Beisebol no Brasil: das comunidades japonesas a campeões da World Series

Como o beisebol e o softbol chegaram ao Brasil? Há brasileiros na Major League Baseball? Quem são os campeões Olímpicos? Saiba tudo sobre o regresso de beisebol e softbol em Tóquio 2020.

5 minPor Gonçalo Moreira
Yan Gomes campeão da World Series 2019 pelos Washington Nationals
(Photo by Elsa/Getty Images)

Há muitos aspetos que unem Brasil e Japão. No esporte, basta olhar para a delegação brasileira presente nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 para perceber a influência nipônica nos times de judô, tênis de mesa ou ginástica artística, que se reflete também nas medalhas conquistadas.

Helsinque 1952 marca a primeira vez que um brasileiro com ascendência japonesa colocou uma medalha Olímpica no peito, feito conquistado pelo paulista Tetsuo Okamoto, bronze nos 1500 metros livre. Curiosamente essa foi também a estreia da natação em pódios Olímpicos e quis o destino que fosse na mesma distância na qual participaram os atletas que nadaram no primeiro campeonato de natação realizado no Brasil, que aconteceu em 1898, no Rio de Janeiro, com a travessia entre a Fortaleza de Villegaignon e a praia de Santa Luzia.

A lenda de Chiaki Ishii, herói do judô conquistando a primeira medalha do esporte em Jogos Olímpicos, em Munique 1972, é bem conhecida e em Tóquio 2020 Arthur Nory, bronze na ginástica artística na Rio 2016, se prepara para competir novamente “em casa”.

Beisebol e softbol em Tóquio 2020

A estreia de ambos esportes em Tóquio 2020 está carregada de simbolismo, já que no softbol teremos um Japão vs Austrália pelo torneio feminino, no dia 20 às 21:00 (horário de Brasília), enquanto no beisebol a abertura será com o Japão vs República Dominicana pelo torneio masculino, no dia 23 às 22:00 (horário de Brasília) – as duas partidas jogam-se no estádio Azuma, em Fukushima, que junto com as prefeituras de Iwate e Miyagi foram as zonas mais afetada pelo terremoto e tsunami de 11 de março de 2011. Conheça todos os horários do beisebol/softbol Olímpico clicando aqui.

O Japão venceu a medalha de ouro no softbol em Beijing 2008, enquanto no beisebol a República da Coreia parte como campeã em título.

Quer saber mais sobre a história Olímpica destes dois esportes? Clique em beisebol e softbol e prepare-se para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

Beisebol no Brasil floresceu nas comunidades nipônicas

No beisebol e no softbol (versão feminina do beisebol) também foi decisiva a participação de nações estrangeiras na promoção de um esporte que de outra forma poderia não ter se desenvolvido no Brasil. O primeiro passo foi dado por americanos expatriados, trabalhadores que ao longo do no século XIX foram chegando via empresas privadas ou através do Consulado dos Estados Unidos.

O impulso foi importante, mas não houve continuidade até os primeiros japoneses chegarem no Brasil ainda antes da I Guerra Mundial, o que aconteceu fruto do acordo de imigração assinado entre os dois países com o objetivo de desenvolver o setor agrícola brasileiro. O beisebol no Brasil floresceu nas comunidades nipônicas em São Paulo e a norte do Paraná.

Segundo a Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBBS), no Brasil se estima que 30 mil atletas pratiquem os dois esportes, distribuídos por 120 times em território nacional.

A pandemia não tem facilitado a promoção do beisebol e do softbol. Por exemplo, os Campeonatos Brasileiros de 2021 foram cancelados seguindo orientações do Departamento Médico da CBBS. Mesmo o Sul-americano de Beisebol já foi adiado em 2020 e em 2021, estando agora agendado para 2022 no Peru. Repetindo-se o cenário de adiamento com os Jogos Pan-americanos da Juventude 2021.

Atualmente, a base de trabalho da CBBS se situa em Ibiúna (São Paulo), onde está localizado o Centro de Treinamento Yakult/CBBS. A estrutura inclui três campos de medidas oficiais e é o “quartel-general” do beisebol brasileiro, casa das seleções e palco de várias competições.

Brasileiros na Major League Baseball

Para qualquer jogador de beisebol o expoente máximo é a Major League Baseball (MLB), o campeonato norte-americano que todo o ano se decide com a realização da World Series.

É curioso observar que ao longo dos tempos vários foram os brasileiros com presença na MLB e que todos são paulistas, graças ao trabalho da comunidade japonesa. André Rienzo, arremessador de Atibaia, contou em 2015 ao ge.com seus primeiros passos no beisebol.

“Comecei com uns quatro, cinco anos em Atibaia e a minha irmã jogava softbol e lá o esporte era oferecido pela colônia japonesa e tudo era muito disciplinado. Então comecei a tomar gosto para o esporte e me convidaram para jogar nos Estados Unidos desde 2010. Já passei pelas ligas menores que dão acesso à MLB e uma liga de acesso na República Dominicana que é filiada à MLB, onde comecei em julho de 2013 com o Chicago White Sox”.
(Photo by Hannah Foslien/Getty Images)

O pioneiro na MLB foi Yan Gomes, que joga como catcher dos Washington Nationals, time campeão das World Series em 2019. Na final os homens da capital derrotaram os Houston Astros por 4-3 vencendo o prestigiado título pela primeira vez na história do franchise. Yan Gomes se tornou o segundo brasileiro campeão da MBL após Paulo Orlando, de Vila Maria, que em 2015 também saiu campeão com Kansas City Royal – recentemente tanto Paulo Orlando como André Rienzo representaram o Obregón do México, chegando nas semifinais da Liga Mexicana.

Eric Pardinho, nascido em Bastos, é a nova promessa do beisebol do Brasil. Acaba de retornar após grave lesão no cotovelo [junto com o ombro são zonas sensíveis para os arremessadores] e é mais um brasileiro procurando a sorte na América do Norte, neste caso no Toronto Blue Jays.

Quantos meninos e meninas poderão jogar beisebol e softbol na elite? Chegar aos Jogos Olímpicos? Perguntas de impossível resposta, mas se algo sabemos é que a probabilidade de baterem bolas no Estádio Municipal Mie Nishi, no Bom Retiro, ou no Nikkey Santo Amaro, na Zona Sul, é muito grande e tudo se deve à maneira como geração após geração a comunidade japonesa no Brasil preserva seus valores e partilho o profundo amor pelo esporte mais popular no Japão.

Mais de