Amor pela bicicleta levou Gustavo Bala Loka do terrão ao La Concorde em Paris 2024
Até Tóquio 2020, Gustavo Bala Loka não imaginava que poderia se tornar um atleta Olímpico. Ele gostava mesmo de se aventurar com sua bike na pista de terra de BMX Dirt Jump em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo. Agora, em Paris 2024, ele não só é atleta Olímpico, como pode sonhar mais longe.
Foi na pista de Caracas Trail que o brasileiro conheceu o BMX Freestyle, deu suas primeiras pedaladas e pegou gosto pelas manobras no local que é considerado o berço da modalidade no país. Para ele, contudo, era o “quintal” de sua casa, uma vez que morava literalmente ao lado, no Cohab II, onde a família tinha um apartamento.
"Tive uma grande sorte disso, quando ingressei no BMX já tinha pista lá. Meus pais tinham recém-comprado um apê no Cohab, e eram as melhores pistas de dirt, do lado de casa”, comentou ao podcast do Olympics.com.
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O que ele conquistou a partir daí, contudo, não foi fruto da sorte, mas sim do seu talento. De 2022 para cá ele conquistou: um bronze nos Jogos Sul-Americanos de 2022, um bronze inédito nos Jogos Pan-Americanos 2023, dois resultados Top 10 em etapas da Copa do Mundo e mais um Top 10 no Mundial da modalidade, todas em 2023.
Até obter uma das seis cotas Olímpicas disponíveis na Série de Classificação Olímpica com a oitava posição na etapa de Xangai, República Popular da China, e a quarta colocação em Budapeste, Hungria. Assim, ele poderá exibir as manobras aprendidas no terrão na icônica praça La Concorde, que receberá as provas de BMX Freestyle em Paris 2024.
“Todo planejamento que fiz de mudar de casa, sair da rotina e tudo mais, dedicar 100% ao esporte, treinando todos os dias, foi para essa vaga Olímpica. A pressão que tirei foi gigantesca”, admitiu.
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Sonho Olímpico de Gustavo Bala Loka começou após Tóquio 2020
Diferentemente de outros atletas, que pensam em competir nos Jogos Olímpicos desde cedo, Gustavo Bala Loka passou a ter este objetivo apenas com a estreia do BMX Freestyle em Tóquio 2020. Foi lá que ele viu que as manobras que fazia em Carapicuíba não eram diferentes das apresentadas na competição.
Antes, tudo era visto como diversão. Até mesmo em 2017, quando ganhou uma etapa da Copa do Mundo na República Popular da China aos 15 anos. Ele sabia que o esporte entraria no programa Olímpico, mas “não tinha suporte para isso”, como ele mesmo admitiu.
Porém, tudo mudou após Tóquio 2020. “Eu falei, beleza, essa é a nova meta. O BMX nunca teve isso de ser um atleta; sempre foi diversão. Mas todo mundo começou a ter essas duas partes, uma de curtir e outra de ser atleta. Escolhi essa última e comecei a cuidar da alimentação e se preparar. Se quer estar lá, tem que evoluir”.
O primeiro passo foi justamente compreender os códigos, regras e regulamentos que regem a modalidade, incluindo o sistema de classificação Olímpica. Depois, precisou aperfeiçoar os treinos – o que implicou em sair da casa dos pais e, consequentemente, da pista de terra em Carapicuíba que o forjou com a bicicleta.
"O único lugar para treinar era São Bernardo do Campo. Eu ia para lá todos os dias, tinha acabado de tirar carta e ia até lá. Tive que abdicar do meu local, da minha essência, para mudar a trajetória”, continuou Bala Loka.
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Gustavo Bala Loka começou com ‘frankstein’ e viu a bike se tornar sua extensão
O nome de batismo é Gustavo Batista de Oliveira, mas assim como todos o conhecem como Gustavo Bala Loka, é impossível desassociar sua trajetória de vida da bicicleta. Desde muito cedo ele estava em uma bike seja para andar pelas ruas da cidade ou para experimentar manobras na pista de terra ao lado de sua casa.
“Já falei para muita gente que não sei mais o que é viver sem a bike e quem é o Bala, quem sou eu de verdade sem a bike”, afirmou, para depois completar. “Não teve infância. A minha infância foi andar de bicicleta”, explicou.
O começo foi totalmente improvisado. Sem dinheiro para comprar equipamentos próprios para o BMX Freestyle, o pai de Bala Loka montou uma bicicleta ‘frankstein’ com peças que encontravam em ferros-velhos. Praticamente duas décadas depois, ele já planeja uma bicicleta customizada para o Brasil em Paris 2024.
“Essa conexão que eu tenho com minha bike é um amor muito grande. Quando subo e ando, sou eu, eu me expressando e me divertindo”, concluiu.
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