ocupam a terceira posição do ranking mundial da FIVB (Federação Internacional de Vôlei).
Já o paraibano Álvaro Filho fará a sua estreia em Jogos Olímpicos. Ele começou nas praias com apenas 15 anos, em 2006. Em 2015, nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, foi medalha de prata ao lado de Vítor Felipe. Ano a ano foi crescendo nos torneios nacionais e internacionais, tendo sido escolhido o melhor jogador do circuito brasileiro na temporada 2016/2017 e, na de 2018/2019, campeão nacional ao lado do experiente Ricardo. O convite para fazer dupla com Alison veio em seguida e em boa hora, com tempo para garantir a vaga nos Jogos. Muita coisa aconteceu durante esta parceria com Alison. Passaram por um período de interrupções de treinos e competições por conta da pandemia, mas também a paternidade: seu primeiro filho, Dom, nasceu em outubro de 2020 e é uma motivação a mais para o paraibano.
Ambos dizem estar com "frio na barriga" para os Jogos Olímpicos e o estreante Álvaro Filho não esconde isso:
"Estou muito feliz em poder representar o meu país. Claro que tem aquele friozinho na barriga, aquela vontade de querer chegar logo no Japão, de poder respirar os ares Olímpicos, um sonho de uma vida que está perto de virar realidade".
-Álvaro Filho, sobre os Jogos, para o portal Terra
Bruno e Evandro
Assim como Alison, Bruno vai em busca do bicampeonato Olímpico. Sobrinho da referência do basquete, Oscar Schmidt, o brasiliense começou no vôlei de praia aos 17 anos, em 2004. Ao lado de Pedro Solberg, foi campeão da temporada 2012/2013, quando também foi escolhido o melhor jogador do torneio. A partir de 2014 passou a fazer dupla com Alison, tendo sido campeão do mundo em 2015, do circuito brasileiro 2015/2016 e Olímpico. Desde janeiro de 2019 é parceiro de Evandro e juntos obtiveram a vaga para os Jogos de Tóquio 2021 em 2021. Em fevereiro deste ano Bruno pegou Covid-19, demorou para se recuperar - passou cinco dias na UTI com 70% dos pulmões comprometidos - e a dupla abriu mão de alguns torneios.
"Fui eleito duas vezes o melhor jogador do mundo. Ganhei dezenas de títulos, internacionais e do circuito brasileiro. Mas, pro coronavírus, eu era apenas mais um brasileiro. Entre os mais de dezessete milhões que já foram infectados. E a COVID não teve piedade nenhuma de mim".
-Bruno Schmidt, sobre a Covid-19, para o globoesporte.com
Havia bastante expectativa para o seu retorno após a ausência por conta da doença. O retorno tem sido aos poucos e as pequenas conquistas têm acontecido com o passar do tempo: em junho a dupla conquistou o título da etapa do circuito nacional na Urca, no Rio de Janeiro, e na última competição antes dos Jogos Tóquio 2020 em 2021, um bom quinto lugar na etapa de Gstaad (SWI) do circuito mundial. Ele e Evandro caíram nas quartas-de-final para os cataris Cherif e Ahmed, melhor dupla desta temporada.
Dono de um forte saque - que deu a ele vários reconhecimentos nacionais e internacionais -, o carioca Evandro acabou de completar 31 anos de idade no passado dia 17. Formado nas quadras, passou às areias em 2009. Ao lado de Pedro Solberg, disputou os Jogos Rio 2016, quando caíram nas oitavas-de-final. Na temporada seguinte, ao lado do capixaba André Stein, foi campeão do mundo em 2017 e do circuito mundial 2017/2018.
Depois da conquista da vaga Olímpica, teve que superar o afastamento de Bruno dos treinos e competições. Os bons e graduais recentes resultados dão ânimo a Evandro, que vai em busca da primeira medalha Olímpica:
"Graças a Deus foi um susto só, ele (Bruno) está bem agora e fizemos um grande torneio na Suíça. Estamos conversando sobre tudo que aconteceu, nos acertamos e isso foi primordial para nossa dupla. Desde então a gente vem crescendo e está coma autoestima lá em cima. Agora é tirar o melhor de cada um para chegar bem na quadra".
-Evandro, sobre os últimos meses, para o Olimpíada Todo Dia
Duplas masculinas do Brasil nos Jogos Tóquio 2020 em 2021
O vôlei de praia dos Jogos Tóquio 2020 em 2021 reúne 24 duplas em seis grupos de quatro equipes. Os dois primeiros de cada grupo, mais os dois melhores terceiros avançam para as oitavas-de-final. As outras quatro duplas em terceiro durante a primeira fase jogam uma repescagem.
A fase eliminatória do vôlei de praia acontecerá entre 1º de agosto até o encerramento da competição. O jogo pela medalha de ouro entre os homens será dia 7 de agosto. Abaixo os confrontos das duplas brasileiras, com os adversários e os horários (hora de Brasília):
- Alison/Álvaro Filho vs Azaad/Capogrosso (ARG), dia 23 (sexta) às 22:00;
- Alison/Álvaro Filho vs Lucena/Dallhauser (USA), dia 27 (terça) a 0:00;
- Alison /Álvaro Filho vs Brouwer/Meeuwsen (NED), dia 29 (quinta) às 10:00;
- Bruno/Evandro vs Marco Grimalt/Esteban Grimalt (CHI), 24 (sábado) às 23:00;
- Bruno/Evandro vs Abicha/Elgraoui (MAR), dia 27 (terça) às 3:00;
- Bruno/Evandro vs Bryl/Fjalek (POL) dia 30 (sexta) às 9:00.
O vôlei de praia nos Jogos Tóquio 2020 em 2021
A competição masculina do vôlei de praia nos Jogos Tóquio 2020 em 2021 acontecerá entre 24 de julho e 7 de agosto, no Parque Shiokaze, ao sul da capital japonesa.